Hoje, falei ao telefone com uma senhora portuguesa que está emigrada há muitos anos num país nórdico que me perguntou se na minha terra ainda se celebrava a Páscoa e se o Compasso ainda ia de porta em porta. Respondi-lhe que aqui, em Paredes, o dia de Páscoa continua a ser dia de festa, incluindo a ida do Compasso a todas as casas que o acolhem de boa vontade. Contou-me a mesma senhora que, quando era criança, não recebia prendas no Natal, mas que, na Páscoa, a mãe lhe preparava sempre um vestidinho novo para estrear. Por isso, tinha mais saudades da Páscoa do que do Natal.
Não será abusivo concluir que a mãe desta senhora, não tendo possibilidades de oferecer brinquedos no Natal aos filhos, fazia um esforço por lhes dar roupa para estrearem na Páscoa, de modo a que pudessem participar da melhor maneira na festa desse domingo tão especial para os católicos.
Tal como aquela mãe, a importância desta celebração deveria fazer-nos parar um bocadinho para pensar em algo mais do que amêndoas, folares e pão-de-ló. Tal como no Natal, em que a febre dos presentes nos faz esquecer o nascimento de Cristo que está na origem da festa, na Páscoa não nos deveríamos esquecer de que festejamos o sacrifício e a ressurreição de Quem nos tornou filhos adoptivos de Deus.
Uma Páscoa feliz!