O segundo ato deste processo será a eleição presidencial. Apesar não saber quem será o próximo presidente, não será difícil prever que será uma mudança positiva e um contributo de peso no desanuviar político da intricada dificuldade de relacionamento interpartidário da nossa sociedade.
O terceiro ato será a repetição das eleições legislativas. Na história da nossa república apenas um governo minoritário conseguiu terminar a sua legislatura e foi social e socialista. Nem Pedro Passos Coelho nem Paulo Portas são tolerantes e negociadores como foi Guterres, nem a sua política liberal e capitalista poderá manter por muito mais tempo os portugueses adormecidos com os fantasmas do passado. No passado foi a ignorância o que nos manteve brandos e doceis. Agora é a exploração do medo e da descredibilização do regime em que vivemos o que nos mantém adormecidos e controlados? Não tenho dúvida de que o grande objetivo desta coligação é a alteração da Constituição. Seja qual for o atalho que pretendam tomar, até à maioria absoluta e parlamentar, só a alteração da Lei Fundamental permitirá alargar os poderes do governo, reduzir as liberdades fundamentais, transformar o regime social e solidário num regime liberal e capitalista. Só a abolição ou neutralização do Tribunal Constitucional permitirá a concretização das políticas de agressão sucessivamente tentadas e travadas ao longo dos últimos quatro anos. Por quanto tempo a esquerda desunida conseguirá manter a maioria parlamentar e travar estes anseios? A vitimização já no passado resultou em maioria absoluta. Depois desta vitória de Pirro e depois de alguns meses de impasse, dificuldade de diálogo e de provocações à esquerda para aumentar a instabilidade, é muito possível que o povo, assim manipulado e cansado, dê a maioria à direita. Teremos então a perspetiva de um outro mandato de mais quatro anos com a coligação PSD+CDS? Arre que é demais… “Quo Vadis” Portugal?