Se no falar habitual se podem ter como equivalentes os termos “igual” e “idêntico”, nos meandros da Matematica as coisas não são assim. Por exemplo, se dois números, A e B, têm o mesmo resto quando divididos por um terceiro número, N, tais números são “idênticos” ou “congruentes”. É o que acontece com os números pares quando divididos por 2, dão todos resto zero; por isso, 6 e 10, neste contexto, são idênticos ou congruentes, mas não são iguais!
A linguagem corrente é muito castiça nestes termos, dizendo-se que duas coisas muito parecidas são “iguaizinhas” ou até “muito iguais”. E ficou célebre a tirada de George Orwell em “O Triunfo dos Porcos”, segundo a qual, na quinta dos animais, “Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais do que os outros.”
Estas e outras igualdades trazem-me à memória a história de um homem que, apesar de uma razoável bebedeira, se consegue pôr de pé num autocarro, carregar no botão de paragem, cambalear até à porta e anunciar en voz alta e entaramelada: “Esta é a minha paragem”. Levanta-se outro homem, mais novo mas em estado semelhante e diz: “Esta também é a minha paragem”. Lá saem os dois e um diz “Esta é a minha rua” enquanto o outro responde: “Esta também é a minha rua”. Lá foram cambaleando, um à frente e o outro atrás, dizendo o primeiro e repetindo o mais novo do mesmo modo com “esta é a minha porta da rua”, “este é o meu elevador”, “este é o meu andar”, até que uma senhora abre a porta de um apartamento, suspira e abana a cabeça dizendo “tal pai, tal filho!”