Verdadeiro Olhar

“Atual quadro político partidário não é compatível com uma recandidatura” à Câmara de Valongo – Miguel Santos/PSD

Foto: Márcia Pimparel Vara/Verdadeiro Olhar

“Fui candidato à Câmara Municipal de Valongo num ato eleitoral pouco atrativo”. A afirmação é de Miguel Santos, do PSD, que, nas últimas autárquicas encabeçou a lista do partido candidata à liderança do município.

Recorde-se que, José Manuel Ribeiro foi reeleito para um terceiro e último mandato à frente da Câmara de Valongo pelo Partido Socialista, com nova maioria absoluta. A candidatura liderada por Miguel Santos, do PSD/CDS-PP com o apoio do MAIS, a coligação Unidos por Todos, teve 24,16%.

Em entrevista ao Verdadeiro Olhar, Miguel Santos reconhece que as últimas eleições autárquicas “nao eram atraentes para o PSD obter uma vitória”. Agora, “e como se inicia um novo ciclo político (José Manuel Ribeiro não se poderá recandidatar) com a necessidade de haver uma alteração nas candidaturas do PS, há uma oportunidade politica maior”.

Aliás, recorda o vereador, em 2021 “foram poucas as pessoas disponíveis para se candidatarem”. Apesar das circunstâncias, recorda que aceitou liderar a lista e procurou “apresentar um plano estratégico e político de desenvolvimnento do concelho que pudesse combater o PS”.

Neste momento, e já olhando para as eleições de 2025, o também deputado na Assembleia da República (eleito pelo círculo do Porto), vê de uma forma “muito vaga e distante” a possibilidade de ser recandidato, até porque, “este novo ciclo que se avizinha já está a fazer com que haja “maior disponibilidade das pessoas” para se apresentarem a sufrágio.

Presidente da concelhia do PSD “tudo fará para ser candidato pelo PSD”

Miguel Santos reconhece mesmo “essa ambição” ao presidente da atual concelhia, eleito há cerca de oito meses. “É uma pessoa que tem experiencia, foi candidato à Junta de Freguesia de Campo e também vereador”. Por isso, acredita que Hélio Rebelo “tudo fará para ser candidato pelo PSD”.

Olhando ainda pelo úlitmo ato eleitoral, assume que errou quando se aventou a possibilidade de encabeçar uma lista e ter demorado a tomar uma decisão. “Perdi alguns meses de campanha que podiam ser aproveitados”, frisou.

Mas, como “não sonhava, desde pequenino, ser presidente da Câmara”, teve que ponderar a decisão, porque quando assume um desafio “é com dedicação e total e para fazer o melhor”.

Instado sobre a possibilidade de integrar as futuras listas, Miguel Santos refere que “tudo depende dos protagonistas”, sendo certo que, “as atuais circunstâncias politico partidárias, reunidas no concelho de Valongo, nao são compativeis com uma candidatura da minha parte”.

Para já, e sobre o trabalho que tem desenvolvido na Assembelia da República, refere que “existem dossiers importantes que dizem respeito a Valongo” e que, como deputado, tem feito eco naquele orgão. Por exemplo, “a lixeira de Sobrado”, assumindo este tema como “a principal preocupação para este mandato”.

Também a “proteção das serras do Porto”, porque não podemos esquecer que “Valongo é um pulmão da Área Metropolitana do Porto (AMP) e há que acautelar um território que “tem sido muito assediado, para o bem e para o mal, pelas populações dos varios municípios”. E se o vereador vê com bons olhos a entrada de Valongo na Associação Parque das Serras do Porto,avisa que urge “ter capacidade para lutar por regras de proteção” daquela área.

Hoje à noite, a Assembleia Municipal de Valongo ratifica a autorização para fazer empréstimo para a abertura de um novo concurso público para a Casa da Democracia. Recorde-se que, a autarquia pretende concluir a obra que ficou suspensa em março, por alegado incumprimento do empreiteiro. A obra deverá ter um custo de 14,8 milhões de euros e ficar concluída em dois anos.

O pedido de autorização prévia para o empréstimo já foi aprovado na última reunião de executivo, ocorrida esta semana, e Miguel Santos absteve-se. Hoje, este pedido será levado a votação à Assembleia Municipal.

E este é precisamente o dossier que suscita muitas criticas por parte do vereador da oposição. Miguel Santos lamenta que uma obra que “foi adjudicada por 10 milhões, acabe por ficar nos 20 milhões”, acrecentando que “aquela casa nada tem de democrata”.

“Temos ali, para além de “um berbicacho, um mamarracho” e “quem vier a seguir é que vai assinar os cheques e responder perante a população”

“Tudo tem corrido mal, e o que deveria ter sido feito para correr bem, não se fez”. Agora, “temos ali um berbicacho e um mamarracho e quem vier a seguir é que vai assinar os cheques e responder perante a população”.

Por isso, defende a lógica de uma auditoria à empreitada, para se perceber “quanto se gastou/pagou e o que falta pagar”, como forma de “defender o interesse público, não só da Câmara, mas de todos os habitantes de Valongo”.

O eleito social democrata garante que vai levar o mandato até ao fim, porque não faz parte da sua “tabela de princípios fechar a porta e sair”. É óbvio que, se tivesse ganho as eleições, as suas prioridades seriam outras, mas como isso não aconteceu, diz que está a cumprir “as obrigações e responsabilidades do mandato, participando de uma forma ativa e fazendo opoisção construtiva”.

Miguel Santos aproveita para refletir sobre o contexto económico social e económico atual e mostra-se preocupado “com as dificuldades em que vivem as famílias e as empresas”. Por isso, sustenta que o município deveria ter um “papel ativo” que as minimizasse.

Para além de questionar o facto de “estarem a ser lançadas obras com responsabilidades financeiras elevadissimas e sem apoios comunitários”, o vereador sublinha a necessidade de se “investir no alívio da carga fiscal”, assim como em “vias e arruamentos”. E critica: “há mais de 40 anos que não de faz uma via estruturante em Valongo”, defendendo, por exemplo, “uma ligação de Valongo a Alfena e Sobrado que é uma piroridade”. O “trânsito no município é caótico”, o que se traduz num “inimigo do desenvolvimento económico e social”.

Para além deste investimento nas vias de comunicação, seria necessária “uma intervenção ao nivel dos loteamentos industriais, que criariam riqueza e emprego”, mas, em vez disso, “estamos a perder competividade económica”, porque os “nosso empresários estao a deslocar-se para concelhos limítrofes”.

Também a habitação merecia outro empenho por parte do município”, mas, també aqui, era preciso “incentivar e motivar investimento. E se existissem casas a serem colocadas no mercado”, a redução de preços seria imediata. “Há assim, que apostar na habitação social, em casas a custos controlados ou com rendas condicionadas ou reduzidas”, até porque existem em Valongo imóveis que foram “financiados pelo Governo e que estão inacabados”.