Vai ser lançado um concurso público internacional para a construção da Casa da Democracia Local, em Valongo, edifício que vai acolher os novos paços do concelho. O projecto, que inclui também uma praça que vai criar uma nova centralidade, está orçado em 11 milhões de euros (mais IVA) e a obra tem prazo de execução de dois anos.
Foram aprovados, com os votos contra do PSD, em reunião de executivo, o projecto de execução, as peças procedimentais e a decisão de contratar, com publicação de anúncio no jornal oficial da União Europeia. Os vereadores do PSD justificaram o voto com a posição já defendida pela comissão política e pelos eleitos do partido na Assembleia Municipal: face à pandemia não é hora de fazer uma obra com um valor tão “avultado”.
Os social-democratas votaram ainda contra um empréstimo de médio e longo prazo de 10,5 milhões de euros para financiar a obra.
Concurso e empréstimo ainda vão ao Tribunal de Contas
“A proposta ambiciona por isso, ser um projecto âncora para a atracção cultural cívica regional, também nacional e internacional, mas que seja, para além do órgão executivo e administrativo do município de Valongo, um edifício didáctico e lúdico, com conteúdos acessíveis aos diferentes públicos que se pretende atrair”, descreve o documento apresentado pelo executivo liderado por José Manuel Ribeiro.
Como já tinha sido avançado, o edifício, que remete para a figura da trilobite, será revestido com um compósito de ardósia, coberto por módulos fotovoltaicos, e, além de espaços com funções exclusivamente políticas e administrativas, contará com espaços expositivos permanentes e temporários, com espólio etnográfico associado a pessoas e tradições relevantes da região; espaço interactivo, de imersão virtual, através do qual cada visitante poderá viajar, no tempo e no espaço, experienciar actividades, culturais, desportivas, aventuras radicais, etc.; espaços polivalentes em todo o edifício, para que possa ser adaptados às necessidades.
“A humanização do edifício prolonga-se para o espaço exterior, onde surge a Praça da Democracia Local, como espaço de apropriação e utilização pública, criando assim um espaço marcante, diferenciador e inovador”, argumenta a proposta.
O preço base é de 11 milhões de euros mais IVA e, “considerando a elevada dimensão da obra e o alto grau de complexidade dos trabalhos a realizar”, o prazo de execução é de 730 dias (dois anos).
Para fazer face ao investimento, foi também aprovado, em reunião de executivo, com os votos contra do PSD, um empréstimo de médio e longo prazo até 10,5 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos. Será pago a 20 anos com um período de carência de dois anos.
Ambos os processos têm ainda de passar pelo Tribunal de Contas.
PSD concorda com a obra mas não com o “timing”
O vereador social-democrata lembrou os impactos a curto e médio prazo causados pela pandemia no tecido empresarial e na vida das famílias e as incertezas que traz a nível financeiro e ao mercado de trabalho, defendeu a importância de criar um plano de recuperação económico e social no concelho e salientou o papel de responsabilidade do município “que deve actuar no alívio de impostos e taxas, no reforço do apoio social e solidário e em medidas de auxílio às empresas” ao invés de hipotecar o futuro do concelho nas próximas décadas. “O PSD concorda que o concelho precisa de um edifício funcional, digno e projectado de raiz para acolher todos os serviços municipais”, mas vota contra o concurso público e empréstimo “por considerar que não é o timing correcto”.
“”Este projecto avultado de investimento poderá ser feito em momento posterior”, sendo dada prioridade a acções que minimizem o impacto da Covid-19 na vida dos cidadãos”, argumentou o eleito do PSD.
“Sei que os senhores vereadores do PSD estão contra, mas o futuro vai mostrar que temos razão quando conseguirmos financiamento para esta obra”, afirmou o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro.