Ouviram-se palmas na aprovação da classificação da Paisagem Protegida Local do Sousa Superior na última Assembleia Municipal de Lousada. Trata-se de mais um passo num processo que abrange 1600 hectares de território do concelho, atravessando as várias freguesias junto ao Rio Sousa.
“Diria que este é um momento em que estamos a fazer história e devemos orgulhar-nos dele porque estamos a fazê-lo pelas gerações que aí virão”, afirmou o vereador do Ambiente, Manuel Nunes.
Este projecto, disse, vai “redefinir a paisagem concelhia” e “marca um ponto de viragem em relação à conservação”. “É a primeira paisagem protegida criada na região”, mas a meta é que ela cresça para os concelhos vizinhos e se ligue às Serras do Porto.
Designação não é “inocente”
O documento foi elogiado por todos os partidos com assento na Assembleia. “É um documento completo. Desconhecia a complexidade da fauna e da flora locai e acho que deve ser divulgado à sociedade, sobretudo junto das escolas, para criar um sentimento de pertença”, referiu Pedro Mendes, do CDS-PP.
Eleito pelo PSD, Fausto Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga, lembrou que o processo envolveu as populações e autarquias locais. “Esta paisagem protegida pode ser a rampa de lançamento para criar uma área de desenvolvimento económico para o concelho de Lousada. O que vamos aprovar hoje é muito significativo”, garantiu, pedindo ainda assim equilíbrio entre a parte ambiental e a defesa dos agricultores do concelho, no futuro.
Foi também sobre os tempos que ainda virão que falou João Correia, do PS. “Um dos eixos que está definido no país passa por aproveitar as áreas classificadas para apostar num turismo muito específico, de natureza. No futuro podemos pegar neste documento e aproveitar os apoios”, defendeu.
Já Pedro Machado salientou que a meta não é criar entraves ao desenvolvimento, mas fazer com que seja sustentável. “Este é o primeiro passo, a envolvência das pessoas é fundamental para que o projecto resulte”, afirmou o presidente da Câmara, passando depois a palavra a Manuel Nunes que, enquanto vereador do Ambiente tem liderado o processo.
“É um momento importante para a comunidade, que vai poder participar de forma mais efectiva na conservação de um território que é o Sousa Superior. Não estamos a falar só da conservação da natureza, estamos a falar de múltiplos factores onde o património edificado, material e imaterial constituem também um elemento importante”, descreveu o autarca.
A designação dada a esta paisagem protegida não é “inocente”, frisou Manuel Nunes. “É um convite para que os vizinhos a montante e jusante se juntem a nós. Esse trabalho já está a ser feito na Associação de Municípios para que esta paisagem protegida possa crescer e possa ligar, esperamos nós no futuro, a região da nascente do rio, em Felgueiras, até ao Porto, ao Douro, onde tem a foz”, realçou.
O documento aprovado é um resumo técnico. Os contributos da comunidade no processo participativo – 60 medidas com o contributo de cerca de 600 cidadãos das freguesias abrangidas – constarão do plano de gestão, que ainda terá de ser aprovado. Segue-se a elaboração do regulamento que vai gerir a paisagem protegida. Será submetido ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas que fará então a transposição da paisagem protegida local para a rede nacional de áreas protegidas.
“A tendência actual dos programas nacionais e comunitários é encaminhar recursos para esta área e a tendência é que seja apenas elegível ou majorável o investimento em áreas protegidas”, salientou Pedro Machado, reiterando ainda a importância da ligação às Serras do Porto que já integram a Rede Natura.
Esta Paisagem Protegida abrange Aveleda, Caíde de Rei, Macieira, Meinedo, Torno e Vilar de Torno e Alentém, a União das Freguesias de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga e a União de Freguesias de Cernadelo, São Miguel e Santa Margarida, correspondendo a 12% do território do concelho, ao longo do Rio Sousa.
Esta zona é vista como “um território com elevado valor ambiental, relevância para a conservação da natureza e para a promoção do património cultural”.