Abre hoje ao público o novo Centro de Interpretação do Românico, na Praça das Pocinhas, em Lousada. O edifício, com vários pormenores ligados à arquitectura românica, conta com seis salas temáticas onde a tecnologia e a interactividade imperam. Há várias mesas interactivas, projecção de filmes e até lápis que permitem colorir pinturas murais.
Até domingo, a entrada é gratuita e, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, haverá visitas guiadas, teatro, exposições e oficinas temáticas.
Recuar no tempo e aprender com interactividade
Explicar o que é o românico e divulgar os monumentos que integram a Rota do Românico é o grande objectivo deste novo edifício, contemporâneo, mas cheio de ligações a este estilo arquitectónico milenar. “Todo o edifício fala”, explica Rosário Machado, directora da Rota do Românico.
“A porta do edifício é um arco de volta perfeita, um portal românico estilizado, e no tecto há referência à água com uma espécie de cardume de peixes que sobrevoa” o espaço, dá como exemplo. Além disso, o edifico é feito de betão, “a pedra da contemporaneidade”, e tem por base sete torres, que simbolizam os sete pilares da igreja, sendo fechado com um claustro e assemelhando-se a um burgo com várias ruas cruzadas.
Para visitar há um conjunto de seis salas ligadas ao território, à sociedade medieval, à componente artística e arquitectónica, além da recepção, cafetaria e sala multiusos onde funcionará, por exemplo, o serviço educativo. Todas têm em comum a aposta na tecnologia e interactividade.
Na sala do Território e Formação de Portugal pode-se “recuar no tempo”. “Estamos no território português mais antigo em termos de povoação”, diz Rosário Machado. Aí há vídeos projectados e uma maquete interactiva, além de fotos e uma cronologia que mostra a evolução da região. Na sala ao lado, dedicada à Sociedade Medieval, fala-se do clero, da nobreza e do povo e existem três cones com projecções de imagens de códices antigos. Segue-se uma sala dedicada ao Românico, com uma mesa interactiva que permite explorar elementos como as técnicas ou o simbolismo, que pode ser usada por 12 pessoas em simultâneo. Ao mesmo tempo, a informação é projectada na parede.
Na sala dos Construtores, os visitantes podem ver uma réplica, à escala real, da construção de uma igreja, e consultar, em mais uma mesa interactiva, dados sobre as diferentes profissões da época e técnicas e materiais usados. Depois, as pessoas são convidadas a visitar a Sala da Cor e Simbolismo, onde se contraria “a ideia de que o românico é escuro”. Os visitantes podem colorir, com lápis de cor interactivos, as pinturas murais que são projectadas na parede.
“Queremos que o CIR seja a porta de entrada, que as pessoas descubram o românico e depois vão descobrir os monumentos”, explica Rosário Machado. “A ideia é ter conteúdos simples para todos os públicos, para que as pessoas saiam daqui a perceber este tempo, esta arte, o território e as pessoas”, acrescenta.
Estrangeiros já interessados e directora da Rota do Românico antecipa milhares de visitantes
A directora da Rota do Românico, Rosário Machado, não tem dúvidas de que o espaço será visitado por milhares de pessoas. “Nos últimos dias já temos recebido pedidos de visita de grupos de várias nacionalidades, desde suíços a alemães”, dá como exemplo. “Estou convicta que isto vai mudar Lousada e o território do Tâmega e Sousa para melhor”, defende.
A responsável pelo projecto, dinamizado há 20 anos pela Valsousa – Associação de Municípios do Vale do Sousa, diz esperar que, com mais este estímulo, os habitantes percebam a importância do seu património e tenham “orgulho” do território em que vivem. “Espero que este novo elemento patrimonial seja uma âncora para a Rota do Românico e para o turismo da região”, afirma.