Já aqui escrevi que um dos processos autárquicos mais turbulentos é o da escolha do candidato do PSD à Câmara Municipal de Paredes.
No final de Setembro, depois de Rui Moutinho ter apresentado a sua candidatura, na presença de quase todos os elementos da Comissão Política Concelhia (CPC) de Paredes do PSD e a quase totalidade dos presidentes de Junta de Freguesia eleitos pelo PSD, só restavam duas opções a Pedro Mendes, o então presidente da Comissão Política. A primeira, diria a mais inteligente, era saber interpretar o sinal que o partido lhe enviava através da maioria dos elementos da sua Comissão Política e de quase todos os presidentes de Junta, desencadear o processo de apoio institucional ao candidato e tentar que durante o seu mandato o PSD voltasse a ganhar umas eleições autárquicas. Se assim fosse, sairia reforçado no seio do partido. A segunda era, caso discordasse da decisão tomada pela maioria dos seus colegas, abandonar a presidência da Comissão Política. Pedro Mendes optou pela segunda, e as eleições serão no próximo dia 3 de Dezembro.
Ao próximo acto eleitoral apresentam-se duas candidaturas. De um lado, estará Rui Moutinho, que se apresenta também como candidato à Câmara Municipal. Com ele traz quase toda a Comissão Política demissionária, todos os presidentes de Junta de Freguesia eleitos pelo PSD e o apoio de Celso Ferreira e Granja da Fonseca. Do outro lado volta a estar Joaquim Neves, também ele pretendente a candidato à Câmara Municipal pelo PSD, mas trazendo consigo mais duas pretendentes ao cargo: Conceição Bessa Ruão e Raquel Moreira da Silva.
Nas últimas eleições partidárias, Joaquim Neves defendeu que quem vencesse o partido seria o candidato à Câmara Municipal. Agora, aparece dizendo que o candidato será quem tiver mais notoriedade numa hipotética sondagem que irá realizar. No entanto, Conceição Bessa Ruão também já apresentou a sua candidatura ao mesmo lugar. Raquel Moreira da Silva disse numa entrevista ao VERDADEIRO OLHAR que não aceitaria outro lugar que não fosse a de número um numa lista à Câmara Municipal.
Neste momento, importa tentar perceber o que une três pessoas que desejam ocupar o mesmo lugar e são concorrentes entre si. Aparentemente, o único motivo de união é impedir que Rui Moutinho chegue a candidato do PSD. Como resolverão o problema da indicação do candidato, caso a lista deles vença, não se sabe.
Não raras vezes, os políticos caem no erro de acreditarem que “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Isto produz relações de estranhos “companheiros de cama”. Em regra, depois do problema resolvido, os amigos de conveniência transformam-se em inimigos.