Verdadeiro Olhar

Enfermeiro de Penafiel premiado em projecto internacional

Pedro Barbosa, um jovem de 26 anos, de Penafiel, emigrado em Espanha, foi premiado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Your First EURES Job (YFEJ), que o levou a trabalhar naquele país. Foi um dos três vencedores e o único português premiado.

Ao Verdadeiro Olhar, o jovem referiu que foi para Santander, Cantabria, Espanha, ao abrigo deste programa que ajuda jovens dos 18 aos 35 anos a procurar uma oferta de trabalho em outro país da União Europeia, tendo decidido depois concorrer ao programa que celebra 25 anos de existência.

“Decidiram lançar um concurso para que os jovens que haviam estado ao seu abrigo pudessem participar. Apresentei um vídeo e uma redacção que reflectiu a transição de país e os desafios actuais aos jovens europeus”, disse, salientando que o programa contou com participantes de todos os países da União Europeia.

“Não imaginei que fosse um dos premiados, acabei por participar porque gosto de desafios e porque me considero pró-activo”, expressou Pedro Barbosa, confessando ter deixado Portugal há 10 meses devido à falta de condições para trabalhar.

“Saí do país pelas condições precárias que oferecem actualmente aos trabalhadores, nomeadamente a minha classe profissional. Há um grande número de enfermeiros a trabalhar para empresas públicas e privadas e com parcerias público-privadas a recibos verdes, a falsos recibos verdes, com horários falsos, falsos pagamentos, falsas chefias. Um conjunto de situações que me deixaram saturado em apenas quatro anos”, afirmou.

“Actualmente não existem condições suficientes para os enfermeiros que emigraram voltarem”

Falando das condições precárias que se vivem no nosso país, Pedro Barbosa admitiu que em Portugal os enfermeiros não gozam das mesmas condições que em Espanha.

“Em Portugal não conseguia ter a mesma qualidade de vida. São muitos os impostos e no meio muita corrupção. As empresas querem enfermeiros a recibos verdes para não pagarem da sua parte à Autoridade Tributária nem à Segurança Social sobrecarregando a carga financeira ao falso prestador, que muitas das vezes o valor hora acaba por ser cinco euros brutos”, acrescentou, acusando o Governo de “desrespeito constante dos enfermeiros”.

“Sinto-me triste como o actual Governo tratou a nossa profissão, e isso fez-se notar ao proibir as últimas greves através da requisição civil e de ataques à Ordem dos Enfermeiros. Penso que o Governo incentivou ao boicote e desrespeito constante dos enfermeiros e muitas das agressões físicas e psicológicas que têm aumentado nos últimos tempos, como demonstram os meios de comunicação social, devem-se à banalização dada à enfermagem e aos seus profissionais. Actualmente não existem condições suficientes para os enfermeiros que emigraram voltarem”, avançou.

Questionado sobre a sua situação pessoal e profissional em Espanha, Pedro Barbosa confessou que no país vizinho os salários são mais adequados aos gastos e nível de vida.

“Quer a nível pessoal quer a nível profissional sinto-me realizado e satisfeito com o facto de ter vindo para Espanha. Para além de os portugueses e espanhóis serem povos muito próximos existem bastantes diferenças culturais e sociais. Também se destacam as diferenças de nível económico de ambos, na medida em que Espanha tem salários mais adequados aos gastos e nível de vida. Em Espanha o enfermeiro tem progressão na carreira, são reconhecidos com mérito e respeitados pela sociedade. Em Portugal desde 2005 que a carreira de enfermagem foi congelada. Sem progressão não existe motivação e futuro na profissão”, manifestou.

Pedro Barbosa foi convidado para assistir à cerimónia do 25.° aniversário do EURES e à entrega de prémios no dia 30 de Janeiro, que vai decorrer em Bruxelas.