Os órgãos sociais do FC Penafiel apresentaram, esta segunda-feira, a demissão em bloco devido à polémica criada em torno da criação de uma SAD. Mas, esta terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente do clube anunciou que a sua lista será recandidata e vai novamente a votos.
Na origem deste processo estão as dúvidas e acusações suscitadas por alguns associados e ex-dirigentes que vieram a público manifestar-se contra a decisão da assembleia-geral extraordinária de 23 de Julho, que ditou a passagem do Penafiel de Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) a Sociedade Anónima Desportiva (SAD).
O presidente do FC Penafiel, António Gaspar Dias, sustentou que, em sessão de 16 de Dezembro de 2016, a Assembleia-Geral do Futebol Clube de Penafiel mandatou, por unanimidade a direcção para estudar e propor à Assembleia-Geral uma proposta de transformação da SDUQ em SAD. Foi o que a direcção fez, apresentando um projecto que foi aprovado em Assembleia-Geral e aprovado pela maioria dos associados, com cerca dos 85% dos votos, argumentou.
O dirigente sublinhou que todo este processo foi transparente e que o projecto esteve sempre disponível para que todos os sócios interessados o pudessem consultar previamente à deliberação da Assembleia Geral Extraordinária, tendo esse mesmo plenário sido amplamente publicitado pelas vias previstas nos estatutos, nas redes sociais e durante o jogo de apresentação do FC Penafiel.
António Gaspar Dias assumiu, também, que os três sócios que agora terão apresentado uma providência cautelar no tribunal, da qual o clube ainda não foi notificado, com vista a suspender aquela deliberação, não estiveram presentes na assembleia geral extraordinária.
“Os órgãos sociais não viram a cara às suas responsabilidades e decisões, nem, em caso algum, entregariam – como aconteceu no passado -, as chaves do FC Penafiel, deixando o clube à sua sorte…. apresentar-se-ão de novo aos sócios, honradamente, para serem submetidos a sufrágio”
Falando das razões que levaram a direcção e os órgãos sociais do clube a avançar num primeiro momento com o pedido de demissão, António Gaspar Dias, afirmou que foram feitas afirmações que põem em causa a honorabilidade dos órgãos sociais do clube e de todos os sócios que discutiram e votaram, na assembleia-geral, a deliberação.
“Porque os órgãos sociais não viram a cara às suas responsabilidades e decisões, nem, em caso algum, entregariam – como aconteceu no passado -, as chaves do FC Penafiel, deixando o clube à sua sorte, e porque acreditam num futuro sustentável e desportivamente ambicioso para o FC de Penafiel, todos os membros que apresentaram a sua demissão/renúncia, apresentar-se-ão de novo aos sócios, honradamente, para serem submetidos a sufrágio”, disse, manifestando que até à eleição dos novos órgãos, a direcção actual assegurará a gestão do clube, mantendo o clube sem qualquer endividamento e assegurando os compromissos desportivos, contratuais, laborais e financeiros a que até hoje se vinculou.
“O clube é dos sócios e que “são eles e só eles que devem decidir o futuro do clube e não os tribunais ou alguns associados que não participam nas assembleias-gerais e pretendem pôr em causa as legítimas decisões de quem nelas participa”
O responsável pelo emblema rubro-negro defendeu, também, a marcação imediata de eleições para todos os órgãos, para um novo mandato, avançando que a mesma pudesse ocorrer com respeito pelos prazos estatutários e de modo a permitir que os sócios se organizem para apresentar listas.
O dirigente concretizou, ainda, que a nova direcção eleita deve ter tempo para beneficiar do período de contratações e saídas de atletas e equipa técnica (que decorre até 31 de Agosto), e não comprometer, assim, a época que agora se inicia.
António Gaspar Dias lançou, ainda, um repto aos autores da putativa providência cautelar para que avancem para eleições e possam, assim, apresentar os seus projectos aos associados.
Aos jornalistas, o presidente do Penafiel admitiu, por outro lado, que a presente época pode ficar “prejudicada pelo tempo que as decisões judiciais (providência cautelar e acção) se tornarão definitivas, desviando a atenção da direcção do sucesso desportivo que pretendem para discussões do foro interno”, sublinhou, acrescentando que o clube é dos sócios. “São eles e só eles que devem decidir o futuro do clube e não os tribunais ou alguns associados que não participam nas assembleias-gerais e pretendem pôr em causa as legítimas decisões de quem nelas participa, discute e vota livre e conscientemente”, argumentou.