Activista politico durante a vigência do regime fascista, Lino Lima apesar de poder desfrutar de uma vida que a sua situação profissional lhe proporcionava, o de poder viver acima das possibilidades da imensa maioria dos portugueses, uma vez que era Advogado, pôs muitas vezes em risco tal situação, ao ter uma actividade politica, proibida pelo regime de então, que inclusivamente o privou de exercer actividade profissional, durante largos períodos da sua vida, uma vez que o encarceraram nas suas prisões, por mais que uma vez.
Para além de narrar algumas intervenções em Tribunal na defesa de presos políticos, Joaquim Campino, no seu livro, «Histórias Clandestinas» descreve de forma maravilhosa, a sua ligação a Lino Lima, quando como funcionário clandestino do PCP, exerceu essa actividade no Norte do País, pelo Distrito de Braga e mais concretamente por Famalicão, onde Lino Lima exercia a advocacia e tinha escritório.
Sempre com Joaquim Campino solidário e correndo os inerentes riscos, Lino Lima, até com o seu “Volkswagen Carocha “chegou a transportar a parca «tralha» que Campino possuía, para pela calada da noite, mudar de casa, quando aquela em que estava a viver, dava sinais de estar a ser vigiada, e daí, o consequente risco de um momento para o outro, poder ser assaltada pela PIDE, como aconteceu com tantas outras casas.
Mas terá alguma coisa Lino Lima a ver com Valongo? eu explico: para além de como Deputado na Assembleia da República, ter feito várias visitas ao nosso Concelho e em especial, às Minas de Lousa, descendo ao fundo de uma delas, para melhor se certificar das duras condições de trabalho dos mineiros, Lino Lima no inicio dos anos oitenta do Século passado, foi convidado pela Organização Concelhia de Valongo do PCP, para participar num debate na Junta de Freguesia de Valongo, sobre a Constituição da Republica aprovada poucos anos antes, debate que contou com a presença de mais dois deputados: um do PS e outro do PSD e organizado pela Câmara Municipal de Valongo.
Conhecido como um estudioso e competente nas matérias que discutia, Lino Lima deu logo origem a que os seus opositores conferencistas pusessem as «cartas na mesa» declarando: Um, que não era especialista na matéria e por isso, que não estava muito bem preparado e mais isto e mais aquilo. O outro, que tinha sido convidado à última da hora e que não teve muito tempo para se preparar e por aí adiante.
A tudo isto e para satisfação dos seus camaradas presentes, Lino Lima serenamente respondeu: Ora bem; eu recebi um convite da Organização do meu partido em Valongo para participar neste debate; e por isso, sem me querer considerar um especialista na matéria, aquilo que eu fiz, foi preparar-me para este debate e é para isso que aqui estou.
Tendo uma participação no debate que a todos deixou maravilhados, a sua explicação a um dos presentes na plateia que lhe fez uma observação sobre o que tinha acabado de ouvir, afirmando: Senhor Deputado; nunca se ouviu dizer isso!
Lino Lima, pedagógica e educadamente como era seu timbre, respondeu: Aquilo que o Senhor pode dizer, é: Eu nunca ouvi dizer isso.
Foi daqueles debates que marcam a diferença.
Para Lino Lima, o meu fraterno abraço.