Os dados são preocupantes, conclui o estudo realizado por um investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e publicado no Journal of International Medical Research.
Cerca de 85% dos jovens portugueses já beberam álcool, 58% já fumaram e 17% já consumiram drogas pelo menos uma vez, ou seja, um em cada 10 jovens e adolescentes portugueses consome drogas regularmente.
A amostra foi de 746 jovens entre os 14 e os 24 anos de idade, residentes em Paredes.
“Encontrámos uma elevada prevalência de consumo de substâncias aditivas, em particular de álcool, entre os jovens e adolescentes, existindo claramente uma atitude cultural que influencia esse consumo e que deve ser abordada”, salienta o investigador e médico de família Paulo Santos, que coordenou o estudo.
As conclusões apontam que cerca de 15% dos jovens bebem álcool mais de uma vez por semana e 17% são fumadores regulares. A idade média em que experimentaram álcool e tabaco pela primeira vez são os 14 anos. Mais de 10% admitem consumir substâncias ilícitas semanalmente, sobretudo cannabis, revela o estudo. A iniciação nas drogas acontece por volta dos 16 anos.
“O consumo de drogas aparece, neste estudo, associado ao consumo prévio de álcool e de tabaco, reforçando a ideia de que o consumo de substâncias legais pode levar ao consumo de substâncias ilegais”, sustenta o investigador, segundo os dados divulgados no site do CINTESIS.
“Tudo indica que existe uma progressão no uso de drogas, isto é, uma escada de adição em que o uso de uma droga se associa um maior risco de consumir outras drogas ao longo da vida”, refere Paulo Santos.
Alterar esta realidade, defendem os autores do estudo, começa em casa. “É fundamental que os pais adquiram conhecimentos e competências que permitam alterar hábitos culturais e influenciar positivamente as atitudes da próxima geração. A literacia em saúde é a chave para uma efetiva mudança de hábitos”, dizem. É também necessário mais esforço dos profissionais de saúde para comunicar com os mais jovens, concluem.
Este estudo contou com a participação de Carlos Franclim Silva, também investigador do CINTESIS/Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde (MEDCIDS) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e de Paula Rocha, da Universidade de Aveiro, além do apoio da Câmara Municipal de Paredes.