Filipa Tojal tem 28 anos, é natural de Freamunde, Paços de Ferreira, e conseguiu um lugar de destaque no palco da pintura dos Estados Unidos da América, mais concretamente em Los Angeles, depois de ter inaugurado, a 18 de Novembro, a exposição “Verdant”. Esta é mais uma prova que o trabalho desta jovem artista tem sido valorizado além-fronteiras, talvez porque uma das particularidades dos quadros de Filipa Tojal é que usa os tradicionais linhos portugueses, assim como pigmentos japoneses. Matéria prima que faz dos seus trabalhos peças únicas, onde sobressaem os “grãos e a textura”.
Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes, da Universidade do Porto, Filipa Tojal tem também um Mestrado em Pintura na Geidai, a Universidade de Artes de Tóquio, no Japão, onde esteve de 2016 a 2020.
Em entrevista ao Verdadeiro Olhar, a jovem de Freamunde descreve o seu trabalho como “abstracto”, onde “não há a representação de algo ou de um lugar em particular”. A artista usa o linho, presente na família e em peças com mais de 100 anos, “tradicionais e feitos à mão”. Ao deparar-se com essas peças, sentiu que tinha necessidade de lhes dar utilização, tanto mais que é um material muito usado na pintura, reconheceu.
Assim, quem olha para os seus trabalhos presentes nesta mostra percebe que têm a particularidade de serem em tons “cru, com linhas ligadas à paisagem”, que fazem os nossos olhos viajar entre Tóquio e a sua terra natal, como a artista descreveu.
Até terminar a sua formação académica, Filipa Tojal estava preocupada, essencialmente, “em aprender e estudar”. Já tinha feito várias exposições e residências artísticas em Portugal ou Berlim. Também partilhou as suas obras numa plataforma on-line baseada em Londres, e foi a partir daí que foi contactada pela Sage Culture, uma galeria de arte e um espaço multidisciplinar, sediada no Distrito das Artes da baixa de Los Angeles. Através daquele espaço foram vendidos alguns quadros da artista de Freamunde, sendo que, depois, a porta do outro lado do Atlântico abriu-se para ali fazer esta exposição.
Filipa Tojal falou ao Verdadeiro Olhar de Sydney, na Austrália, onde vive actualmente. Porquê? Porque não recusa estar parada num local e precisa de “andar sempre de um lado para o outro”. Descreve-se como uma apaixonada pela “natureza” e intitula-se como uma perseguidora de “paisagens”. Para já, vai continuar naquele país até ao próximo ano, pelo menos, onde já tem mostras agendadas. E os dias em Sydney passa-os a explorar a arte, porque é uma insatisfeita e interessa-se por “lugares diferentes, com atmosferas diferentes”, onde absorve o que a rodeia. Depois, nascem as suas obras.
A jovem de Freamunde admira as paisagens, mas faz questão de sublinhar que nas suas exposições, sobretudo nesta, quis “criar uma atmosfera e um espaço silencioso”, porque os seus trabalhos têm que “ser contemplados, com toda a serenidade”, porque só assim podem envolver quem os observa.
Sobre os sonhos ou projectos para o futuro, Filipa Tojal não é muito precisa, porque a sua filosofia de vida passa por “viver o que acontece”. Mas lá vai dizendo que gostava de “aumentar a escala das suas exposições e dos seus trabalhos”, assim como continuar a ter apoios”, sobretudo vindos de Portugal, país onde “se valoriza mais o que vem de fora”.
Certo é que a jovem de Freamunde vai continuar a absorver aquilo que a rodeia e a fazer mais pontes entre outros países ou outros continentes, assegurando sempre o seu amor à pintura e ao que faz . Aliás, “faria a mesma coisa caso não recebesse dinheiro nenhum”.
A exposição “Verdant” pode ser visitada, apenas por marcação, até ao próximo dia 15 de Janeiro.