Uma reivindicação antiga dos jovens de Paredes começa a ganhar forma e, afinal, a Casa da Juventude não vai ser só um edifício. Os projectos distribuem-se por vários pólos e vão desde a criatividade ao empreendedorismo, havendo ainda a hipótese de nascerem espaços diferenciados em cada freguesia.
As ideias, desenhadas por jovens, para jovens e que devem ser executadas pelos jovens, foram apresentadas hoje, numa sessão extraordinária da reunião de câmara de Paredes, que decorreu no auditório da Escola Secundária de Paredes. Ao município caberá financiar os projectos. Quanto é que isso vai custar? Ainda não se sabe, referiu o presidente da Câmara Municipal, sustentando que vai depender da adesão dos jovens e do que quiserem fazer de cada projecto.
Projecto “inovador e ambicioso” para um concelho com 25 mil jovens
Depois do projecto Paredes Capital Jovem da Criatividade ter permitido aos jovens dar a sua opinião e apresentar ideias que gostariam de ver implementadas no concelho, os projectos foram estruturados e a agenda para a juventude foi agora divulgada pela autarquia, numa reunião de câmara diferente do habitual.
O projecto maior acaba por ser o da Casa da Juventude de Paredes, que nasce num formato “inovador e ambicioso”. E não poderia ser diferente, num concelho que é o 10.º mais jovem do país e que tem entre a sua população cerca de 25 mil jovens, explicou Manuel Gomes, que apresentou o projecto.
Elencando iniciativas já realizadas na área, como a Semana da Juventude; o Fórum da Juventude; a parceria com a Universidade Júnior; ou o Parque de Escuteiros, que está a nascer em Aguiar de Sousa; o Parque Radical, que está a ser preparado para nascer na antiga ETAR de Paredes; ou o Projecto de Orientação que começa esta semana no Parque da Cidade de Paredes, Manuel Gomes destacou que, num “concelho de características únicas” não basta uma Casa da Juventude, “é preciso um projecto dinâmico, transversal e agregador”, para jovens dos 14 aos 35 anos, de todas as classes sociais e com diferentes níveis de ensino.
Dos 25 mil jovens, 68% são estudantes e, dos 32% restantes, cerca de 41% estão desempregados. Por isso, o projecto da Casa da Juventude foi estruturado nesse sentido.
O conceito vai concretizar-se em vários pólos: um pólo da criatividade, mais lúdico e de lazer; um pólo empreendedor, para ajudar a combater o desemprego e dinamizar o empreendedorismo; e depois vários pólos temáticos descentralizados pelas freguesias.
O pólo da criatividade ficará localizado numa antiga escola da Madalena e vai ter valências como um curso de pilotagem, estúdio de televisão e rádio. Já no pólo empreendedor haverá vários projectos ligados ao empreendedorismo, à integração no mercado de trabalho e de estímulo aos mais jovens na área do voluntariado e proporcionando oportunidades de estudo fora do país. Depois, as juntas de freguesia com edifícios livres poderão implementar pólos com diferentes iniciativas.
“Estão aqui as ideias, apareçam os fazedores”, apela presidente da Câmara
“Achava que iam ser apresentadas promessas feitas na tomada de posse, como a da piscina ao ar livre que ia nascer em Paredes, ou que ia falar da falta de vida nocturna no concelho ou do bar que falta no Parque da Cidade”, acrescentou o vereador. Por outro lado, criticou que “só a um ano das eleições se comece a falar de políticas da juventude. “Só espero que, pelo menos, 10% do anunciado seja feito e que as ideias não fiquem no papel, como a Cidade Inteligente”, sustentou, perguntando ainda “quanto é que isso vai custar ao município”.
Também a socialista Beatriz Meireles falou do projecto da Casa da Juventude. “Há ideias interessantes que não devem ser esquecidas, mesmo que mude o partido no poder. Mas há projectos que devem ser maturados”, afirmou.
Os alunos presentes, tiveram também oportunidade de intervir. Questionaram a autarquia sobretudo sobre o custo do projecto e como vão poder participar nas iniciativas. Teceram ainda algumas críticas em relação à actuação da autarquia e em relação à falta da rede de transportes no concelho, que os pode impedir de participar activamente nestes projectos.
Depois de dois anos e meio de trabalho, Celso Ferreira diz que a bola está do lado dos jovens. “Estas são ideias de jovens, realizadas por jovens e para jovens. Queremos que seja um projecto vosso. Estão aqui as ideias, apareçam os fazedores. E este é um projecto aberto, em que todas as ideias são bem-vindas”, garantiu o autarca. Segundo o presidente da Câmara, à autarquia caberá, essencialmente, o financiamento dos projectos. Quanto vai custar? Não sabe. “O valor a investir depende de cada projecto e da ambição de cada um”, salientou.
“Espero que o projecto da Casa da Juventude seja um embrião para o futuro e peço aos jovens que aproveitem esta oportunidade. Não têm que ter medo de falhar”, disse Celso Ferreira.
O autarca frisou ainda que o projecto da juventude é prioritário.
O projecto foi votado por unanimidade.
Estrutura da Casa da Juventude e projectos já definidos
- Pólo da criatividade – antiga escola da Madalena
– escola audiovisual, em parceria com a RTP, com estúdio de televisão onde jovens podem criar os seus projectos
– estúdio de rádio, que vai funcionar de forma idêntica ao de televisão e que pode servir de sala de ensaio para bandas de garagem
– Sons de juventude, festival do género do Funpark, que já foi realizado no concelho
- Pólo do empreendedor – no edifício da Incubadora para o Design de Mobiliário
– centro de gestão de ideias de negócio para jovens – para apoiar a pôr negócios em prática, criação de plano de negócios e constituição de empresas, além de poderem receber conselhos de empreendedores
– open space para trabalhadores liberais – para quem acabou o curso e precisa de um espaço para trabalhar
– parceria com a UPTEC, incubadora da Universidade do Porto
– programa de estágios nas empresas de Paredes para jovens que saíram do ensino secundário ou superior
– gabinete da ciência e investigação (projecto da Embaixada da Juventude)
– plataforma online para mediação de emprego jovem – onde jovens podem carregar currículo e ter conhecimento das ofertas de emprego no concelho
– centro Erasmus + – que vai permitir fazer voluntariado fora do país, estudar lá fora, fazer estágios e também receber jovens de outros países nas residências criativas
– Business Young School
- Pólos temáticos descentralizados – a implementar nas freguesias
