Os grupos Royalty Crew, de Paços de Ferreira, e All Way Up Team, de Valongo, iniciam já este sábado, na cidade de Almada, a fase regional do Campeonato de Portugal de Hip hop Dance, sendo os únicos grupos da região que vão competir nesta prova que é tida como o maior evento nacional de dança hip hop.
A competição irá apurar os representantes portugueses para o Campeonato Mundial de Hip Hop, a decorrer em Phoenix, Arizona, EUA em Agosto de 2020.
No dia 29 de Fevereiro realiza-se na Póvoa do Varzim a segunda fase regional. Dos 28 grupos em competição nos regionais, só 14 passam às finais.
Segundo a organização, o evento conta com cerca de 100 grupos e mais de 800 bailarinos/atletas, divididos pelos dois eventos regionais, irão dançar para conquistar um lugar nas finais nacionais que irão ocorrer Maia entre 17 e 19 de Abril de 2020.
As competições, irão apurar para as finais os melhores grupos nos escalões/divisões: júnior (< 13 anos), varsity (13 a 17 anos) e adulto (18 ou mais). O programa para além da competição inclui, exibições e live acts.
Ainda de acordo com a organização, nesta primeira fase, está prevista uma assistência superior a um milhar de pessoas em cada um dos eventos, e estarão presentes os melhores grupos e bailarinos nacionais.
Ao Verdadeiro Olhar, Anabela Flórido, responsável da Academia de dança Royalty Crew, referiu que o grupo está empenhado e quer fazer a melhor prestação possível.
“Somos um grupo que todos os anos participa em várias competições nacionais, algumas com uma dimensão maior que outras. Os nossos objectivos como grupo são melhorar a nossa prestação de competição para competição, ficarmos orgulhosos da mesma e claro lutar sempre por uma boa classificação”, disse, salientando que numa competição a maior dificuldade é a qualidade dos grupos que competem e que têm igualmente grandes executantes.
“Mas não vemos isso como ponto negativo, pois é essa competitividade que acrescenta entusiasmo ao momento. Treinamos sempre para sermos melhores que ontem, se isso significar sermos melhores que os outros grupos…óptimo!!”, avançou, sustentando que os Royalty Crew vão apresentar um trabalho coreográfico dinâmico e forte, onde estarão presentes três estilos de danças urbanas, o hip hop, locking e danchall.
“o facto de termos de pagar todas as competições (nada baratas pois rondam sempre os 120 euros por competição) bem como a roupa e a deslocação das mesmas, é um grande investimento por parte dos nossos pais”
Falando dos grupos que estão em melhores condições para atingir a fase final, Anabela Flórido, recordou que qualquer um dos grupos poderá chegar a fase final dependendo da sua prestação.
“Tudo depende daqueles minutos em que pisam o palco!”, acrescentou, sublinhando que os Royalty Crew têm oito elementos no grupo de competição.
“ Os Royalty Crew são o Grupo de Competição da Academia de Dança Royalty Team da ARC Sobrão formado em 2014/2015 e são da responsabilidade de Ana Paula e Ana Sofia Rodrigues”, esclareceu, sustentando que o grupo tem participado em vários eventos em Paços de Ferreira e em outros locais da zona norte do país.
“As maiores dificuldades são conciliar os estudos e a vida pessoal com os treinos e competições, o facto de termos de pagar todas as competições (nada baratas pois rondam sempre os 120 euros por competição) bem como a roupa e a deslocação das mesmas, é um grande investimento por parte dos nossos pais e nem sempre dá para irmos a todas (principalmente no centro e sul do país) por esse motivo”, afirmou, relevando o trabalho das professoras Ana Paula e Ana Sofia Rodrigues em prol do grupo.
“Para nós todas as competições são importantes uma vez que são um momento de aprendizagem para o grupo”
Já Márcia Almeida, do grupo All Way Up Team, equipa de competição de Valongo, escola que tem como foco a formação dos alunos em danças urbanas, no Hip Hop, House, Popping, Dancehall, whaacking assumiu que todas as competições são importantes para o grupo.
A responsável pela escola confirmou que este ano o grupo irá levar pela primeira vez duas equipas ao maior evento Nacional de Hip Hop em Portugal (Hip Hop International Portugal), uma equipa Júnior Lil’ AWU Team e uma equipa Varsity V AWU Team.
“Para nós todas as competições são importantes uma vez que são um momento de aprendizagem para o grupo. As Lil’ AWU Team (a nossa equipa de competição do escalão júnior) começou a competir na época passada, tendo entrado apenas em três competições. Este ano o nosso objectivo é participar num maior número de provas para que a equipa cresça enquanto grupo e para ganharem gosto pela competição e pelas danças urbanas”, frisou, sustentando que o Hip Hop International é a maior competição de hip hop a nível mundial e daí ser considerada uma prova de grande importância em Portugal.
“Assim, um dos meus objectivos traçados para este ano foi levar ambas as minhas equipas, uma do escalão Júnior (Lil’ AWU Team) e a outra do escalão Varsity (V AWU Team), a este evento no sentido de competirem e aprenderem com grupos mais experientes”, afirmou, acrescentando que os principais objectivos dos grupos para esta época são ganhar experiência em competição, aumentar o gosto pela cultura urbana, melhorar a metodologia de treino. “Pretendemos proporcionar aos alunos uma prática desafiante no sentido de terem uma aprendizagem significativa e procurarem mais informação sobre as bases da dança hip hop, por fim, não esquecer a diversão”, atalhou, salientando que no que diz respeito ao Hip Hop International, os objectivos traçados para os grupos são diferentes.
“Para a equipa Júnior (Lil’ AWU Team) traçamos o objectivo de conseguir o apuramento para as finais nacionais do Hip Hop Internacional Portugal. Claro que temos de ter em conta que a equipa é muito recente e inexperiente no que diz respeito a competição, para além disso três dos elementos da equipa dançam há menos de meio ano logo conseguir o apuramento vai ser uma tarefa complicada”, concretizou.
Já para o grupo Varsity, Márcia Almeida destacou que a ambição passa por retirar uma aprendizagem com este evento e de unir a equipa. “Este grupo foi criado este ano e só ficou completo a apenas um mês da competição. O grupo é muito recente, ainda estão a conhecer-se e muitos elementos vão ter a sua primeira experiência em competição nos regionais do Hip Hop International. Temos que ter também em conta que o escalão Varsity é, talvez, o escalão mais forte a nível de competição e com o maior número de grupos a tentar o apuramento”, asseverou.
Sobre a qualidade dos grupos, Márcia Almeida não escondeu que as dificuldades vão ser evidentes. “Temos a noção que vão estar grupos bons nos regionais preparados para tentarem o apuramento. A maioria dessas equipas têm mais experiência quer em anos de dança, quer em competição. Sabendo que há muitos grupos de qualidade inscritos e que muitos deles vão ficar pelo caminho não podemos esperar que o apuramento seja fácil, muito pelo contrário”, garantiu, referindo que em Novembro, o grupo fez audições para os grupos de competição e começou a trabalhar para competições.
“Tivemos alguns contratempos, especialmente no grupo dos Varsity que nos atrasou um bocadinho mas vamos estar prontos para a competição”, disse.
Quanto às coreografias, Márcia Almeida especificou que as regras ditam que os grupos juniores apresentem uma coreografia entre 1 minuto e 25 segundos a 1 minuto e 35 segundos.
“Assim, as Lil’ AWU Team vão apresentar um mix de um minuto e 34 segundos com músicas que se baseiam na cantora Jennifer Lopez. O mix contém os estilos hip hop, popping, house e whaacking. Os V AWU Team, vão apresentar um mix com dois minutos e quatro segundos de duração, com os estilos, hip hop, dancehall e house”, atalhou.
Questionada sobre quais os grupos que poderão chegar à fase nacional, a responsável dos All Way Up Team concretizou que há muitos grupos com potencial para chegar à final.
“Apesar de já esperarmos uma boa exibição de certos grupos que já nos habituamos a ver nos pódios, de um ano para o outro pode sempre haver surpresas porque há muitas variáveis em “jogo”. De ano para ano os grupos podem mudar o corpo de dançarinos, a construção do mix também é um grande preditor de sucesso e por vezes há grupos que surpreendem neste ponto, o desempenho dos dançarinos no próprio momento de competição. Há muitas coisas a ter em conta por isso acho um pouco ingrato estar a avançar nomes”, declarou, esclarecendo que as Lil’ AWU Team são compostas por oito elementos e os V AWU Team por cinco elementos.
“Com o crescimento da escola e aumento do número de alunos decidi criar turmas de competição.Enquanto atleta e dançarina a competição sempre foi algo que me motivou e fez parte do meu percurso”
Os alunos são seleccionados através de audições. Alguns elementos pertencem à escola All Way Up Team, outros vêm de outros grupos. A fundadora da escola de danças urbanas urbanas All Way Up Team, que tem a sua sede na All Academy, em Valongo, referiu que o projecto nasceu há cerca de dois anos, tendo começado com aulas regulares para baby’s, kids, teen e adultos.
“Com o crescimento da escola e aumento do número de alunos decidi criar turmas de competição.Enquanto atleta e dançarina a competição sempre foi algo que me motivou e fez parte do meu percurso. Até à passada época fiz parte de grupos de competição (JD Crew, WC2P, RP Shout e RP Nation). Sinto que a competição me fez crescer enquanto dançarina e que a mesma tem elevado o nível das danças urbanas em Portugal”, explicou, referindo que após dois anos do nascimento da escola All Way Up Team, percebeu que seria o momento ideal para começar a apostar na competição, permitindo que os seus alunos possam vir a ter as mesmas oportunidades (ou mais).
“Acaba também por ser um projecto inovador na zona de Valongo, uma vez que não há muitas equipas de competição na zona. A iniciativa visa não só o crescimento dos alunos, mas também o próprio crescimento da escola”, confessou.
Referindo-se aos projectos e às dificuldades que os All Way Up Team têm conseguido ultrapassar, Márcia Almeida esclareceu que as dificuldades financeiras e a inexistência de condições em Portugal necessárias para treinar ao nível de outros países são os maiores obstáculos que o grupo enfrenta. “Como dançarina realço a falta de apoios que é dada à dança. Por duas vezes fui representar Portugal nas finais mundiais do Hip Hop Internacional aos Estados Unidos (a primeira vez pelas JD Crew, em 2017 e a segunda pelos RP Nation, em 2019) e ambos os casos a foi muito complicado conseguir apoios financeiros. Tudo o que conseguimos foi graças a pessoas que nos são próximas e através de muitas iniciativas solidárias que foram organizadas, mas que infelizmente nos tiram muitas horas que podiam ser utilizadas para treinar. Infelizmente o nosso país não nos dá as condições necessárias para treinarmos ao nível de outros países, e portanto torna-se complicado para os portugueses terem excelentes resultados nos mundiais”, manifestou, asseverando que outra dificuldade que os dançarinos enfrentam é ao nível dos trabalhos remunerados.
“Muitas empresas requisitam dançarinos para fazer divulgação de marcas, lojas, produtos, etc mas querem apresentações gratuitas ou mal pagas. O nosso trabalho não tem o devido reconhecimento”, afiançou.