Nesta altura do ano, os cerca de 40 alunos da Escola de Infantes dos Bombeiros Voluntários de Paredes são convidados a passar um dia no quartel e realizar as mesmas actividades que os bombeiros. Alguns vêm porque são filhos ou irmãos de bombeiros, outros pela curiosidade pela profissão e acabam por ficar.
Durante esta semana, o quartel já recebeu dois grupos. As crianças e jovens fazem limpeza, visitam a área ardida e aprendem técnicas básicas de socorrismo e combate a incêndios. Em comum têm, quase todos, o mesmo desejo: ser bombeiros.
“Esta actividade não é de carácter obrigatório, mas eles voluntariam-se”
Foi em 2009 que nasceu a Escola de Infantes dos Bombeiros Voluntários de Paredes, destinada a crianças e jovens entre os 6 e os 15 anos. Começou com um grupo de 70 aprendizes de bombeiros. O objectivo é claro: incutir o gosto por ser bombeiro. Uma tarefa que tem resultado, já que muitos dos alunos acabam por seguir a formação, passando depois para o quadro activo, explica Ana Soares, uma das monitoras da escola. “Os nossos primeiros alunos já são bombeiros”, refere.
Actualmente, a escola conta com 40 crianças e jovens que são chamados a um dia de instrução por mês, sempre ao domingo à tarde. “Tentamos explicar o que fazemos em todas as áreas que actuamos e dar formação cívica”, diz a bombeira. Mas os domingos acabam por não chegar, por isso aproveitam esta altura do ano para trazer os mais novos ao quartel, dando-lhes a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia dos soldados da paz.
“Estão cá desde as 9h00 às 19h00 e passam o dia com um monitor da escola. São integrados em todas as actividades, desde a manutenção do quartel à limpeza de viaturas, instrução em socorrismo e foram ver a área ardida. Fardados, como verdadeiros bombeiros”, resume Ana Soares. “Esta actividade não é de carácter obrigatório, mas eles voluntariam-se”, garante.
Durante o ano abordam temáticas como os primeiros socorros, de forma básica, até ao suporte básico de vida e ainda pequenas técnicas para apagar incêndios.
“Alguns vêm porque têm bombeiros na família e exemplos a seguir, outros pela curiosidade, gostam e acabam por ficar”, adianta a monitora.
Os pais agradecem a disciplina e o respeito pelas hierarquias incutidos. E há muitos jovens que acabam por mudar comportamentos, afirma Ana Soares: “Há quem não participe nas actividades em casa e aqui limpam, varrem e lavam a loiça”. Por outro lado, são incentivados a ter boas notas. Quem quer ser bombeiro tem que ter pelo menos o 12.º ano concluído.
O sonho de ser bombeiro
Esta quinta-feira, estavam de visita ao quartel Bruno Brochado (8 anos), Rui Filipe (9), Tiago Leal (11), Pedro Ferreira (12), Catarina Sousa (14), Diogo Moreira (14), Gonçalo Brito (15) e Beatriz Moreira (16). São o segundo grupo a viver o dia-a-dia de um bombeiro esta semana. Na segunda-feira virá o último.
Vieram por diferentes motivos. Alguns frequentam a escola há mais de seis anos. Mas têm uma vontade em comum: ser bombeiros.
“Quero e vou ser bombeiro quando crescer”, garante Pedro, filho de uma socorrista da Cruz Vermelha, que mora perto do quartel e já tem vontade de ir apagar incêndios quando ouve a sirene. Certeza idêntica tem Beatriz Moreira: “o meu sonho é ser bombeira”. Já com 16 anos só está à espera que arranque a nova escola de cadetes para fazer a formação. Do alto dos seus 9 anos, Rui Filipe tem a mesma vontade de crescer e tornar-se soldado da paz.
Com 14 anos, Diogo tem ideias mais bem definidas. Quer ser bombeiro, sim, mas voluntário e abraçar uma carreira na Fisioterapia. “Desde pequeno que queria entrar nos bombeiros”, conta. Gonçalo Brito veio pela curiosidade, gostou e ficou na escola. Em casa, só cuida do irmão. “Aqui faço tudo”, confessa.
Tiago tem 11 anos e está há cinco na escola de infantes. Foi atraído pela fanfarra que viu actuar. Foi aí que nasceu aquilo que descreve como “uma paixão pelos bombeiros”. Se vai ser bombeiro, não sabe, mas de uma coisa tem a certeza: “Mesmo que não venha a ser bombeiro no futuro isto ensina-nos o que fazer para ajudar”.
Catarina e Bruno são casos diferentes. A farda é-lhes familiar desde sempre. Os pais de Bruno são ambos bombeiros, a mãe na corporação de Paredes e o pai na de Cete. Desde pequeno que os viu ajudar os outros e também quis ser bombeiro, diz o jovem. Já Catarina tem pai bombeiro e agora também irmã. Ingressaram juntas na escola há já alguns anos e está ansiosa por chegar aos 16 anos e poder avançar na formação. “Todos os anos aprendo e relembro coisas novas. Cresci nisto”, resume.