“O PS vai perder a oportunidade de votar a favor das melhores contas da Câmara de Penafiel dos últimos anos. É uma pena que o partido não tenha a flexibilidade suficiente para perceber que este exercício de 2019 é histórico sobre todos os pontos de vista”, afirmou o presidente da autarquia penafidelense, Antonino de Sousa, durante a votação do relatório de contas do ano passado na última Assembleia Municipal. O apelo não colheu e os eleitos socialistas abstiveram-se, criticando as baixas taxas de execução, as elevadas dívidas a fornecedores e a falta de rigor do documento.
“Se isto fosse uma empresa privada a administração tinha um prémio chorudo”
Coube a Alberto Clemente avaliar o relatório pela coligação Penafiel Quer. O eleito começou por elogiar a qualidade do documento, dizendo que deve ser comparado não só com o orçamento, mas também com relatórios de contas anteriores para se avaliar a evolução dos números.
“O passivo diminuiu pelo terceiro ano consecutivo, sete milhões de euros. A dívida a terceiros reduziu 30% e o valor da dívida a terceiros de curto prazo desceu cerca de 6,2 milhões de euros. A dívida a curto prazo a terceiros tem o valor mais baixo dos últimos 15 anos”, afirmou Alberto Clemente.
Por outro lado, realçou, as facturas em atraso reduziram em 60% em relação a 2018 e os empréstimos bancários registaram uma redução de cerca de 1,2 milhões de euros.
O município cumpriu com os limites de endividamento e teve um resultado positivo de 6,2 milhões de euros. “Se isto fosse uma empresa privada a administração tinha um prémio chorudo”, afiançou.
Mo ano passado, a receita subiu 5%, o valor mais alto dos últimos quatro anos, e registou-se ainda um aumento da capacidade de endividamento, “caso raro entre os municípios portugueses”.
Estas contas “mostram sem dúvida que Penafiel continua no bom caminho”, concluiu o eleito da coligação.
“A câmara continua a complicar a vida aos fornecedores e deve 10,6 milhões a curto prazo”
“As taxas de execução são muito reduzidas, abaixo dos 50%, e na parte do investimento vergonhosas, abaixo de 40%. A taxa de execução da receita é de 60% do que estava previsto”, disse. Mesmo assim, reconheceu, a receita de 2019 aumentou 4,7% em relação a 2018, em 1,7 milhões de euros. A taxa de execução da despesa de investimento foi de 40,2%.
“Onde o executivo esteve menos mal foi no passivo, com realce para a dívida a terceiros de curto prazo que desceu de 16,8 milhões de euros para 10,6 milhões de euros, dando algum alívio aos fornecedores da câmara. Mesmo assim, a câmara continua a complicar a vida aos fornecedores e deve 10,6 milhões a curto prazo”, salientou Couto Barbosa.
Criticando a falta de rigor na gestão de previsões e na sua execução, o socialista avisou que o sentido de voto do PS seria a abstenção.
“Era histórico votarmos em conjunto estas contas históricas”
O presidente da autarquia destacou a taxa de execução superior a 60%. “Nos últimos mais de 20 anos isso só aconteceu duas a três vezes”, disse. “E temos o valor mais baixo de sempre de empréstimos, devemos nesta altura cerca de seis milhões de euros de médio e longo prazo. Qualquer um dos concelhos vizinhos tem esse valor vezes 10. Este é o valor mais baixo de sempre. E nós não fazemos como outros que pagam as suas contas com o dinheiro que vão buscar ao FAM, algum nosso por sinal, que temos lá 1,5 milhões de euros”, apontou o edil.
“A dívida global da câmara é a mais baixa de sempre da nossa história. E hoje, 26 de Junho, a dívida de curto prazo é menor ainda e está num dígito, coisa que nunca aconteceu. Estamos a votar contas como nunca tivemos antes”, acrescentou Antonino de Sousa.
Segundo o autarca este facto é tanto mais importante face aos tempos vividos. “Com estas contas sentimo-nos à vontade para enfrentar as adversidades que aí vêm. Temos uma situação financeira que nos permite olhar com tranquilidade para os tempos difíceis que se avizinham”, afiançou, referindo que vão manter-se os apoios aos mais carenciados, às empresas e às juntas de freguesia, cumprindo-se os compromissos assumidos, assim como fazendo investimento público por via dos fundos comunitários, dando um contributo para gerar mais actividade económica.
Mas os eleitos do PS abstiveram-se, assim como os do TOP. Os presidentes de junta e os eleitos da coligação aprovaram o documento.