A sala do arquivo está agora vazia. E se antes os processos circulavam nos corredores do hospital esse cenário já quase não existe. Praticamente todos os processos clínicos realizados no Centro hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) são agora feitos sem papel.
Só num ano, entre 2017 e 2018, isso significou a realização de menos quase um milhão de impressões.
Luís Goes Pinheiro, secretário de Estado Adjunto e da Modernização Administrativa, visitou o centro hospitalar para conhecer o trabalho desenvolvido.
Recorde-se que o CHTS faz parte do primeiro grupo de hospitais envolvidos no projecto “Hospital sem Papel”, promovido pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Já foi abolida a circulação dos processos clínicos em papel para as consultas e para o internamento e, em Janeiro, iniciou-se o projecto de gestão documental para eliminar a utilização do papel nas áreas administrativas, diz o CHTS.
Quase tudo desmaterializado
O grande desafio, explicou, passou por conseguir o envolvimento de todos, o levantamento de tudo o que existia em suporte físico e encontrar soluções para alteração de processos. “Só assim se consegue a desmaterialização”, acredita Agostinho Barbosa.
O papel na consulta externa foi eliminado em Novembro de 2016, seguindo-se o internamento. No final de 2017 foi eliminada a criação de qualquer processo físico em papel, disse, ficando apenas os documentos exigidos por lei.
Entre 2017 e 2018, em apenas um ano, foram feitas menos quase um milhão de impressões em papel no centro hospitalar. Ao mesmo tempo houve um crescimento em quase 20% na adopção das receitas sem papel, que era no ano passado de cerca de 27%, tornando o CHTS num dos centros hospitalares com maior adesão a esta medida.
Agostinho Barbosa explicou ainda que, com a aprovação de uma candidatura, o CHTS vai ter uma rede wireless que vai beneficiar utentes e profissionais.
“A tecnologia é importante, mas o melhor parceiro da modernização administrativa são as pessoas”
“O objectivo foi diminuir a burocracia para aumentar o tempo da actividade assistencial de qualidade”, defendeu Dinis Sarmento, interno do 3.º ano de Medicina Interna. Antes do projecto, “os processos eram morosos e desgastantes” e hoje há “total desmaterialização do processo clínico e dos meios complementares de diagnóstico” e uma elevada taxa de desmaterialização de outros documentos, como receitas, adiantou. A própria formação e logística relativa aos médicos é informatizada.
Pedro Mendes, administrador hospitalar e coordenador do projecto de gestão documental, disse ao secretário de Estado que “não é fácil encontrar um hospital com este nível de complexidade com este percurso feito”. “Não é tanto o custo, mas a oportunidade que significa a eliminação do papel. Há ganhos de tempo e energia e maior eficiência”, argumentou.
Já o presidente do conselho de administração do CHTS frisou, mais uma vez, a importância da humanização. “Esta é uma área de modernização, mas não podemos esquecer que estamos num hospital”, relevou. Carlos Alberto falou do “semáforo vermelho” que encontrou na humanização de cuidados e sustentou que é algo a que tem tentado dar a volta desde que chegou à liderança do cento hospitalar, que é um dos maiores do país, servindo 520 mil pessoas e tendo uma elevada carga assistencial. Doentes que se perdem nos corredores por falta de sinaléctica ou que não são atendidos às horas marcadas são casos a ter em atenção e a mudar, deu como exemplo.
Luís Goes Pinheiro concordou que os hospitais têm que acompanhar a modernização administrativa. “Estou surpreendido pela positiva com tudo o que vi aqui, que é deslumbrante. Os projectos que aqui têm são extraordinários e é de realçar o entusiasmo dos profissionais”, disse o secretário de Estado Adjunto e da Modernização Administrativa.
Para o governante, “a tecnologia é importante, mas o melhor parceiro da modernização administrativa são as pessoas”. Luís Goes Pinheiro recordou que foram implementadas 1.700 medidas no Simplex, precisamente para simplificar a administração pública e a vida às pessoas. “É importante continuar a inovar”, concluiu.