A Comissão de Trabalhadores do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) diz que não tem havido abertura para o “diálogo e cooperação laboral” por parte do conselho de administração, “com desrespeito dos direitos e deveres de todos os profissionais” e usando a pandemia como “argumento para o não diálogo”.
Num comunicado, Eduardo Magalhães, coordenador da Comissão de Trabalhadores do CHTS, fala “numa tentativa sistemática de minimizar e criar entraves à intervenção” da comissão. “Entre muitas outras situações, está a de não pedir pareceres que são obrigatórios por lei. Além disso, até este momento, não nos disponibilizou instalações nem equipamento para o nosso funcionamento e atendimento condigno dos funcionários e já la vão quatro anos de insistência da nossa parte e, mesmo para reunir mensalmente connosco, foi preciso pedir a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho, alega.
A comissão argumenta ainda que houve falta de programação para esta segunda vaga da Covid-19 e que tem havido “atropelos” na segurança dos trabalhadores e nas suas condições de trabalho.
Entre as muitas situações enumeradas em comunicado, estão a falta de marcação nos corredores de faixas de circulação diferenciadas para profissionais e utentes; a cedência de “uma única mascara cirúrgica por funcionário, por cada turno de trabalho, que nunca é inferior a seis horas podendo atingir as oito horas, quando se recomenda que este tipo de máscara só deve ser usado, no máximo quatro horas”; a imposição de horas, para além da carga normal de trabalho diária aos trabalhadores, “sabendo que o banco de horas é ilegal e não está implementado” na instituição. “Este tipo de comportamento está a lesar muitos profissionais em centenas de horas que deveriam ser pagas como horas extras”, afirma a comissão.
São ainda criticadas alterações de horários de trabalho de véspera e por vezes no próprio dia, a realização de turnos diurnos de 12 horas e dias seguidos de trabalho sem folgas legais, “havendo um abuso generalizado das horas de trabalho e em particular pelos serviços de Urgência, Bloco Operatório e Internamentos”. Falam também em abusos por parte das chefias, com “condicionamento nos horários como forma de penalização, mudanças de serviço compulsivas comunicadas por correio electrónico sem negociação com o trabalhador sem motivo atendível e coacção psicológica sempre que o trabalhador tenta fazer valer os seus direitos”.
Segundo a comissão de trabalhadores, não são cumpridos os rácios de funcionários praticamente em todos os serviços do CHTS, provocando “uma sobrecarga de trabalho de grande maioria dos colaboradores” e falta formação sobre medidas de protecção.
Sustentam ainda que os Acordos Colectivos de Trabalho não estão a ser aplicados na sua totalidade.
“Não é ignorando, descredibilizando, diminuindo e até tentando impedir o nosso trabalho, mas sim tentando ter uma postura de abertura para a negociação, colaboração e reconhecimento para com esta estrutura de representação dos trabalhadores que se conseguirão avanços e melhorias”, apela a comissão ao CHTS.
O Verdadeiro Olhar contactou o CHTS que não quis comentar estes dados.