Verdadeiro Olhar

Família conseguiu cumprir “último desejo” de homem de Lousada de morrer em Portugal

Uma família de Lousada realizou um peditório para angariar os 4.200 euros necessários para trazer Jorge Pereira, natural de Lustosa, de volta para Portugal.

O homem de 46 anos, emigrado em França, tem um cancro terminal e o seu último desejo era morrer no seu país.

O transporte em ambulância acontece esta segunda-feira e o homem chega amanhã, apesar de a família ainda não ter o total necessário.

“Desde já o meu muito obrigada de coração, em meu nome e da família pela ajuda que todos deram para concretizar o último desejo do meu pai”, adianta a filha, Vanessa Pereira.

“É já hoje meu pai que arrancas daí para a nossa beira. Não vou esquecer o que me disseste ontem. Doeu ouvir dizer-te ‘já não aguento mais, está a ser muito difícil’. Estamos todos a rezar para que o dia de hoje corra bem. Aguenta firme. Dentro de poucas horas vais ter os todos os que te amam à tua volta a dar-te mimos e muito amor”, disse através da sua página de Facebook.

Na semana passada, Vanessa Pereira tinha criado uma página em que apelava à ajuda de todos para angariar verbas para custear a ambulância que iria transportar o pai dos cuidados paliativos do Hospital de Annecy, em França, até Portugal. “Este trajecto tem um custo entre 3.500 e 4.000 euros, assim como para ajuda de despesas. Algumas contas já estão em atraso e é impossível para a nossa família fazer face a tantas despesas”, dizia a lousadense.

Jorge Pereira estava emigrado na França há quatro anos, onde trabalhava na construção civil. Descobriu um cancro no intestino em Novembro de 2017. “Fez quimioterapia, radioterapia e vários exames e parecia estar a correr tudo bem”, conta Vanessa Pereira.

Mas em Julho do ano passado foi detectado um segundo cancro que se espalhou. Foi internado num hospital em Annecy a 15 de Março. “Neste momento ele já nem consegue andar, consegue apenas dizer algumas palavras por dia e mesmo isso cansa-o muito”, testemunha a filha.

“Os médicos já nos tinham dito que não havia solução, mas nós acreditávamos que podíamos salvá-lo em Portugal. O regresso estava previsto para Abril/Maio deste ano, mas as coisas degradaram-se entretanto”, refere.

“Desde o início que dizia que não queria morrer em França, queria morrer no país dele. Quando veio cá em Dezembro ao baptizado das netas estava a tratar de tudo para voltar. Ele está consciente e continua a fazer esse pedido”, acrescenta Vanessa Pereira.

A solidariedade permitiu agora cumprir o desejo.