Longe vão os tempos em que a televisão na casa dos meus pais tinha apenas dois canais, a RTP1 e a RTP2, e que passavam com muita frequência filmes do faroeste interpretados por Bud Spencer ao lado de Terence Hill. Confesso que não me lembro do título de nenhum dos filmes, mas recordo-me que o enorme Bud Spencer era de bom coração e só distribuía bofetadas aos maus quando tinha motivos e sempre com um toque de humor.
Na verdade, Carlo Pedersoli (era este o seu verdadeiro nome), era muito mais do que um famoso actor de cinema. Nasceu em Nápoles, na Itália, em 1929, com uma juventude repleta de êxitos desportivos como nadador. Participou nos Jogos Olímpicos 1952, em Helsinquia, e nos de 1956 em Melbourbe. Ganhou sete medalhas de ouro pela Itália na modalidade dos 100 metros livres.
Esta personalidade brilhante, que era casado há 56 anos com a mesma mulher e tinha três filhos, para além de actor e nadador, era licenciado em direito e poliglota – falava fluentemente seis línguas, inclusive o português – foi cantor, estilista, autor de roteiros, guitarrista, operário fabril e bibliotecário.
Durante a sua vida de actor nunca recebeu qualquer prémio nem foi laureado, quem sabe, como ele mesmo disse, “porque não sou gay, nem transexual e tenho a mesma mulher há mais de meio século”.
Morreu esta semana, aos 86 anos, sem nunca ter procurado o reconhecimento e tendo participado em muitas iniciativas mundiais contra o aborto e a favor da vida.