É possível passar à reforma mais cedo mas, em termos gerais, isso implica cortes. Na Caixa Geral de Aposentações (CGA), a pensão antecipada está disponível para quem aos 55 anos de idade conte 30 anos de descontos. Na Segurança Social, é preciso ter 60 anos de idade e 40 de descontos, ao abrigo de uma regra transitória. E não ficaremos por aqui. Procurando encontrar a sustentabilidade das pensões de reforma, os governos vão apertando as regras. Abandonar o mercado de trabalho antes da idade de acesso à reforma implica um corte de 0,5% por cada mês de antecipação e ainda a penalização do fator de sustentabilidade. O governo socialista, fazendo jus à sua ideologia, prometeu acabar com este último corte mas ainda não o fez de forma transversal.
A partir dos 60 anos a qualidade no trabalho já não é para todos. Começa a ser penoso, e doloroso, levantar cedo todos os dias, enfrentar a jornada de trabalho e competir com os mais novos. Mas o fator de sustentabilidade corta 14,5% da remuneração nas pensões antecipadas. Nem todos poderão aguentar esse corte. Há hipotecas para pagar, filhos e netos para ajudar. Há que aguentar até não poder mais. Que nos serve a reforma depois disso? Para os homens as estatísticas dizem que a esperança média de vida está nos 78 anos e nas mulheres pouco mais dos 83 anos. Após os 66 anos restarão em média 12 anos para os homens e 17 para as mulheres. Muito pouco tempo para viver sem trabalho e com que qualidade? Cuidamos dos outros. Quem cuidará de nós? Apesar de todo o desenvolvimento e melhoria social a que temos assistido não há estruturas de apoio que cheguem a todos nem para todos. O reforço dos cuidados continuados, sociais, paliativos ou de apoio na doença estão longe do prometido. Corremos o risco da solidão, da incapacidade e inutilidade após o prémio da reforma.
A revisão das regras das reformas antecipadas continua nos planos “mas não tem ainda nenhuma data para a sua concretização”, segundo palavras do próprio ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Apresse-se senhor ministro …