O presidente da Câmara de Paços de Ferreira veio a público negar ter violado o isolamento profiláctico a que estava sujeito depois de ter tido um teste positivo à COVID-19. Humberto Brito diz ter já dois testes negativos que comprovam que não está infectado e alega que só saiu de casa devido a “um urgente, inadiável e relevantíssimo evento pessoal e familiar”: dar assistência ao pai doente.
O autarca emitiu um comunicado depois de várias notícias que davam conta de uma denúncia dos Bombeiros de Paços de Ferreira à GNR por ter sido desrespeitado o confinamento de 14 dias a que era obrigado. Humberto Brito fala numa tentativa de “denegrir a sua imagem pessoal e política”.
“Fui hoje [ontem] confrontado por órgãos de comunicação social da acusação do senhor Comandante dos Bombeiros Voluntários de Paços de Ferreira de que tinha desrespeitado, no passado domingo, o isolamento profiláctico a que estava obrigado. Não posso deixar de lamentar, desde logo, a circunstância do senhor Comandante dos Bombeiros não me ter questionado pessoalmente sobre o sucedido naquele mesmo dia, o que certamente teria dissipado quaisquer dúvidas que tivesse e, de igual sorte, teria evitado esta lamentável situação pelo mesmo provocada e na qual fui visado pessoal e publicamente”, relata o documento enviado às redacções.
Segundo o autarca, no seguimento de terem sido testados todos os colaboradores do edifício sede da Câmara Municipal, soube que o seu teste era positivo a 8 de Julho. Mesmo assintomático, diz ter-se colocado logo em isolamento profiláctico, continuando a trabalhar em casa e em permanente contacto com as Autoridades de Saúde Locais.
“Continuando totalmente assintomático e não havendo qualquer outra situação de infecção diagnosticada no meu círculo de trabalho mais próximo (situação deveras curiosa e um tanto ou quanto inexplicável por ora), seguindo indicação médica fui submetido a mais dois testes COVID-19, tendo ambos apresentado resultado negativo”, situação que foi comunicada à Autoridade de Saúde Local, informa o presidente da autarquia.
No domingo, o edil diz ter recebido um apelo da mãe, que em pranto pedia ajuda para ajudar o pai, que estava prostrado no chão. “Perante a urgência da situação, sem ter a quem recorrer na ocasião, vi-me forçado a sair do domicílio para prestar auxílio a meu pai, como não poderia deixar de fazer e, afirmo e reafirmo, como qualquer filho tinha a obrigação de fazer perante a urgência da situação, deslocando-me à sua habitação, que dista 20 metros da minha”, explica no comunicado.
Humberto Brito diz ter mantido sempre o distanciamento social e a máscara e ter informado os meios de urgência da sua situação e dos testes negativos. Fez o mesmo quando se deslocou ao Hospital Padre Américo em Penafiel, onde aguardou no exterior “em espaço aberto” e mantendo as medidas de precaução. O pai tinha sofrido um enfarte do miocárdio e acabou por ficar internado nos cuidados intensivos.
“Em momento algum coloquei quem quer que fosse em perigo, sendo que em todos os momentos informei os meus interlocutores da minha situação de saúde e dos testes realizados e resultados revelados, ou seja, a sua negatividade”, atesta o presidente da Câmara, lamentando que os bombeiros não tenham tentado perceber a situação antes de avançar com uma queixa.
“Não posso deixar de repudiar e lamentar, de forma veemente, a atitude do senhor presidente e do senhor comandante dos Bombeiros de Paços de Ferreira que, não cuidando de aquilatar das circunstâncias concretas e parece quererem entrar em quezílias políticas e partidárias que nada o abonam, dado os cargos que desempenham”, aponta.