Na altura, recolheram-se as máquinas usadas mas em perfeito estado de funcionamento, encontraram-se voluntários para ajudar a erguer a fábrica, enviaram-se carpinteiros e marceneiros de Paredes para dar formação aos trabalhadores da nova fábrica e o sonho concretizou-se.
Esta síntese pode dar a ideia de que tudo foi fácil, mas o projecto Uma Fábrica Por Timor foi complexo, envolveu muitas pessoas, muitas horas de trabalho e a persistência de um autarca que não se deixou vencer pelas muitas adversidades encontradas pelo caminho.
Nas primeiras conversas com Celso Ferreira, o padre Feliciano Garcês pedia apenas uma pequena carpintaria, para fazer face às necessidades mais básicas da população de Baucau. Celso Ferreira acreditou que conseguia mais do que isso e transformou a ideia de uma pequena carpintaria numa fábrica preparada para fabricar mobiliário, carpintaria e qualquer obra de madeira. Daí ter-se chamado Centro Tecnológico de Baucau.
Ramos Horta chegou a afirmar que a fábrica representava “um verdadeiro milagre económico”. Produziu o mobiliário que equipou os tribunais de Díli, fabricou peças de mobiliário para um hotel na capital de Timor e mobilou o gabinete do Presidente da República.
Dez anos depois da inauguração, Paredes deixou lá uma fábrica que está em plena laboração, com profissionais bem preparados, mais de 50 postos de trabalho e da fábrica dependem indirectamente mais de 500 famílias timorenses.
Daqui a dez anos, pode ser que os que apelidaram o projecto de “disparate”, “megalomania” e outros nomes menos simpáticos já tenham tido tempo para admitir que estavam enganados. Até lá, o projecto de Paredes continuará a produzir mobiliário, dar formação profissional, empregar pessoas e a contribuir para a melhoria da qualidade de vida de um povo.