Foi inaugurada, este sábado, uma mostra que dá a conhecer a exploração aurífera da época romana em Valongo, iniciativa organizada pela autarquia local integrada no Congresso Internacional à Mineração Romana de Ouro que termina hoje e que conta com vários especialistas internacionais.
A mostra está segmentada em dois pisos de área expositiva e dá a conhecer aspectos gerais do império romano, a sua expansão pelo ocidente da Europa, assim com a exploração aurífera em Valongo.
A exposição remete, também, para as técnicas de exploração do ouro que os romanos usavam, existindo inclusive um documento em vídeo, patente nesta mostra, no segundo andar do Museu, que alude a esse facto.
Um dos objectos mais emblemáticos desta mostra e do período de exploração aurífera em Valongo pelos romanos é uma pepita de ouro que se encontra devidamente fechada dentro de um recipiente em vidro, guardada por dois legionários, colocada logo à entrada da exposição e que atesta bem a importância que Valongo e toda as área das Serras do Parque do Porto tiveram para o Império Romano.
“Com esta exposição aproveitamos para fazer a pedagogia e preservar a memória”
“Estamos a mostrar à população do concelho e da região aquilo que é o nosso património e que também faz parte da nossa identidade. Uma das obrigações que os municípios têm passa pela promoção da cultura e com esta exposição aproveitamos para fazer a pedagogia e preservar a memória”, frisou, salientando que esta foi a primeira fez que se fez uma mostra desta natureza sobre a exploração aurífera em Valongo, abrangendo toda a área das Serras do Parque do Porto.
“É um investimento que fazemos em nome da memória, da consciência colectiva deste vasto território, em nome da identidade e da cultura”, acrescentou, sustentando que há mais de um ano que esta mostra está a ser preparada, estando esta orçada em cerca de 65 mil euros.
O autarca realçou que esta exposição vai ser um êxito, mobilizar a comunidade e em especial as escolas.
“Estou certo que os agrupamentos escolares e as escolas vão aderir a esta mostra em grande número porque as pessoas estão ávidas de conhecer o seu património e este é um tema que toca a todos os cidadãos”, afirmou, reiterando que é partilhando o património que é possível conhecer aquilo que é a nossa consciência colectiva.
“É articulando esforços, estabelecendo parcerias e partilhando conhecimentos que salvaguardamos e valorizamos o que de melhor têm os territórios”
Falando do 1.º Congresso Internacional de Mineração Romana / 3.º Congresso de Mineração Romana e Espeleologia, que termina, este domingo, e que conta com especialistas de cinco países (Roménia, França, Espanha, País de Gales e Portugal), o chefe do executivo ressalvou a importância deste evento para o concelho enaltecendo o facto de o congresso ter possibilitado a partilha de diferentes experiências sobre a mineração romana do ouro.
“O balanço é positivo. Estamos a falar de um congresso mais direccionado para um público mais académico, para um público-alvo mais específico, mas o feedback que tive é excelente. Os convidados internacionais tiveram já a oportunidade de me transmitir o seu agrado pela forma como os trabalhos decorreram e é articulando esforços, estabelecendo parcerias e partilhando conhecimentos que salvaguardamos e valorizamos o que de melhor têm os territórios”, adiantou.
Além das palestras, os participantes deste congresso tiveram a oportunidade de fazer visitas guiadas ao terreno, para conhecer um dos maiores valores patrimoniais que o território das Serras do Porto possui: a Mineração Romana, um legado com cerca de 20 séculos em excelente estado de conservação.
“Algumas das peças que se encontram expostas nunca foram vistas”
Esta especialista avançou que algumas das peças que integram esta mostra estão a ser exibidas pela primeira vez.
“Algumas das peças que se encontram expostas nunca foram vistas. Há 19 anos que lutamos para que algumas das peças pudessem, agora, ser tornadas públicas”, avançou, salientando que algumas destas peças foram cedidas por instituições ligadas à mineração.
Paula Machado enalteceu, também, o trabalho de articulação que foi feito com as universidades e faculdades. “Além de contar a história do ouro pretendemos contar o que antecipou a vinda dos romanos. Já havia cá gente a trabalhar o ouro”, atalhou.