Explicando as suas intenções na entrevista que eu li, Alceni Guerra diz que tentou transformar a cidade num pólo de conhecimento e que a educação poderia ser o elemento diferenciador para a população fugir da pobreza em que vivia. Mas o seu sucessor teve outra ideia: asfaltou mais de metade das ruas da cidade e, desse modo, conseguiu renovar o mandato.
A atitude do eleitorado de Pato Branco não é muito diferente da dos eleitores de Portugal. Pegando no exemplo do actual presidente da Câmara Municipal de Paredes, de quem se pode dizer sem favor que fez da educação a sua bandeira, sob a sua orientação construíram-se grandes centros escolares, com melhores condições do que algumas faculdades públicas, e o concelho tornou-se pioneiro no ensino obrigatório até ao 12.º ano de escolaridade e no combate ao abandono escolar. Mas foi por uma unha negra que não foi derrotado nas últimas eleições.
A verdade pode incomodar, mas é verdade: a educação, pelos vistos, não dá votos. Na hora de votar, as pessoas elegem outras prioridades, como, por exemplo, o asfalto que mandaram pôr à porta das suas casas.
Será possível mudar isto? Não sei. Mas parece que Celso Ferreira também não está muito preocupado com isso. Numa altura em que os mais críticos reclamam por causa dos buracos na estrada, o autarca optou novamente pela educação. A Câmara Municipal de Paredes está a oferecer o pagamento integral das propinas a todos os alunos do concelho que se queiram inscrever na licenciatura em Tecnologias da Madeira. O curso, uma parceira entre a Câmara Municipal, a Escola Superior de Tecnologia de Gestão de Felgueiras e o Instituto Politécnico do Porto, é leccionado em Paredes e Felgueiras e tem 100 por cento de empregabilidade.