Verdadeiro Olhar

Centro Escolar de Gandra e Astromil fechado a cadeado

O Centro Escolar de Gandra e Astromil amanheceu fechado a cadeado e com cartazes que apelavam à colocação de mais funcionários na escola. A GNR teve que ir ao local, abrir o estabelecimento de ensino, logo ao início da manhã, e as aulas decorreram normalmente.

Neste momento, a escola básica, frequentada por 306 alunos, está a funcionar com apenas quatro funcionários quando deveria ter nove, para cumprir o rácio legal de um auxiliar por cada 43 alunos.

A Câmara Municipal de Paredes já apelou, entretanto, ao Ministério da Educação que cumpra as suas responsabilidades e “coloque os funcionários, que deve por lei colocar, nas escolas do concelho, para que possam funcionar devidamente”. “Esta falha do Ministério da Educação está a prejudicar alunos, docentes e funcionários dos estabelecimentos de ensino paredenses, e a provocar alarme social”, lamenta a autarquia.

 

Celso Ferreira diz que há contornos políticos nestes protestos

Por outro lado, em carta entregue hoje aos encarregados de educação daquele centro escolar, o presidente da câmara critica este “acto cobarde” e “irresponsável” e com contornos políticos. “O encerramento do Centro Escolar apenas aconteceu hoje  porque iniciei uma presidência aberta à cidade de Gandra”, como já aconteceu, de forma idêntica, em Baltar, diz Celso Ferreira. “Não tenho dúvidas que são episódios protagonizados pela oposição à Câmara Municipal. Fazem-no sem dar a cara e sem escrúpulos, não se coibindo de prejudicar as crianças”, sustenta. “Mais uma vez saiu-lhes o tiro pela culatra, a falha é da exclusiva responsabilidade do Governo”, acrescenta o autarca.

Segundo a Câmara Municipal, no Centro Escolar de Gandra e Astromil, às câmaras municipais cabe garantir os auxiliares da educação pré-escolar enquanto o Ministério da Educação tem que colocar os auxiliares do primeiro ciclo. Neste centro escolar há 73 crianças no pré-escolar, devendo estar presentes três auxiliares (dois para apoio à componente educativa e um para o prolongamento de horário), mas estão colocados quatro, salienta a autarquia. Já no ensino básico, frequentado por 306 alunos, para cumprir o rácio a escola deveria ter nove auxiliares (dois deles pelo facto de existir uma Unidade de Apoio Especializado a Alunos com Multideficiência), mas actualmente só existem quatro, sendo que dois estão ausentes por baixa médica. “Cabe exclusivamente ao Ministério da Educação garantir a respetiva substituição e não é compreensível que não o tenha feito até ao momento”, critica o município na carta endereçada aos pais.

Entretanto, para diminuir os problemas causados por esta falta de funcionários, a Junta de Freguesia de Gandra colocou lá um funcionário a tempo inteiro esta semana, a expensas próprias. “Estou solidário com os pais, mas não com o modo deste protesto”, diz Paulo Ranito. Segundo o autarca, sem a colocação de funcionários o director do agrupamento de escolas pouco pode fazer: “É o problema da manta curta, quando se puxa de um lado…”.

Recorde-se que, no início do mês, o Ministério da Educação autorizou a contratação de 300 novos funcionários para as escolas para dar resposta a “necessidades urgentes”. Mas os sindicatos que representam estes trabalhadores alertaram, no arranque do ano lectivo, para a falta de cerca de 6.000 trabalhadores nos estabelecimentos de ensino, que coloca problemas de higiene, segurança e falta de apoio a alunos e professores.