“Construído de raiz, estudado ao pormenor e ajustado às necessidades da corporação”. É assim o novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Lordelo, inaugurado, hoje, durante as cerimónias que marcaram o 52.º aniversário da associação humanitária.
Trata-se de um investimento de cerca de dois milhões de euros que traz melhores acessos e dá “condições dignas” aos bombeiros, sobretudo pelas camaratas femininas e masculinas ajustadas e pelo facto de conseguir albergar todos os veículos da associação humanitária, afirma o comandante, José Freitas. “Conseguem sair 24 veículos ao mesmo tempo”, dá como exemplo.
A obra vem beneficiar os 97 elementos do corpo activo, mas também a escola de infantes e cadetes, a fanfarra e os bombeiros do quadro de honra, num total de 170 elementos.
O sentimento era de “alegria e emoção” e José Freitas não escondeu que este foi um dia “muito aguardado”. Não deixou também de agradecer o “empenho, dedicação, coragem e resiliência” da direcção que, em menos de dois anos e apesar da pandemia, fez nascer este novo quartel. Tanto ele como o presidente da direcção da associação humanitária, Miguel Freitas, enalteceram os apoios da Câmara de Paredes, Junta de Freguesia de Lordelo, cooperativa de eletrificação A LORD e várias empresas e populares.
Miguel Ferreira, presidente da direcção, afirmou que foi um trabalho conjunto com o comando, para dotar a corporação de mais meios humanos e materiais. Há agora “uma capacidade de intervenção acrescida, com mais meios e segurança”, disse. Já Francisco Leal, presidente da Assembleia Geral da instituição falou num dia “histórico” e que marca “uma vitória” perante as muitas dificuldades ultrapassadas. Um quartel que é “resultado do esforço” de alguns que não tiveram “medo de fracassar”, apontou ainda.
A corporação serve cerca de 15 mil pessoas das freguesias de Lordelo, Vilela e Duas Igrejas.
Deixados apelos ao ministro para apoios do PRR
O presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, aproveitou a cerimónia para explicar que, para que sejam criadas cada vez melhores condições para os muitos voluntários e profissionais, nos últimos quatro anos, o município concedeu às cinco corporações de bombeiros e duas delegações da Cruz Vermelha do concelho cerca de 3,4 milhões de euros, em subsídios e apoios para concretização de obras e aquisição de viaturas. Ainda recentemente, sustentou, foram também dados subsídios para ajudar as instituições a enfrentar a subida do preço dos combustíveis.
O autarca disse ainda ao ministro da Administração Interna, que presidiu à sessão, que os grandes investimentos realizados não tiveram apoio governamental ou europeu. “São necessários mais investimentos e infra-estruturas e viaturas de socorro”, referiu, pedindo a José Luís Carneiro que sejam canalizadas verbas para este fim através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou de fundos comunitários. Até porque, afirmou Alexandre Almeida, continuam a ser realizadas obras nos quarteis dos Bombeiros de Cete e de Paredes e é necessário “começar a construir um centro de meios aéreos, com torre de controlo, junto ao heliporto dos Bombeiros Voluntários de Baltar”, cujo projecto está pronto.
José Morais, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito do Porto (e também comandante dos Bombeiros de Paredes), deixou apelo semelhante: “A maior preocupação do distrito do Porto é o envelhecimento do parque de veículos operacionais. Precisam de substituição”. Enalteceu ainda o concelho de Paredes e as suas corporações, citando um relatório que aponta o município como o 16.º do país onde há maior número de bombeiros por quilómetro quadrado: 26.
Em representação da Liga de Bombeiros Portugueses, Emanuel Santos (também comandante dos Bombeiros de Ermesinde) entregou condecorações e defendeu que as corporações precisam de incentivos ao voluntariado jovem, já que os corpos de bombeiros são “escolas de formação e cidadania”. O Brigadeiro General Duarte da Costa, que preside à Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, apontou que um novo quartel contribui para atrair jovens para os bombeiros.
Lordelo terá nova Equipa de Intervenção Permanente em breve
José Luís Carneiro apontou este novo quartel dos Bombeiros de Lordelo como “a concretização de um sonho e um exemplo de abnegação”. O ministro elogiou os bombeiros e sustentou que o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais de 2022 é “robusto, com mais meios, mais viaturas, mais Equipas de Intervenção Permanente (EIP), com meios aéreos em permanência” e que aposta “na articulação entre todos os agentes de protecção civil”. Mas o factor humano é a grande mais-valia, sentenciou o governante.
O ministro referiu que a corporação de Lordelo terá, em breve, uma equipa de intervenção permanente (EIP) já homologada. “São quatro as equipas profissionais neste município, num total de 39 equipas operacionais no distrito do Porto, estando outras 13 também já protocoladas”, lembrou. A aposta na profissionalização “não substitui, mas fortalece” um dispositivo maioritariamente assente no voluntariado, frisou.
Além disso, elencou os apoios previstos pela Directiva Financeira do Ministério da Administração Interna 2022, aprovada em articulação com a Liga dos Bombeiros Portugueses. Haverá um aumento de 7% nos montantes associados à comparticipação diária efectuada aos bombeiros integrados nos dispositivos, passando a comparticipação diária aos Bombeiros de 57€/dia para 61€/dia e, no caso dos elementos de comando, de 67€/dia para 71€/dia. Também serão actualizados, em cerca de 15%, os montantes das despesas com alimentação, passando o valor do almoço e do jantar de 8,75 euros para 10 euros. Ficou também consagrado um apoio específico superior a meio milhão de euros, a pagar numa única tranche – em Junho – às associações humanitárias detentoras de corpos de bombeiros que constituam ou acolham equipas DECIR, entre outros.
Perante os apelos lançados, José Luís Carneiro avançou que, “no que respeita ao PRR, encontra-se contemplada uma verba de cerca de 20 milhões de euros, dos quais 12,6 milhões de euros destinam-se à aquisição de 81 veículos florestais, naquela que será a maior distribuição desde 1980, seis milhões de euros para reforçar a segurança pessoal dos bombeiros através da aquisição de Equipamentos de Protecção Individual (EPI) e um milhão de euros para formar, através da Escola Nacional de Bombeiros, 3300 agentes de protecção civil, entre 2021 e 2023, sendo que os principais beneficiários desta formação serão os bombeiros”.