Chama-se Casa da Floresta das Serras do Porto, Paiva e Sousa e é o novo projecto da Associação Florestal do Vale do Sousa (AFVS). As primeiras actividades decorreram no sábado, no âmbito das comemorações dos 25 anos da instituição, tendo como palco a antiga Escola Básica N.º 2 de Aguiar, em Aguiar de Sousa, Paredes. Crianças e adultos tiveram animação, acesso a conto de histórias, actividades de artes plásticas alusivas à floresta e aprenderam a construir uma lancheira saudável com produtos naturais.
O objectivo da AFVS é promover o uso ordenado dos espaços florestais do Vale do Sousa para fins recreativos, educativos, culturais e terapêuticos, com benefício para produtores florestais e para a população em geral. O trabalho deverá ser realizado em parceria, mobilizando vários contributos, entre eles voluntários e organizações privadas e públicas ligadas a esses espaços florestais, e ser desenvolvido de uma forma auto-sustentável.
Objectivo é combater o uso desordenado da floresta e transformá-lo em uso benéfico para os produtores florestais e para o resto da população
A Associação Florestal do Vale do Sousa é uma instituição privada sem fins lucrativos, fundada a 30 de Março de 1994, cuja área de actuação abrange os seis concelhos do Vale do Sousa, nomeadamente Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paredes, Paços de Ferreira e Penafiel.
A instituição, que completou no sábado um quarto de século, conta com 498 associados e abrange 40% da área florestal do Vale do Sousa.
A AFVS foi a primeira associação de nível sub-regional criada no âmbito do movimento de fomento do associativismo florestal, desencadeado com a criação da FORESTIS – Associação Florestal de Portugal. Tem como objectivo “através da união dos proprietários florestais, criar serviços que os apoiem no sentido de valorizar o seu património florestal, procurando desta forma ultrapassar dificuldades que teriam se actuassem isoladamente”. Tem vindo a constituir Zonas de Intervenção Florestal, existindo actualmente quatro.
Américo Mendes, presidente da AFVS, aproveitou a sessão comemorativa realizada no salão nobre da Câmara Municipal de Paredes, presidida pelo secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Regional, Miguel de Freitas, para apresentar o novo projecto, a Casa da Floresta das Serras do Porto, Paiva e Sousa.
Os espaços florestais estão a ser objecto de um uso cada vez mais intensivo para fins recreativos, especialmente numa zona de interface rural/urbano como é o Vale do Sousa, explicou. Esses usos ocorrem muitas vezes de uma forma desordenada, sem benefícios, e mesmo com prejuízos, para os produtores florestais e para a protecção e valorização dos espaços florestais.
“Mobilizando os contributos voluntários de várias entidades e da população que usa, ou vive perto dos espaços florestais e organizando o seu trabalho em parceria, é possível combater esses usos desordenados, transformá-los em usos benéficos para os produtores florestais e para o resto da população e fazer isto de forma auto-sustentável”, acredita a Associação Florestal.
A Casa da Floresta terá como entidades coordenadoras a Associação Florestal do Vale do Sousa e a Incentivar Partilha – Associação. Nesta fase inicial do projecto conta com o apoio da Câmara Municipal de Paredes e da Junta de Freguesia de Aguiar de Sousa.
O projecto envolve a combinação de recursos, como a disponibilização, em regime de comodato ou de uso partilhado, por entidades públicas ou outras de instalações sub-utilizadas na proximidade de espaços florestais, como é o caso da antiga escola em Aguiar de Sousa; do uso dessas instalações como pontos de apoio logístico para actividades em espaço florestal ou relacionadas com ele; da mobilização de colaborações voluntárias e remuneradas, qualificadas e com motivações solidárias, para a organização ordenada de actividades recreativas, educativas, culturais e terapêuticas em contexto florestal; da atracção para estas actividades e de fazer reverter os rendimentos assim gerados em benefício de actividades de interesse colectivo dos produtores florestais e da população, como por exemplo da protecção da floresta contra incêndios.
Aguiar de Sousa arrancou como “protótipo” de um conceito que pode ser replicado noutros locais do Vale do Sousa.
Futuramente, o objectivo passa pela realização de actividades recreativas, educativas, culturais e terapêuticas em contexto florestal “de acesso a livre para grupos carenciados da população local e a pagar para outros grupos de população local ou de fora da localidade, com as receitas a reverter para actividades de interesse colectivo de protecção da floresta”, justifica a AFVS.