Penafiel vai prestar homenagem a “um grande nome da poesia, que infelizmente nos deixou recentemente, mas cuja marca de excelência literária estará sempre connosco”. A garantia foi deixada numa nota do município, que reitera o facto de a Escritaria, um evento literário, que acontece de 16 a 23 de Outubro, homenagear, pela primeira vez a título póstumo, Ana Luísa Amaral.
A cidade vai “inaugurar a silhueta da escritora e uma frase que marcará a cidade para memória futura”, como aconteceu com os anteriores homenageados do festival literário, assegura o município.
Depois de Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mia Couto, António Lobo Antunes, Mário de Carvalho, Lídia Jorge, Mário Cláudio, Alice Vieira, Miguel Sousa Tavares, Pepetela, Manuel Alegre, Mário Zambujal e Germano Almeida, Penafiel prepara-se para contaminar ruas da cidade em torno da vida e obra da poetisa.
Penafiel voltará a estar “contaminada” com literatura em todos os cantos e recantos e das mais variadas formas.
Além da “transformação habitual, da cidade, em torno da escritora homenageada e da sua obra, com alusões nas montras, exposições, arte de rua, teatro, música e apresentação de livros”, a Escritaria contará ainda com algumas “surpresas” em torno da obra da autora.
É que “Ana Luísa Amaral construiu ao longo da sua vida uma obra singular e prestou um serviço de excelência à língua e à literatura portuguesas, motivos que nos levaram a manter a homenagem, como previsto, à sua vida e obra, apesar de nos ter deixado recentemente”, reforça o presidente da câmara, Antonino de Sousa, citado no mesmo comunicado.
O autarca assegura que “será uma ediçã repleta de emoções que procurará ser uma grande homenagem”.
Nascida em Lisboa, em abril de 1956, Ana Luísa Amaral morreu no passado dia 5 de Agosto, aos 66 anos, vivia em Leça da Palmeira, Matosinhos, desde a infância.
Estudou Literatura, fez um doutoramento na poesia de Emily Dickinson, que traduziu, especializou-se em Poéticas Comparadas, Estudos Feministas, Estudos Queer.
Professora aposentada de Literatura Inglesa, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, era investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, somando publicações académicas e promovendo edições como o “Dicionário de Crítica Feminista”, de que foi co-autora, e mantendo viva a importância de obras como “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, cuja edição mais recente anotou.
Também recebeu as maiores distinções nacionais e internacionais, desde o Prémio Vergílio Ferreira ao Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, do Correntes d’Escritas, ao Prémio Internazionale Fondazione Roma: Ritratti di Poesia.
A poeta recebeu ainda Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, no ano passado, e, em Maio último, no âmbito do galardão, participou na 33.ª Noite de Poesia na voz dos seus autores, no Palácio Real, em Madrid.
Há dois anos, a associação das Livrarias de Madrid deu-lhe o galardão de Livro do Ano, na área de Poesia, à edição espanhola de “What’s in a name”, da escritora portuguesa.
Escuro (2014), E Todavia (2015), What’s in a Name (2017), Ágora (2019), Mundo (2021) e a antologia O Olhar Diagonal das Coisas (2022) são os seus títulos publicados pela Assírio & Alvim.