O Papa identificou a alegria como sinal da evangelização verdadeira. «Deus ama quem dá com alegria. E ama uma Igreja em saída». Este programa é para todos, cada um no ambiente em que vive. «Se não estiver sem saída, não é Igreja. É preciso que sejamos uma Igreja em saída, missionária, uma Igreja que não perde tempo a chorar as coisas que correm mal, os fiéis que faltam, os valores de um tempo que passou. Uma Igreja que não busca oásis protegidos para estar tranquila; deve ser “sal da terra e fermento do mundo”. Sabe que a sua força é a do próprio Jesus: não a relevância social ou institucional, mas o amor humilde e gratuito».
E qual é o sinal que garante a evangelização verdadeira, aquela que é realizada pelo Espírito Santo? É transbordarmos de alegria. Deus não quer gente de má cara.
O livro do profeta Neemias tem uma página muito curiosa, que se leu na Igreja católica em todas as Missas da passada quinta-feira. O povo todo reuniu-se na praça de Jerusalém e o escriba Esdras trouxe o Livro da Lei de Moisés. Desde a aurora até ao meio-dia, leu-se o livro e os levitas explicavam a Lei ao povo. O Governador e o escriba Esdras exortavam o povo «não vos entristeçais, nem choreis!» e mandaram-nos celebrar um almoço de festa, repartindo com os que não tivessem nada preparado. Esdras e o Governador repetiam a mensagem: «Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza». Os levitas acalmavam o povo dizendo: «Não vos lamenteis nem aflijais, porque este dia é santo». E o povo banqueteou-se, repartindo com quem não tinha, e manifestaram grande alegria porque tinham compreendido as palavras que lhes anunciaram.
O Papa Francisco comentou que aquela reunião emocionou o povo porque o Livro da Lei tinha ficado fechado muito tempo. Para nós, habituados a ouvir a palavra de Deus cada Domingo, este encontro com a palavra de Deus pode parecer quase rotineiro, enquanto, quando Esdras trouxe o Livro, o povo chorava de alegria a ponto de ser preciso acalmá-lo.
O Papa comentou que a alegria é a nossa força. O demónio produz «corações tristes» enquanto a alegria de Deus «nos levanta, faz-nos ver e cantar e chorar de alegria». O Papa recordou um salmo que descreve o momento em que os judeus foram libertos do cativeiro da Babilónia: «pensavam que estavam a sonhar, nem podiam acreditar. Esta é a nossa experiência, isto é um sonho!, não podemos acreditar numa beleza tão deslumbrante!».
Lucas também diz que, depois da Ressurreição de Jesus, os discípulos «não podiam acreditar por causa da alegria» (Lc 24, 41). Foi preciso Jesus ficar a comer peixe assado com eles para se convencerem de que Jesus tinha mesmo ressuscitado.
O Papa terminou a homilia de quinta-feira pedindo a Deus «a graça de nos abrir os corações para o encontro com a sua palavra, sem medo da festa da alegria».