A conferência “A mobilidade como factor de coesão territorial” juntou, em Paredes, vários especialistas que falaram do estado da ferrovia e a compararam a nível internacional.
Augusto Franco, general manager da NomadTech e ex-director de engenharia de inovação da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, não escondeu que o sector atravessa alguns problemas. Da década de 70 do século passado até à actualidade, a extensão da rede nacional caiu 30%, o material circulante sofreu uma redução de 50% e o nível de passageiros está ao nível dos de 1970, sendo os níveis de investimento na ferrovia “paupérrimos”. “Não somos um país ferroviário”, sustentou, lembrando a falta de investimento, a redução abrupta de mão-de-obra qualificada, o desaparecimento da indústria ferroviária nacional e a ausência de um plano estratégico nacional de longo prazo.
O engenheiro Pedro Conceição falou do exemplo suíço, uma “referência na área ferroviária”. Só nos caminhos de ferro suíços SBB cada habitante percorre anualmente 2.500 quilómetros, com três milhões de pessoas a comprarem passe anual. “Na Suíça há 1,26 milhões de passageiros transportados anualmente pela SBB e em 2040 querem chegar aos dois milhões”, explicou o especialista ferroviário, ex-quadro superior da EMEF e dos SBB. O último plano para os próximos 40 anos da SBB foi levado a referendo e aprovado pela população. Contempla um investimento de “42 biliões de francos suíços”. Pedro Conceição abordou ainda o exemplo luxemburguês que vai implementar transportes públicos gratuitos e de Tallin na Estónia onde os transportes também são gratuitos e houve um aumento de 14% na sua utilização.
Carlos Nogueira, presidente da CP – Comboios de Portugal, salientou o investimento que tem vindo a ser realizado, cerca de 176,7 milhões de euros entre 2002 e 2004 em 34 composições.
Realçou ainda que, quando em 2004, o volume de passageiros foi de 15,6 milhões, em 2018 o valor estimado sobe para os 21,9 milhões de pessoas.