Capão volta às mesas dos restaurantes de Paços de Ferreira
Roberto Bessa Moreira
Já começou a X Semana do “Capão à Freamunde”, evento que decorre até ao próximo dia 13. Até lá, sete restaurantes vão servir dezenas de pratos desta iguaria considerada única e que se assume como uma marca identificativa de Freamunde e do concelho de Paços de Ferreira.
A iniciativa termina com um jantar, no qual será eleito o melhor capão e com a Feira de Santa Luzia, que atrai milhares de pessoas e muitos vendedores de capões vivos.
Esta é a primeira edição da Semana do Capão após a União Europeia ter atribuído ao “Capão à Freamunde” a Identificação Geográfica Protegida. Uma medida que, reconheceram os vários agentes ligados ao capão, ainda não produziu efeitos na comercialização do petisco.
2500 capões vendidos em 2014
Foi em Maio deste ano que a União Europeia atribuiu ao “Capão à Freamunde” o estatuto de Identificação Geográfica Protegida, concretizando, deste modo, uma ambição antiga da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, mas sobretudo da Junta de Freguesia de Freamunde e da Associação de Criadores de Capão. Na altura, a decisão europeia foi celebrada efusivamente, pois permitiria, alegavam as diversas entidades, levar o “Capão à Freamunde” a todo o país, aumentando, assim, o seu reconhecimento e ainda os proveitos económicos para os criadores. Mas, sete meses depois da atribuição da Identificação Geográfica Protegida, pouco mudou neste sector tradicional. “2016 é o ano zero. Estamos a ultimar muitas coisas, mas não é fácil. O nosso alvo são os restaurantes, mas não podemos chegar lá com o capão debaixo do braço”, afirma Ricardo Graça, presidente da Associação de Criadores de Capão. Este responsável defende que, apesar das dificuldades encontradas, “o capão tem tudo para ser um bom negócio” e Armanda Fernandez, presidente da autarquia de Freamunde, garante que “há pessoas interessadas em fazer do capão um negócio rentável”. “Cada vez mais temos pessoas à procura do capão e vamos ter de arranjar uma forma de ter o capão por muito mais tempo durante o ano”, acrescenta. Ricardo Graça concorda: “Só neste mês fomos contactados por 30 restaurantes, mas temos o constrangimento de não podermos responder às encomendas. A nossa ambição é que o capão deixe de ser sazonal”.
O líder da Associação de Criadores de Capão recorda que, em 2014 e apenas através dos criadores inscritos na associação, foram vendidos 2500 capões.
Melhores capões escolhidos por júri qualificado
Entretanto, a Câmara Municipal de Paços de Ferreira continua a promover o “Capão à Freamunde” e apoia a X Semana Gastronómica. Durante 13 dias, sete restaurantes integram este petisco na sua ementa de fim-de-semana e disponibilizam-no, com uma marcação prévia de 24 horas, todos os dias da semana. O evento conta ainda com um jantar, no qual será escolhido por um júri constituído por vários chefs o melhor “Capão à Freamunde”. Já no dia seguinte, 13 de Dezembro, será eleito, num concurso a realizar na Feira de Santa Luzia, o melhor capão vivo. “O capão é uma forma de atrair pessoas ao concelho e dinamizar a economia local”, alegou o vereador Paulo Sérgio Barbosa.