Nos próximos quatro anos, Humberto Brito quer cumprir quatro grandes objectivos: trazer a linha férrea até Paços de Ferreira; tirar o concelho da comunidade intermunicipal mais pobre do país e integrá-lo na Área Metropolitana do Porto; criar, na área da saúde, equipas especializadas de cuidados paliativos e de cuidados continuados em saúde mental e ainda equipas de reparação domiciliária para ajudar pessoas dependentes; e, na área da educação, criar uma Academia de Ensino Profissional que vá de encontro às necessidades actuais e futuras do tecido económico, e aposte nas competências digitais e no ensino cultural.
O actual presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira apresentou, esta quinta-feira à noite, no Mercado Municipal, no Parque Urbano de Paços de Ferreira, a sua recandidatura à liderança do município pelo Partido Socialista nas eleições autárquicas de Outubro.
Perante uma sala cheia com centenas de apoiantes, todos os discursos foram voltados para as conquistas do PS nos últimos quatro anos, com destaque para a descida do preço da água, da taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis, na atribuição de manuais escolares gratuitos e da diminuição da dívida, apesar da “herança pesada” deixada por 37 anos de gestão social-democrata.
O partido apresentou ainda os 12 candidatos às juntas de freguesia do concelho.
“Prometemos. Cumprimos. Apesar da herança pesada deixada por 37 anos de gestão social-democrata”
“O PS acredita que a mudança iniciada há quatro anos é para continuar”, começou por dizer Paulo Sérgio Barbosa, presidente da comissão política do PS Paços de Ferreira e vice-presidente da câmara, que abriu a sessão de intervenções.
Ricardo Pereira, ex-vereador, membro da comissão política concelhia e líder da Assembleia Municipal será o candidato a presidente da Assembleia Municipal pelo PS, anunciou.
Justificou de seguida a manutenção da confiança em Humberto Brito e a escolha para que seja novamente o candidato do partido. “Nos últimos quatro anos de gestão só nos orgulhou. Sabemos que onde ele passa fica uma marca de mudança e é uma pessoa que vive os nossos problemas e que conhece o concelho”, afirmou.
Tudo isto “apesar da herança pesada deixada por 37 anos de gestão social-democrata”. Em 2013, o PS, recordou o líder do PS de Paços de Ferreira, encontrou “uma dívida municipal superior a 69 milhões de euros; uma dívida da PFR Invest superior a 50 milhões de euros; uma dívida da Gespaços superior a 2,2 milhões de euros, um pedido de reequilíbrio das águas de Paços de Ferreira superior a 100 milhões de euros; uma taxa de desemprego jamais vista, o preço da água mais caro de Portugal, estradas esburacadas e a luz apagada”.
“E quando é preciso escolher um candidato à Câmara escolhem um que fez parte do executivo PSD na era que mais dívida acumulou, responsável pelo pelouro do Ambiente que deixou uma dívida à SUMA de mais de 10 milhões de euros, um candidato que apoiou a PFR Invest…”, criticou, referindo-se ao candidato do PSD, Joaquim Pinto.
“A forma como deixaram ficar as contas deste município não é bem um assunto de política, é mais um assunto de polícia”
João Pedro Matos Fernandes, actual ministro do Ambiente, esteve na sessão enquanto amigo do candidato, mas não deixou de falar das conquistas do Governo e de elogiar os feitos do PS no concelho. “Pode haver ao mesmo tempo boa política e boas contas”, realçou. Matos Fernandes lembrou ainda a altura em que conheceu Humberto Brito. “Nunca vi ninguém em funções públicas com ar tão angustiado por assumir para si um problema que era dos pacenses, os problemas da água e da ETAR de Arreigada. Vi o que ele sofreu ao longo deste tempo. Ele sofre mesmo por vós e quer o melhor para cada um de vós. E quem pensa assim é um grande presidente de câmara”, defendeu.
O socialista, candidato à Câmara do Porto, considerou o que aconteceu em Paços de Ferreira nos últimos quatro anos “impressionante”. “Controlar as contas e honrar um programa eleitoral e fazer coisas a favor da economia, da educação, da área social… numa câmara que o PSD tinha deixado na penúria e na falência é impressionante”, sustentou. “A forma como deixaram ficar as contas deste município não é bem um assunto de política, é mais um assunto de polícia”, criticou ainda Manuel Pizarro. “Não se pode admitir que uma câmara cujo orçamento anual em pouco ultrapassa os 20 milhões de euros tenha sido deixada com uma dívida cerca de 10 vezes superior. É uma falta de vergonha que os dirigentes do PSD não assumam a responsabilidade por aquilo que fizeram em Paços de Ferreira”, acusou.
Na sessão esteve ainda presente Alexandra Leitão, da direcção nacional do Partido Socialista. Considerando o primeiro mandato de Humberto Brito “um grande sucesso”, Alexandra Leitão deixou um recado: “Confiança não significa triunfalismos, temos todos que trabalhar”.
“Paços de Ferreira é o território mais apelativo da região Norte em termos de competitividade fiscal”
O autarca defendeu que hoje a autarquia “recuperou o seu bom nome” e lembrou que a situação da água foi resolvida “contra a vontade do PSD local” e que mantém o propósito de impedir que “os cidadãos do concelho sejam chamados a pagar actos de gestão danosa” e uma dívida de 50 milhões de euros da PFR Invest que são da “responsabilidade de quem geriu a empresa e da banca que emprestou dinheiro quando não devia”.
Apesar da elevada taxa de desemprego encontrada, Humberto Brito disse que foi possível criar um ambiente propício ao desenvolvimento económico e ajudar a reduzir o desemprego em 50%. A redução de impostos e a atribuição de apoios como manuais escolares permitiu baixar o custo de vida para as famílias pacenses. “Paços de Ferreira é o território mais apelativo da região Norte em termos de competitividade fiscal”, sustentou o candidato.
Candidato quer criar Academia de Ensino Profissional
Humberto Brito terminou apontando quatro eixos estratégicos em que pretende apostar depois de reeleito para um segundo mandato.
O primeiro passa por resolver os problemas de mobilidade no concelho. “O transporte pública que liga aos centros urbanos da região são insuficientes e ineficientes para as necessidades da população”, criticou, voltando a defender que num território com 60 mil habitantes e cerca de 5.000 empresas, o desafio de ter rede ferroviária “não é um sonho, é uma possibilidade real”.
“A pouco mais de 10 quilómetros, em Campo, Valongo, existe uma estação rodoviária à qual nos poderemos ligar. É um direito pelo qual me baterei e que queremos concretizar”, referiu o candidato, dizendo que vai reforçar o apelo, já no próximo dia 10 de Julho, ao ministro do Planeamento, que estará de visita ao concelho.
A saúde será outra das áreas prioritárias. “Depois de todos os cidadãos do concelho terem médico de família é hora de apostar na saúde de proximidade”. Por isso, Humberto Brito diz que vai desenvolver esforços para que sejam criadas no concelho uma equipa de suporte de cuidados paliativos e uma equipa de cuidados continuados de saúde mental. “O objectivo é que as pessoas possam ficar nas suas casas, com o carinho das suas famílias, e receber apoio de equipas especializadas em interacção com as IPSS’s”, comentou.
Além disso, pessoas acamadas, dependentes ou com mobilidade reduzida, e até incapacidades geradas por questões de saúde temporárias, poderão aceder a uma equipa de reparação e recuperação do espaço domiciliário.
A educação manter-se-á como um pilar na actuação municipal. Porque o futuro do mercado de trabalho passará pelas competências digitais, o presidente da câmara e recandidato quer “garantir um conjunto de competências digitais essencial a todos os cidadãos; dotar os trabalhadores das empresas de condições para adquirirem competências necessárias às suas funções e gerar mais profissionais no sector das tecnologias da informação”.
“Proponho a criação de uma Academia de Ensino Profissional focada nas necessidades actuais e futuras do nosso tecido económico, onde se incluem as competências digitais e as artes criativas e culturais de que será exemplo o Conservatório de Ensino Musical”, adiantou.
“Queremos formar profissionais na competência da computação e programação, seguindo a estratégia nacional para as competências digitais, o Encode 2030”, terminou Humberto Brito.
12 candidatos a presidentes de junta apresentados
Joaquim Martins é o candidato à junta de Carvalhosa; Ernesto Lopes a Eiriz; Filipe Pinto é recandidato a Ferreira; Sónia Barbosa é a cabeça de lista em Figueiró; Fernanda Pereira é candidato à União de Freguesias de Frazão/Arreigada; José Luís Monteiro à de Freamunde; Lino Silva Gomes a Meixomil; Albino Meireles a Paços de Ferreira; Jorge Frade a Penamaior; Jocelino Moreira em Raimonda e Joaquim Dias a Seroa. Joaquim Santos, até agora presidente da Junta pelo PSD será candidato independente apoiado pelo PS à União de Freguesias de Sanfins/Lamoso/Codessos.