Verdadeiro Olhar

Família condenada por sequestrar e agredir a própria empregada

Uma família foi, no início desta semana, condenada a pesadas penas de prisão por ter sequestrado e agredido com requintes de malvadez uma empregada, de 35 anos. A pena mais dura coube a Joaquim Falcato, de 47 anos, que vai ter de cumprir oito anos de prisão. Já a esposa, Elisa Cardoso, e a filha, Manuela Falcato, viram, na tarde de segunda-feira, a juiz condená-las a sete anos de prisão.

Condenado a quatro anos e dez meses de prisão foi ainda Carlos Cardoso, o namorado de Manuela que não compareceu às duas últimas sessões do julgamento que decorreu em Penafiel e está a ser procurado pelas autoridades.

As agressões, que obrigaram a vítima a passar uma larga temporada no hospital, pretendiam forçar a empregada a revelar o local onde tinha escondido a droga que esta teria roubado à família residente em Irivo, Penafiel.

Vítima fugiu do cativeiro e foi encontrada numa rua de Irivo

O caso remonta a 1 de Janeiro. Pelas 6h10 do primeiro dia deste ano, um morador da rua Ponte da Galharda, em Irivo, encontrou uma mulher deitada no passeio, quase sem roupa e com ferimentos graves. “Estava muito maltratada e com sinais de ter sido agredida em todo o corpo”, referiu, à data, o comandante interino dos Bombeiros de Paço de Sousa. O chefe Agostinho Coelho acrescentou que a vítima ainda apresentava sinais de ter estado amarrada, o que foi de encontro à versão que esta apresentou às autoridades. Logo após ter sido encontrada, a mulher afirmou ter sido sequestrada e ter estado dois dias com as mãos amarradas e ao ar livre. Também garantiu não ter comido durante esse período, em que foi, igualmente, violentamente agredida. “A vítima apresentava traumatismos em todo o corpo e sinais de ter lesões internas. Foi transportada para o Hospital Padre Américo”, declarou o chefe Agostinho Coelho.

Mais de um mês depois, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção da família Falcato que, dizia um comunicado, para além de ter sequestrado durante dois dias a própria funcionária, sujeitaram-na “a actos de tortura, tratamentos cruéis, degradantes e desumanos”.

O Ministério Público subscreveu esta tese e apresentou uma acusação na qual pai, mãe e filha, todos com antecedentes criminais relacionados com o tráfico de droga, foram acusados dos crimes de sequestro agravado, dano, roubo e danificação, subtração de documento e coação agravada. Na segunda-feira, o Tribunal de Penafiel, num acórdão lido à porta fechada por questões de segurança, deu como provados os dois primeiros crimes e não poupou a família à cadeia. “Os concretos actos produzidos pelos arguidos produzem na sociedade um sentimento de forte insegurança. Interferindo directamente com a paz jurídica, não só da ofendida, mas de toda a comunidade”, sustentava o acórdão.

Pormenores

Sujeita a banhos de água fria

– A mulher de 35 anos foi sujeita, em pleno Inverno, a banhos de água fria e, depois, deixada molhada ao relento da noite. Também foi queimada com pontas de cigarro e esteve presa junto a um cão da raça rottweiler.

 

Partiram banco da sala de audiências

– Durante as alegações finais, os familiares de Joaquim, Elisa, Manuela e Carlos não gostaram que os juízes alterassem a medida de coação das arguidas e chegaram a partir um banco da sala de audiências. Na segunda-feira, por razões de segurança, a leitura do acórdão foi feita à porta fechada.

 

Vítima nunca admitiu roubo de droga

– A família Falcato suspeitava que a vítima, que morava nuns anexos ao lado da sua casa em Irivo, lhes tinha furtado droga para consumir. Mesmo torturada, a mulher nunca admitiu que o tivesse feito.