O avô mais velho de Penafiel, com 104 anos de idade, foi homenageado, esta quarta-feira, durante as comemorações do Dia dos Avós. Em honra de Vitorino Fernandes foi feito um bolo com 104 metros.
O residente em São Martinho de Recezinhos tem quatro filhos, seis netos, seis bisnetos e um trineto. Dono de uma lucidez invejável, Vitorino Fernandes lembra-se que ainda recentemente foi ao palco desta festa para ser homenageado. “Só não vim a esta festa no ano passado porque estava no hospital. Quebrei a perna. Este ano estava melhor e resolvi vir por ser o mais velho do concelho”. “E gosta desta festa?”, perguntamos. “Se não gostasse não vinha cá”.
O avô conta que andou na escola, fez a quarta classe e depois foi para alfaiate. “Fiquei viúvo aos 80 anos. A minha esposa faleceu com 65 anos. Depois fui pastor e cozinheiro. Tinha que fazer comer para mim”, brinca.
Viveu sozinho durante 23 anos. “Ao meio dia ia comer a casa de uma nora, à noite à da outra. Morreram as duas. Fiquei eu a fazer de comer para mim. Às vezes fazia estrugido e queimava-se. Resolvi passar a receber alimentação do centro social”, explica Vitorino. “Agora moro em casa do meu filho mais velho e tenho uma neta que olha por mim”, acrescenta.
O que se faz com 104 anos? Sobretudo dormir. “Às vezes venho para a sombra e passam os carros, buzinam e eu levanto a mão”, diz.
O filho mais velho, Alexandrino Fernandes, de 77 anos, fez-lhe companhia esta quarta-feira. “O meu pai ainda é autónomo e lembra-se de tudo o que aprendeu na escola. O problema é mesmo só o andar, porque fracturou o fémur no ano passado. E só toma um medicamento para o coração”, realça.
O Dia dos Avós atraiu mais de 6.000 avós, filhos e netos ao Parque da Cidade de Penafiel.
Este ano, além do tradicional piquenique, das aulas de zumba, da animação musical e da missa, decorreu a iniciativa “Ensinar brincadeiras de antigamente”, que disponibilizou jogos tradicionais para os avós demonstrarem aos seus netos como se brincava em “tempos idos”.
Avós partilharam com netos brincadeiras de antigamente
Francisco Soares, de Boelhe, veio pelo sexto ano comemorar o Dia dos Avós. Trouxe com ele os seis netos. O mais velho com 15 anos e a mais nova com 10 meses. Ao início da manhã, estava a mostrar aos netos os jogos que ainda recorda da sua infância. “Tenho pena que já não se joguem estes jogos tradicionais”, diz. Lisandra Vieira, a neta, com 12 anos, também é repetente nesta festa. “Gosto disto porque é um momento de convívio e em que podemos brincar todos. E é engraçado experimentar estes jogos”, afirmou.
Conceição Rocha, de 66 anos, veio de Rans para se divertir. Os netos (tem quatro, em breve cinco) não trouxe, porque estão todos em França, lamenta. “Já venho ao Dia dos Avós há muitos anos. Gosto de ver aqui estes jogos tradicionais e tenho pena que se estejam a perder. Já estive a puxar à corda, a saltar e agora vou dançar zumba”, referiu a sénior.
“O Dia dos Avós é cada vez mais uma festa da família”
Segundo Antonino de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Penafiel, entidade responsável pela organização do Dia dos Avós, este continua a ser “um dia muito especial na vida do concelho”. “Foi aqui que tudo começou. A mentora deste dia, Ana Elisa Couto, foi uma penafidelense que com perseverança e determinação conseguiu que fosse instituído o Dia dos Avós”, lembrou o autarca. Antonino de Sousa salientou ainda que a festa no Parque da Cidade permite a presença expressiva de avós e também de filhos e netos. “O Dia dos Avós é cada vez mais uma festa da família”, afirmou.
A história da penafidelense, que lutou 17 anos até à instituição deste dia pela Assembleia da República, em 2003, foi eternizada em livro pelo filho, António Couto Faria. O livro “Sim, valeu a pena” foi apresentado durante a festa.