À semelhança do que aconteceu na freguesia de Croca, em Penafiel, o impasse vivido na Junta de Freguesia de Vilela, em Paredes, pode acabar com a população a ser chamada novamente às urnas, em eleições intercalares.
Tanto os eleitos do PS como os do CDS-PP eleitos para a Assembleia de Freguesia de Vilela estão a ponderar demitir-se para acabar com a indefinição política que se arrasta desde Outubro do ano passado.
Recorde-se que Mariana Machado Silva, candidata do PSD, venceu as eleições sem maioria, tendo a Assembleia de Freguesia ficado com quatro representantes do PSD, três do PS e dois do CDS-PP. Numa das reuniões realizadas foi eleita para secretária do executivo uma representante do PSD, mas a autarca não abdicou da eleição de um elemento do PSD em terceiro, para ocupar a posição de tesoureiro, propondo os nomes de José Cruz, ex-presidente da junta, e José Ferreira da Silva, tesoureiro no anterior mandato, que foram rejeitados pela oposição. O impasse persiste porque quer o CDS-PP quer o PS não aceitam nenhum destes nomes.
“Quem não consegue gerar consensos nunca conseguirá gerir uma freguesia tão grande e importante como Vilela”
Esta quinta-feira, o CDS-PP emitiu um comunicado em que acusa o PSD de Vilela “a entreter os habitantes de Vilela com jogos de poder, procurando evitar consensos com as demais forças políticas eleitas, promovendo a discórdia e a divisão, esquecendo completa e voluntariamente os interesses do povo de Vilela”.
“Quem não consegue gerar consensos nunca conseguirá gerir uma freguesia tão grande e importante como Vilela”, defende o partido, informando que decidiu, após reunião dos membros da comissão política concelhia, do núcleo de Vilela e dos membros eleitos para a Assembleia de Freguesia de Vilela, realizada no passado dia 26, promover uma série de sessões de esclarecimento abertas à população para dar a conhecer “as mentiras e as meias verdades da presidente da junta do PSD de Vilela e para alertar os vilelenses sobre os prejuízos que esta forma de gestão está a causar à freguesia” e para “exigir a devolução da decisão ao povo de vilela através do voto”.
A demissão dos eleitos pelo CDS-PP para provocar eleições intercalares está a ser ponderada, adiantou o presidente da comissão política José Miguel Garcez ao Verdadeiro Olhar, dizendo que ainda vão realizar conversações com o PSD e PS.
“O CDS sempre quis ser parte da solução mas a presidente de junta não soube gerir a situação”, afirmou o centrista, lembrando que o partido viabilizou o executivo da Junta de Cete por ter havido uma boa negociação.
“O PS acredita que eleições intercalares são a melhor solução”
Contactado, o presidente da comissão política do PS Paredes confirmou que “existe uma forte possibilidade” de serem realizadas eleições antecipadas em Vilela. “A presidente de junta tem que esgotar todas as opções de proposta para formar executivo. É o que diz a lei. Ela não está a fazer isso. O PS acredita que eleições intercalares são a melhor solução”, referiu José Carlos Barbosa ao Verdadeiro Olhar. “A presidente de junta está a usar uma estratégia de vitimização. As soluções já lhe foram apresentadas, mas ela ainda não percebeu que a campanha eleitoral acabou e que é preciso resolver os problemas de Vilela”, acrescentou o socialista.
“Só peço que tomem uma decisão definitiva ou deixem o meu executivo trabalhar”
Contactada, Mariana Machado Silva, que já tinha acusado, na semana passada, o PS e o CDS de estarem de mãos dadas para fazer “um assalto ao poder”, já só pede à oposição que defina o que quer. “Não basta dizer que se pondera a demissão sem apresentar alternativas. Dizem que ponderam demitir-se mas não o fazem, mas também não estão disponíveis para viabilizar a alternativa”, criticou.
Segundo a social-democrata, os socialistas chegaram a dizer-lhe que avançasse com a proposta para o cargo de tesoureiro ser aprovada pelos números três ou quatro da lista do PSD, que seriam viabilizados, ainda que José Ferreira da Silva pudesse continuar a ajudar no dia-a-dia da junta informalmente. “O intuito não é procurar uma alternativa razoável é só levar a deles avante e não me deixar tomar as minhas decisões”, afirma Mariana Machado Silva.
A autarca lembra que, quando elegeram para secretária a número dois do PS, os socialistas indicaram-na porque tinha sido ela a candidata a este cargo. Mas agora não aceitam que o PSD tenha no lugar de tesoureiro aquele que se candidatou nessa posição. “Com esta oposição temos dois pesos e duas medidas”, salientou.
“Só peço que tomem uma decisão definitiva ou deixem o meu executivo trabalhar e assumam o papel de fiscalizadores na Assembleia de Freguesia, para o qual foram eleitos”, sustentou a social-democrata.