Estreia hoje, na RTP1, uma série documental sobre casos famosos de polícia em Portugal, a “PJ7″. Trata-se, segundo divulgou a estação televisiva, de um “relato único e intenso na primeira pessoa, olhos nos olhos com os inspectores que lideraram as investigações”.
Em foco estarão oito casos a “investigar e resolver com base nos depoimentos únicos de 27 profissionais de investigação criminal da Polícia Judiciária e nos arquivos da RTP e da própria PJ”. Um deles, o segundo episódio, é sobre o Gangue do Vale do Sousa, um grupo extremamente violento que espalhou o pânico em Penafiel, Paredes, Lousada e Paços de Ferreira, entre 2008 e 2010. Os restantes casos analisados são os do Rei Ghob, Anonymous, Operação Levante, Meia Culpa, Remédio Santo, Homicídio do Rio Trancão e Violador de Telheiras.
“Assalto à mão armada e homicídio. Este é um caso que nasce de uma investigação já em curso relativamente aos ‘Ninjas’, um grupo dedicado à segurança marginal e envolvido em extorsões, compra de armas de calibre militar e outras actividades ilícitas”, descreve a RTP sobre o episódio. “Por via das intercepções telefónicas, os fornecedores destas armas de guerra passam a ser objecto de interesse e relacionados com vários assaltos a carrinhas de valores. São identificados como o grupo dos Ferreiras constituído por quatro irmãos e um cunhado”, acrescenta a mesma fonte.
A actuação deste grupo era caracterizada “por exercerem enorme violência nos assaltos”, tendo culminado “de forma fatídica para o inspector João Melo no dia 25 de Janeiro de 2001”.
O episódio baseia-se no testemunho do inspector líder desta investigação que conta “como foi reunir a prova para o apuramento dos factos num caso que culminou na detenção aparatosa dos líderes da organização colocando um fim a uma sequência de assaltos realizados na zona do Vale do Sousa”.
Segundo a NIT, Gil Carvalho, coordenador superior de investigação criminal aposentado, explica como o grupo tinha várias armas de fogo ilegais e era considerado “extremamente perigoso”, sendo que praticava extorsões e era contratado para fazer “cobranças difíceis”. “Roubaram armas a indivíduos envolvidos num acidente da GNR em Lousada. Tentaram entrar pelo posto da GNR de Penafiel. Deram tiros em várias pessoas. Era um grupo extremamente violento e que já nos estava a causar muitos problemas — até na investigação. Ao mesmo tempo estavam a surgir muitos assaltos a transportes de valores e bancos”, descreve.
Depois de serem apanhados em escutas, a PJ apanhou-os no assalto a uma carrinha de valores, mas os criminosos emboscaram-nos e atacaram com metralhadoras, tendo assassinado um inspector. Poucas horas depois quase todos foram detidos. Seguiu-se um julgamento complexo em que “cada criminoso teve de responder por crimes distintos e o homicídio foi julgado à parte do processo de associação criminosa”, lê-se na NIT. A maioria dos elementos do gangue acabou por sair em liberdade porque tinha expirado o prazo máximo de prisão preventiva sem acusação, o que gerou polémica e permitiu a alguns abandonar o país.