Todos temos alguém que por estes dias zarpou. E partir nunca é fácil. Mas a União Europeia fez-nos mais próximos e abateu muitas dificuldades: não paramos na fronteira, graças a Schengen, não pagamos mais por usar a internet móvel, porque se eliminou o roaming, não temos de trocar moeda, porque temos o euro.
Este ano, contudo, a pandemia levantou novos muros. Privou muitas famílias de se reverem, complicou reencontros aos que conseguiram vir, baralhou o regresso a outros. Entre fronteiras que estão abertas e depois fecham, corredores turísticos temporários, listas dos seguros e dos perigosos ou sistemas de cores cujo critério ninguém entende, viajar foi este ano mais difícil e – objetivamente – mais perigoso. Em larga medida, devido à falta de coordenação dos países europeus, incluindo Portugal.
E se é certo que ainda estamos longe de erradicar o vírus, nada se resolverá se cada país se fechar sobre si mesmo. Pelo contrário, apenas derrubaremos estes novos muros através de um esforço conjunto. Com um sistema europeu uniforme e rigoroso, acessível a todos, que determine com clareza como e onde está realmente o perigo; quais são as zonas mais complicadas e quais os cuidados a ter; que fronteiras precisam de fechar; que fronteiras podem estar abertas. Na passada sexta-feira, 4 de setembro, a Comissão Europeia propôs aos governos europeus um esboço de tal sistema. Espero que o nosso governo esteja na linha da frente para a sua rápida implementação.
Estamos a braços com uma trágica pandemia, mas certamente podemos evitar o pandemónio.