Não deixa de ser curioso que uma nota de imprensa da 50.ª Capital do Móvel comece com uma lamentação do seu director-geral, mas é fácil de compreender a aflição de quem, como ele, assiste, impotente, ao desaparecimento presumível de uma feira daquela importância.
Há muito tempo que os sinais deixados pela Capital do Móvel apontam para isso: o número de expositores vai-se reduzindo, o público é residual e os resultados financeiros desencorajadores (as receitas de bilheteira quase não pagam os custos da electricidade). No entanto, a oposição da maioria dos sócios da AEPF à deslocação para Lisboa de uma das edições da feira é fácil de perceber: constituindo eles a maioria dos expositores e não pagando pelos espaços que ocupam na feira em Paços de Ferreira, teriam de suportar os custos da montagem da exposição em Lisboa, utilização dos respectivos espaços e remuneração do pessoal afecto ao certame. Ora, se a isto se juntar o facto de muitos dos stands, em Paços de Ferreira, nem chegarem a ser desmontados até à edição seguinte, como se o objectivo fosse o de que a Capital do Móvel se transformasse numa exposição permanente, disponível durante todo o ano, parece que se pode concluir que andará longe o desejo de levar a feira a novos públicos, o que poderia ser talvez a última tentativa de inverter uma trajectória inglória de uma realização comercial local que foi, em tempos, marcante.
Torna-se assim capital encontrar uma ideia que possa salvar esta feira.