O tempo e o dinheiro têm em comum, pelo menos, a velocidade com que se afastam de nós. Dez anos é muito tempo, mas passa muito depressa na memória de quem tem de se desdobrar diariamente para diariamente descobrir os meios para sustentar um projecto jornalístico que hoje comemoramos e que, se deve a sua existência à teimosia, persistência, determinação, esforço, dedicação – até sacrifício –, de uns quantos, muito poucos, só pode assegurar a sua sobrevivência através do reconhecimento – por parte dos seus leitores, dos cidadãos em geral e das forças vivas da região que não tenham objectivos de controlo de consciências – de que neste esforço existe algum interesse público a preservar.
Um órgão de informação útil tanto tem de ser independente das forças políticas e partidárias como das forças económicas que pretendam arrasar quem delas discorda, quem tem outra opinião e as exprime. Quanto mais pequeno o meio, quanto mais subdesenvolvido, mais é frequente aparecerem mentalidades atrasadas que continuam a querer praticar a lei do “quero, posso e mando”. Já não são esses os tempos.
As pessoas querem desenvolver-se, querem crescer sem entraves impostos de cima por quem tem poder autárquico ou dinheiro para estragar para solidificar poder pessoal. As pessoas querem pensar, querem ser esclarecidas, querem ser informadas, mesmo que não dê muito jeito a quem só sabe viver o poder em situação de manipulação dos outros. As pessoas procuram um abrigo dessa manipulação.
É isso que o VERDADEIRO OLHAR tenta ser há dez anos. E se chegámos até aqui, foi porque houve algum reconhecimento de que travamos uma luta desigual em prol dos cidadãos e de todas as forças vivas que se dão bem no jogo democrático com regras, leal, correcto e humano, se não puder ser fraterno e solidário.
Para continuarmos, precisamos muito da ajuda dos cidadãos que vivem e querem continuar a viver na nossa região, mas que querem melhores condições de vida, querem espaço para respirar, querem quem os respeite e quem lhes fale a verdade. E querem que, quando isso não acontece, tenham uma voz em quem confiar que, através da notícia, do comentário, da opinião, demonstre as contradições de quem tem por missão cuidar da coisa pública ou as suas coerências e relevâncias, conforme os casos.
Mas a pluralidade com que acolhemos as diversas correntes e manifestações políticas na nossa área reservada à opinião não é, muitas vezes, a pluralidade que têm para connosco determinados agentes regionais que não se têm furtado a esforços para nos tentarem silenciar e até liquidar financeiramente, por emitirmos comentário ou interpretação diversa da deles. Contra tal força só podemos contar com os leitores e anunciantes.
Também temos tido alguma dificuldade em explicar a alguns anunciantes relativamente à rápida alteração dos meios tecnológicos e dos próprios hábitos de leitura. Ainda não é fácil convencer quem quer anunciar a sua marca ou o seu produto do alcance que já têm hoje as mensagens via Internet.
Por isso, nestes dez anos de comemoração, temos de nos dirigir em especial aos leitores, aos agentes económicos, sejam industriais, comerciais ou de prestação de serviços, e aos agentes políticos que apostam numa outra vivência cívica mais conforme ao nosso tempo, num desenvolvimento integrado, numa dinâmica humanista que consiga atrair e manter na região uma massa crítica que resista ao êxodo para o litoral, de gente que aqui possa viver bem e receber bem quem vem de fora, mantendo vivas as nossas tradições, as nossas aldeias, vilas e cidades.
Respeitemo-nos. E se acharem o VERDADEIRO OLHAR digno de respeito, apoiem-nos tanto quanto puderem na nossa missão de vos representarmos, defendermos, esclarecermos. Uma palavra, uma sugestão, uma saudação, um comentário construtivo e educado, por vezes, é quanto basta para nos motivar para mais dez anos.
Contamos com a vossa colaboração interventiva. Obrigados!