Esta situação prende-se, desde logo, com a ausência de políticas direcionadas para a atração de emprego qualificado, mas sobretudo com a inexistência de uma política pública de habitação.
Com efeito, há mais de 18 anos que o Município de Penafiel se divorciou da política pública de habitação. Em 18 anos não se fez absolutamente nada nesta matéria o que, ano após ano, foi dando corpo à situação verdadeiramente insustentável que vivemos no nosso concelho: é hoje manifestamente impossível conseguir habitação a custos controlados em Penafiel.
Não é admissível que, dia após dia, assistamos a dezenas de jovens casais de penafidelenses a terem de encontrar habitação nos concelhos vizinhos, abandonando assim a terra que os viu nascer.
Não é garantidamente admissível, que face a este cenário e quando os municípios vizinhos se apressam a aprovar as suas estratégias locais de habitação, para assim beneficiarem de verbas governamentais para este efeito, o município de Penafiel não tenha sequer, no campo das ideias, qualquer estratégia pensada.
Este problema atingiu proporções de tal ordem em Penafiel, que já não são apenas as classes mais desfavorecidas que se encontram impedidas de usufruírem de habitação própria ou arrendada no nosso concelho.
Na verdade, também a classe média penafidelense, face à ausência de um parque público de habitação e à ausência de políticas que permitam a criação de um mercado de habitação acessível, se encontra neste momento impossibilitada de habitar na sua terra de sempre.
Os penafidelenses de todas as classes comungam deste sentimento de impotência que é o quererem emancipar-se, quererem realizar todo o seu potencial na terra a que pertencem e verem-se manifestamente impedidos de o fazer, por força da inação de um Município incapaz de criar condições, em Penafiel, para a consagração de um dos mais importantes direitos previstos na Constituição da República Portuguesa: o direito à habitação.
Nenhum cidadão é verdadeiramente livre sem acesso à habitação, os penafidelenses não são hoje plenamente livres, por não conseguirem encontrar habitação acessível no nosso concelho.