Sobrelotação, degradação do estabelecimento escolar, aulas na cantina, telhados com amianto, pavilhão com três ou quatro turmas com aulas em simultâneo, são alguns dos problemas da Escola Básica Vallis Longus, em Valongo, que se debate com estes “condicionalismos” há 20 anos. Esperavam ser incluídos no pacote de escolas que terão obras de requalificação com fundos comunitários, mas assim não aconteceu. Hoje o presidente da Associação de Pais da Escola Básica Vallis Longus esteve na reunião de Câmara de Valongo.
“A comunidade educativa sente-se traída”
Marco Marinho, líder da associação de pais, inscreveu-se e no período dedicado às intervenções do público, questionou o presidente da Câmara Municipal de Valongo sobre o que foi feito e como foi feito em defesa da necessidade de obras na Escola Básica Vallis Longus. “queremos ter da câmara municipal uma evidência do que foi feito e como foi feito”, explicou, acrescentando que isso será decisivo para “avançar com a câmara ou sozinho”. Marco Marinho não quis especificar que acções poderão ser tomadas, mas no decorrer da intervenção, à qual se juntou o director do estabelecimento escolar, Artur Oliveira, ficou patente a “revolta pelos condicionalismos da escola há 20 anos” e a disponibilidade da comunidade educativa por seguir “outras lutas”. Marco Marinho recordou que as obras chegaram a estar publicadas em Diário da República em 2009, com a garantia de irreversibilidade por parte da Direcção Regional de Educação do Norte, mas não chegaram a concretizar-se por falta de verbas. “O Estado insiste em ser injusto”, disse, acrescentando que a Câmara Municipal “deveria tomar medidas”. “A comunidade educativa sente-se traída”, disse Artur Oliveira, revelando-se “cansado” por estar “nesta luta desde 1997”. Depois de ter pedido informações, por mail e por carta, ao vereador da Educação e ao presidente da autarquia, mas não ter recebido resposta, Marco Marinho decidiu intervir na reunião de câmara e “pedir informação sustentável sobre as diligências efectuadas e a efectuar”.
No decorrer da discussão, também João Paulo Baltazar, vereador do PSD, sublinhou que no processo de definição das escolas a serem incluídas no pacote de estabelecimentos para requalificação no âmbito do Portugal 2020, houve um aumento do valor do investimento de 36,5 para 60,02 milhões de euros, tendo várias autarquias conseguido, nesse entretanto do processo negocial, colocar mais escolas para serem intervencionadas. O que não foi o caso de Valongo, sublinhou, acrescentando que “se fosse proporcional, Valongo teria passado de 4 milhões de euros para 6,57 milhões de euros que daria para incluir a Escola Básica de Valongo” e apenas se conseguiu retirar 100 mil euros para a Escola Secundária de Valongo, a par dos 3,9 milhões de euros para a Secundária de Ermesinde.
O presidente da Câmara Municipal, José Manuel Ribeiro, afirmou conhecer bem a escola, bem como o seu estado, aproveitando para relembrar o processo de escolha dos estabelecimentos a incluir no mapeamento que ditou o financiamento da requalificação das Escolas Secundárias de Ermesinde e de Valongo. De referir que na lista das prioridades a Escola Secundária de Ermesinde estava no topo, seguida pela Secundária de Valongo em ex-aequo com a Escola Básica Vallis Longus, facto que leva a comunidade educativa a questionar a razão pela qual foi preterida. “A Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares é que conduziu o mapeamento e não entendeu incluir a Vallis Longus”, explicou José Manuel Ribeiro, sublinhando que a Câmara Municipal “em missivas enviadas ao Ministério da educação e secretário de Estado da Educação sempre referiu a escola”. Reconhecendo a “injustiça”, José Manuel Ribeiro sublinhou empenho para “tentar que a DGESTE inclua a Vallis Longus assim que haja uma reprogramação dos fundos comunitários”.