Nos últimos dias, Valongo assumiu-se como a capital do pão, da regueifa e do biscoito. Agora há um chef com estrela Michelin, natural do concelho, que se tornou embaixador destes produtos tradicionais e que promete ajudar na sua divulgação e promoção.
João Oliveira, natural de Campo, que conquistou uma estrela Michelin para o Vista Restaurante, em Portimão, no ano passado, foi, este sábado, entronizado confrade honorário da Confraria do Pão, da Regueifa e do Biscoito de Valongo. Na mesma cerimónia, que decorreu na Igreja Matriz de Valongo e em que participaram representantes de dezenas de confrarias nacionais, tornaram-se ainda confrades honorários a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Politécnico do Porto e o município francês de Trelazé, geminado com o concelho de Valongo.
O chef, de 31 anos, que já passou por vários restaurantes com estrela Michelin, nunca perdeu a ligação ao concelho e quando foi convidado a assumir este papel não hesitou. “Fui criado aqui com a regueifa e os biscoitos. Não podia dizer que não há minha cidade”, sustentou.
Sonhava ser veterinário e aprendeu a cozinhar para ajudar os avós
João Oliveira sonhava ser veterinário, porque nasceu no campo e foi criado com animais. Mas a vida acabaria por levá-lo noutra direcção. Quando os avós ficaram doentes teve que ajudar e o seu papel passava por cozinhar algumas refeições. Tinha cerca de 12 anos e foi aí que surgiu o gosto pela cozinha.
Um gosto que foi crescendo. Fez formação profissional e começou a trabalhar na área aos 17 anos, passando por vários restaurantes conceituados e com estrela Michelin, como a Casa da Calçada, em Amarante, o The Yeatman, no Porto, ou o Vila Joya, no Algarve.
Surgiu então a oportunidade de trabalhar no Vista, em Portimão. “Deram-me carta-branca para fazer coisas novas e as coisas aconteceram. Desde que iniciei a profissão trabalhei sempre em cozinhas ‘com estrela’. Quando se fica com o nosso projecto não é uma obrigação ter estrela mas já está quase incutido naquilo que se quer”, confessa o jovem de Campo.
Apesar de só conseguir vir a Valongo quatro a cinco vezes por ano, João Oliveira garante que nunca perdeu a ligação ao concelho e ao seu pão. Lembrando as memórias de infância ligadas ao consumo de regueifa com manteiga ao pequeno almoço de domingo, o chef confessa: “Sempre que eu venho cá ou que alguém vai lá abaixo levam-me sempre regueifa. Ou broa e sêmeas de Campo”.
São essas e outras memórias que tenta passar para a sua cozinha. “Todos os dias há pão fresco no restaurante. Em alguns é regueifa, num formato pequeno e individual. Os clientes gostam porque explicamos o porquê e de onde é que vem”, conta, prometendo que, sendo confrade honorário, vai tentar divulgar ainda mais este produto.
“Todos os portugueses têm o hábito do pão e se dar um bom pão que é das nossas origens e tradição, que podemos valorizar e que tem potencial, por que não fazê-lo?”, questiona.