“A investigação determinou como causa mais provável para o acidente a colisão da aeronave com a torre de radiodifusão, devido a voo efectuado abaixo das altitudes mínimas previstas na regulamentação”, diz o relatório final do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), publicado na semana passada.
Em causa, o helicóptero do INEM que colidiu com uma torre de radiodifusão, na Serra de Santa Justa, em Valongo, em 2018. O acidente vitimou os quatro ocupantes: o piloto, de 56 anos, o co-piloto, de 31 anos, um médico, de nacionalidade espanhola de 47 anos, e a uma enfermeira de 34 anos, natural de Paredes.
O relatório do GPIAAF relembra os contornos do que aconteceu a 15 de Dezembro de 2018. Depois de ter efectuado um transporte urgente inter-hospitalar ao serviço do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o helicóptero descolou às 18h35 do heliporto de Massarelos, com destino à sua base operacional em Macedo de Cavaleiros. Pelo meio tinha prevista uma paragem técnica para reabastecimento no heliporto de Paredes-Baltar.
Já em rota e com condições meteorológicas adversas, às 18h40 a aeronave colidiu com uma torre de radiodifusão, localizada na Serra de Santa Justa, em Valongo. “Após o contacto das pás do rotor principal com a torre e espias de travamento da mesma, a aeronave iniciou uma desintegração continuada até a parte principal dos destroços se imobilizar na vertente Este da serra, a 384 metros do ponto de impacto. Nenhum dos ocupantes sobreviveu ao violento impacto no solo”, descreve o relatório.
Nas conclusões do documento pode ler-se que “a investigação determinou como causa mais provável para o acidente a colisão da aeronave com a torre de radiodifusão, devido a voo efectuado abaixo das altitudes mínimas previstas na regulamentação”. Para isso contribuíram alguns factores, acrescentam os investigadores. Desde logo a “operação em heliportos sem rádio-ajudas, forçando a manutenção de condições visuais com o terreno por parte da tripulação, com condições de visibilidade marginal potenciadas pela orografia, condições de luminosidade artificial no terreno e as condições atmosféricas locais”. Por outro lado, “a envolvente organizacional da operação do Helicóptero de Serviço de Emergência Médica (HEMS) sem a devida análise de risco do operador, associada a falta de soluções de abastecimento de combustível no heliporto de origem (Massarelos), a qual ditou a necessidade de reabastecimento intermédio no trajecto para o destino final”. “Por último, e apesar de não ter sido possível determinar se a sinalização nocturna no topo da torre acidentada estava ou não operativa, foi também considerado factor contributivo a falta de sinalização nocturna da torre acidentada num nível intermédio, bem como das torres adjacentes instaladas na Serra de Santa Justa, associada a lacunas na legislação respeitante às condições e responsabilidades pela fiscalização do balizamento dos obstáculos à navegação aérea”, refere o relatório do GPIAAF, que deixa sete recomendações de segurança a diferentes entidades.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários é o organismo do Estado Português que tem por missão, entre outras, investigar os acidentes, incidentes e outras ocorrências relacionadas com a segurança da aviação civil e dos transportes ferroviários, visando a identificação das respectivas causas.