Chama-se Vitorino Silva mas não é assim que o povo o conhece. E é com orgulho que se apresenta como Tino de Rans.
Depois de, recentemente, ter tido uma votação que surpreendeu nas eleições à presidência da República, decidiu candidatar-se à Câmara Municipal de Penafiel, como independente. Uma independência que diz que lhe dá a liberdade que os partidos não têm.
Afirma que nota desgaste na Coligação Penafiel Quer e que Antonino de Sousa não soube “segurar o barco” nos últimos quatro anos. Avaliação negativa faz também da oposição socialista que diz não ter sabido ajudar o concelho.
Tino de Rans garante que não vai ficar à porta dos gabinetes em Lisboa e que, caso fosse presidente, já haveria IC35. Sustenta que as pessoas já não querem grandes obras mas sim políticos próximos e que ele é a opção certa, porque vai ser próximo como Marcelo Rebelo de Sousa.
Promete construir um passadiço entre Abragão e Rio Mau, que traga turistas e tire partido do potencial dos rios Tâmega e Douro.
Mas o seu principal objectivo passa por combater a abstenção no concelho. Por isso, afirma, quantos mais candidatos melhor.
Se vai ser presidente ou vereador não sabe, mas diz acreditar que pode ser “o campeão do Outono”.
Depois de ser candidato à presidência da República, porque decidiu ser candidato à câmara de Penafiel?
Decidi candidatar-me à Câmara Municipal de Penafiel porque tinha uma dívida para com esta gente. Sou de Penafiel, nascido e criado, é aqui que tenho a minha família e gosto de política. Depois de ter concorrido às eleições presidenciais, ao olhar para os resultados eleitorais, percebi que esta gente gosta muito do Tino e acolhi o chamamento do povo de Penafiel. Foram mais de 8.000 votos em Penafiel.
Este foi um caminho natural. Depois de ter terminado o meu mandato como presidente de junta de freguesia de Rans, foi eleito presidente de Câmara de Penafiel, um grande amigo, Alberto Santos, que apoiei e que na minha opinião fez bons mandatos autárquicos. Mas a avaliação autárquica que faço dos últimos quatro anos não me deixa satisfeito e faz-me acreditar que comigo a presidente a câmara consigo fazer muito mais e muito melhor por muito menos.
Foram os resultados nas presidenciais que o motivaram a candidatar-se?
Depois de ver aquele resultado tive que pedir conselhos a políticos cá da terra. Tive 22% em Penafiel contra o Marcelo. E tenho a noção que muita gente que votou Marcelo também podia votar no Tino, porque são políticos muito parecidos, políticos muito próximos do povo, das pessoas, que não têm problemas de se misturar com as pessoas. Há uma grande falta de políticos com estas características.
Muita gente que votou Marcelo também podia votar no Tino, porque são políticos muito parecidos
Falta essa proximidade às pessoas na política?
Falta. Mas antes de decidir ser candidato, fui ouvir conselhos de quatro políticos do concelho e perguntei o que fazer com estes votos. Foram votos de confiança e não podia de maneira nenhum abandonar a política, abandonar o povo.
Um disse-me: “Tivestes 155 mil votos, mais votos que o Bloco de Esquerda para o Parlamento Europeu, se fosse a ti concorria ao Parlamento Europeu”. Fui ter com outro político e perguntei-lhe o que fazer com estes votos e ele disse-me “se fosse a ti concorria à Câmara de Lisboa porque tu és um político nacional e os focos estão sempre centrados em ti”. Fui ter com outro político cá de Penafiel que me disse: “Trabalhas na Câmara do Porto, no distrito tivestes 50 mil votos, se fosse a ti concorria à Câmara de Porto”. Outro disse-me: “A sua mulher é de Valongo, tens lá o restaurante, se fosse a ti concorria à Câmara de Valongo”.
Quatro políticos de Penafiel e nenhum disse a mesma coisa. Entretanto fui ouvir o povo e o povo disse-me o mesmo que o resultado eleitoral: “Tens medo de ir a votos na tua terra?”. O povo foi o meu conselheiro. O povo queria que fosse a Penafiel.
Acredita que a população de Rans vai voltar a fazer de si o mais votado nestas autárquicas?
Sou candidato à Câmara de Penafiel. As freguesias para mim são todas iguais. São 62.500 eleitores. Tenho muita honra em ter sido presidente da Junta de Rans durante oito anos e um dia. É a minha terra, a terra que me viu nascer. Sou conhecido por Tino de Rans. Não tenho vergonha nem escondo as minhas raízes, mas sou candidato à Câmara Municipal de Penafiel. Espero ter, também, um grande resultado em Rans, porque o povo da minha terra gosta de mim e conhece-me.
Mas o apoio de Rans não basta. Acha que recolhe apoios em todo o concelho?
Andei no terreno. Fui às 38 freguesias – para mim não são 28 – recolher assinaturas com a minha equipa. Senti força em todo em lado, toda a gente me ajudou. A minha candidatura foi muito bem aceite porque é uma candidatura genuína e independente. Não está ligada a “lobbies”, a vírus, a influências. É isso que falta na política. As pessoas hoje em dia estão afastadas dos partidos. Se fosse candidato por um partido qualquer, não tinha a força que tenho. O povo olha com muita desconfiança para os partidos porque os partidos tiveram 40 anos para provarem o que valem e distraíram-se.
Ser independente dá-lhe liberdade?
Dá-me liberdade e percebi isso quando estava na corrida pela obtenção das assinaturas. Começamos meio ano antes, enquanto os partidos estão só à espera do limite para entregar as listas, o processo é muito mais simples.
Arranjar assinaturas permitiu-nos lidar com as pessoas, ouvir as pessoas e esse contacto permitiu-nos fazer 90% do programa eleitoral, porque quem conhece melhor a realidade do concelho são os habitantes.
A minha candidatura foi muito bem aceite porque é uma candidatura genuína e independente. Não está ligada a “lobbies”, a vírus, a influências. É isso que falta na política.
É então junto das pessoas que está a recolher as ideias para o seu programa?
Estou a ser assessorado pelas pessoas. Todas as contribuições são importantes, desde as mais simples, às mais sofisticadas. Há ideias para todos os gostos.
Na apresentação da sua candidatura disse que estava no quilómetro zero de uma longa maratona. Tem encontrado muitos obstáculos?
Sabia que ia ter obstáculos, mas também sabia que os ia conseguir ultrapassar. A candidatura foi aprovada. Agora estamos à espera da campanha para as pessoas conhecerem o nosso programa, as nossas ideias.
Temos uma grande lista, com pessoas de todas as áreas, de todo o concelho. Esta é uma candidatura independente, constituída por pessoas que já votaram em quase todos os partidos. É uma candidatura de todos que tratará tudo e todos por igual, independentemente das cores políticas. É uma candidatura da terra, de gente da nossa terra, que conhece todas as pedras da calçada. É uma candidatura de pessoas normais que vão todos os dias ao mini mercado, participam nas associações, vão levar os filhos à escola, andam nos transportes públicos, ou seja, conhecem a realidade de cada uma das nossas terras.
Antigamente, Penafiel era conhecida pela cidade da “risca ao meio”, e não podia admitir que Penafiel, concelho, fosse considerado um concelho de risco ao meio. Foi a razão de ter escolhido pessoas de todas as partes do concelho. Penafiel tem freguesias muito diferentes. Acho que tive muita sorte. Encontrei pessoas com muitas capacidades e gente de todas as áreas.
Também disse que era o início de uma revolução. Penafiel precisa de uma revolução?
O povo de Penafiel está à espera do dia 1 à noite. A revolução começou ao quilómetro zero, em frente à Câmara. Sozinho, porque esta é uma candidatura sem medo, de um homem livre e um homem que não tem medo de combater os truques da democracia.
Sinto que há um desgaste. O Antonino não conseguiu segurar o barco.
Qual o balanço que faz do trabalho deste executivo nos últimos quatro anos?
Apoiei o Alberto Santos, que foi um grande presidente e esteve 12 anos no poder. E apoiei-o numa altura em que havia um desgaste. Sinto que, nesta altura, também há um desgaste. O Antonino não conseguiu segurar o barco. Ninguém consegue estar sempre no auge.
Os últimos quatro anos foram muitos diferentes ao nível de proximidade, comparativamente com os anteriores 12 anos. Houve distanciamento das pessoas e falta de acompanhamento da forte dinâmica das nossas terras. Passou a haver muitos formalismos e muitas mensagens formatadas. Gosto das coisas naturais, sem artificialismos, de falar olhos nos olhos com as pessoas na rua, nos cafés, nos restaurantes, ou seja, gosto de ir ao encontro das pessoas. Não vou ficar no gabinete à espera, vou ao encontro das pessoas.
Aquilo que me levou a apoiar o Alberto Santos, há 16 anos, foi o facto de ter feito uma grande viragem no concelho. Sinto que é preciso outra viragem. É preciso virar a página porque não podemos estar sempre na mesma página do livro. O povo de Penafiel está à espera do que vem a seguir.
E a oposição, tem sabido cumprir o seu papel ou fica aquém do esperado?
Acho que se o Antonino tivesse uma grande oposição, Penafiel tinha ganho muito mais. A oposição até fez um pior trabalho que o próprio Antonino. Enquanto o André Ferreira, que é vereador, esteve três anos e tal sem fazer nada e agora está no activo, o Antonino também, esteve quase três anos e tal sem fazer nada e agora deixou as obras todas para o fim. Tanta obra em tão pouco tempo. Acho que está a haver uma “obradose”. E o André agora aparece todos os dias, depois de três anos sem aparecer. As pessoas olham isso com desconfiança.
Se existisse um Tino há 30 anos o IC35 já estava feito há muito tempo, porque as portas não se fechavam
Uma boa oposição teria estimulado o executivo a fazer mais?
Muito mais. Tinha dado um grande contributo ao presidente. A partir do momento em que o presidente de câmara ganha as eleições, não importa se é do partido A, B ou C, ele preciso da ajuda de toda a gente, não precisa apenas de quem o elegeu. Também precisa da oposição e acho que o PS não fez um esforço para ajudar Penafiel. Não é ajudar o Antonino. Remou contra a maré. Quando se ganha umas eleições, devemos estar todos do mesmo lado. A oposição dormiu um bocado na forma. Durante três anos esteve distraída.
Qual é o seu projecto para Penafiel?
Os projectos que tenho para Penafiel têm as pessoas como centralidade. São projectos de aumento da oferta de emprego, para que os nossos não tenham que sair do concelho para trabalhar. São projectos que pretendem melhor a qualidade de vida e promoção de saúde; de mobilidade, para que os que se têm de se deslocar o consigam fazer de forma segura, prática e cómoda; na área do ambiente, para que a nossa terra seja um forte exemplo no cuidado e preservação da casa de todos nós, o planeta.
O nosso concelho teve um grande investimento em infra-estruturas nos últimos anos, mas agora o investimento tem de ser nas pessoas.
Gosto de assumir compromissos que sei que consigo cumprir. Acredito no valor da palavra. Se todos me deram a oportunidade de liderar o concelho vamos ter pessoas mais felizes, mais próximas de tudo e de todos e seremos mais ouvidos.
O que mudaria com Tino de Rans à frente da câmara?
Amarante teve um Assis, Baião teve um José Luís Carneiro. Em Penafiel falta um líder que chegue a Lisboa e que abra portas. Penafiel virou-se muito mais para Espanha, para a Galiza, do que para Lisboa.
Penafiel tem de ter um político que não fique à porta dos gabinetes e traga para o concelho o que o município deveria ter há muito tempo. Se existisse um Tino há 30 anos o IC35 já estava feito há muito tempo, porque as portas não se fechavam. Não assistíamos a este jogo do empurra. Do governo A para o governo B. Essa é a mais-valia da minha candidatura, que é independente e, tenho a certeza, que independentemente da cor do Governo as obras vêm para Penafiel.
Penafiel tem história e está bem situado. É uma terra que tem muita gente e belezas naturais. Temos uma porta muito grande que é o rio, estamos a 30 quilómetros do Porto e temos um aeroporto a 40 quilómetros. Fico triste quando vejo que os turistas preferem outros destinos que não Penafiel. Não conseguimos trazer os turistas para Penafiel. É preciso começar por aí, porque temos muito para mostrar.
Temos de ter a humildade de perceber o que foi bem feito noutros concelhos e aproveitar essas ideias. Vejamos os passadiços no Paiva, que atraíram milhares e milhares de pessoas. Nós temos dois rios internacionais, o Tâmega e o Douro, e por que não fazer uns passadiços de Abragão a Rio Mau? Temos um património natural único. Também pretendemos promover os produtos do concelho. Existem no município miradouros lindíssimos e queremos aproveitar os já existentes fazer tipo postos de turismos. Claro que vão ser 21 quilómetros, mas será feito por fases.
São pequenas coisas. As pessoas não estão à espera de grandes obras.
As pessoas não estão à espera de grandes obras. As pessoas preocupam-se com as pequenas coisas
O tempo das grandes obras já passou?
O tempo das grandes obras e do cimento já passou. As pessoas preocupam-se com as pequenas coisas. Uma coisa que me entristece muito, e viajo pelo país todo, é quando venho de Lisboa ver placas a dizer Paredes, Felgueiras, Vila Real e não ver placas a dizer Penafiel. Acontece isso na A41, na A3, na A4… É uma vergonha. Há muita gente que vem ter comigo a Penafiel e quando me apercebo já estão em Valença ou em Braga. Vão sempre em frente. Estamos a falar de coisas simples.
O povo não quer megalomanias. E não sabemos como vamos encontrar a câmara em Novembro. Sei que, neste momento, cada penafidelense deve 331 euros. Só espero que em Novembro, quando for a fazer as contas, cada penafidelense não deva 700, 800 ou 900 euros.
Acha que a situação financeira da câmara é preocupante em termos de dívida?
O que digo é que tenho visto tanta obra em tão pouco tempo… Vamos esperar para ver.
Falou no IC 35, uma luta que se arrasta há muito tempo. Culpa os governos que têm parado a obra ou os representantes de Penafiel por não terem sabido reivindicar a obra?
Culpo os partidos em Penafiel que não conseguiram arranjar líderes que se destacassem em Lisboa. Não é por acaso que, nos últimos 30 anos, quer o PS quer o PSD optem por colocar os candidatos a deputados do concelho nos lugares cinzentos das listas. Em Lousada há deputados que vão em segundo, terceiro, quarto da lista, o mesmo acontecendo em Baião e Amarante. Os de Penafiel vão em 18.º, 25.º, 27.º. É uma vergonha. Penafiel tem pessoas que podiam fazer percurso no Parlamento.
Se for eleito o que é que vai fazer para reivindicar o IC35?
É simples. Em Castelo de Paiva, quando caiu a ponte, fizeram-se milhões de obras. A ponte não caiu só em Castelo de Paiva, também caiu em Penafiel. Desde esse ano o que é que fizeram? Zero. Castelo de Paiva teve poder reivindicativo e conseguiram muita obra para lá. Penafiel não trouxe porquê? A ponte não caiu só de um lado. A visão que teve o Paulo Teixeira, se Penafiel também tivesse, de certeza, que o IC35 já estava feito.
Penafiel é uma terra do povo e precisa de um homem próximo. Sinto que sou esse homem próximo, assim como o país precisava de um Marcelo.
O seu programa eleitoral vai sendo construído ou só vai decidir o que vai fazer depois de ser eleito?
Vamos ter um programa que vai ser colocado em todas as caixas do correio. Tenho quatro ou cinco ideias. Os penafidelenses não querem programas com muita informação. Quando andava a recolher as assinaturas vi que os “santinhos dos políticos” estavam todos na caixa do lixo. Senti pena, porque percebi que as pessoas não os lêem. Vi manifestos de todos os partidos. Vi os do Antonino, do André e do Mário Magalhães. Ficava muito triste se entregasse os meus e os visse no caixote do lixo.
As pessoas querem que os políticos sejam directos?
Sim. Olhos nos olhos. As pessoas querem que não haja obstáculos para falar com o presidente da câmara. Quando disse que o meu gabinete vai ser na quota zero é porque ninguém vai ter de subir escadas. Por que é que o gabinete do presidente tem de estar no primeiro andar? Por que é que não pode estar ali à quota zero, à entrada da câmara? Por que e que a primeira pessoa que os munícipes vêem não é o presidente da câmara? Fogem das pessoas porquê?
Penafiel precisa de um homem do povo na câmara?
Penafiel é uma terra do povo e precisa de um homem próximo. Sinto que sou esse homem próximo, assim como o país precisava de um Marcelo. Ficou provado que até o próprio Presidente da República pode estar próximo das pessoas. De quem é que o povo mais gosta? Do mais próximo. O povo não gosta de distância.
Está a dizer que sente que pode aproximar os penafidelenses da política?
Tenho a certeza absoluta que, nestas eleições, os penafidelenses vão votar em massa e os jovens vão votar em grande número porque já entenderam que o voto deles tem de valer. Antigamente, numa mesa de mil eleitores idosos, votavam oitocentos, e numa mesa de mil jovens votavam 200. Mas os jovens de Penafiel não querem que aconteça o mesmo que aconteceu na América, com o Trump, e em Inglaterra, com o Brexit. Aí delegaram nos mais idosos e depois ficaram surpreendidos.
Tem havido aposta suficiente na captação de investimento e emprego?
É preciso fazer mais. Penafiel tem potencial mas temos de criar condições, temos de nos rodear de gente com mais poder, como o Mário Ferreira. Os políticos distraíram-se.
Falta uma empresa para captar investimento, um gabinete?
Penafiel tem muitos colaboradores. O maior potencial da Câmara de Penafiel são os seus colaboradores, gente que precisa de uma oportunidade. Temos de rentabilizar essa mais-valia. Muito do investimento que está em Penafiel foi graças aos trabalhadores do concelho. Não conheço nenhuma câmara do país onde os trabalhadores tenham tanta produção. Os trabalhadores de Penafiel são pessoas que estão a 120%. Não conheço nenhuma câmara do país em que os trabalhadores dêem tanto o litro como em Penafiel. Fico triste quando 70 ou 80% dos trabalhadores de Penafiel recebem o ordenado mínimo. Pessoas que estão na câmara há 15 e 16 anos e recebem o ordenado mínimo, quando existem pessoas que estão há um ano ou dois e sobem logo na carreira. Sou contra promover só os grandes, os tubarões. Sou a favor que se promova, também, os peixinhos.
Vou ter uma atenção especial pelas juntas de freguesia, as associações e as IPPS’S que são o pulsar do nosso concelho.
As juntas de freguesia, as associações e as colectividades têm recebido o devido apoio?
Vão ser a menina dos meus olhos nesta campanha. Vou ter uma atenção especial pelas juntas de freguesia, as associações e as IPPS’S que são o pulsar do nosso concelho.
É importante investir na cultura, sou um homem da cultura, fico contente quando ganhamos prémios. Mas não é preciso dizer que ganhamos o prémio porque toda a agente sabe. Às vezes até me questiono por que tanta lona e ferro espetado nos passeios? Não é preciso gastar tanto dinheiro em propaganda, foi exagerado. Se transferimos esse dinheiro para as associações, para os bombeiros, para as juntas de freguesia, de certeza que daí resultarão obras bem mais visíveis.
Não vai ter “outdoors”?
Posso ter um ou dois “outdoors”, mas vão ser únicos. Fico triste quando vejo que, num raio de dois quilómetros, há dez “outdoors” com a mesma mensagem. Não sou nada contra os “outdoors”. Podiam era ter dez mensagens diferentes. Os meus vão ser únicos. Não vai haver repetições.
O facto de dispor de um orçamento mais reduzido relativamente aos outros partidos e candidatos não o prejudica?
Antes pelo contrário. Os partidos saem prejudicados porque as pessoas não gostam que se esbanje dinheiro. As pessoas olham para isto como um esbanjar dinheiro.
O nosso presidente chama-se Antonino, mas no país toda a gente lhe chama António… Nunca vi ninguém que venha de fora e acertasse no nome à primeira. Até passam pelos cartazes, mas continuam a chamar-lhe António. É porque não reparam naqueles cartazes. Ninguém repara.
Já avançou a ideia de construir um passadiço junto ao rio entre Abragão e Rio Mau e prometeu defender a obra do IC35. Que outras prioridades tem?
Os parques de lazer são importantes. E há muitos edifícios que estão vazios, escolas que fecharam, é preciso rentabilizar estes espaços.
Penafiel também precisa de uma sala de espectáculos de grandes dimensões, sobretudo quando a câmara ganhou o prémio de melhor programação cultural autárquica. Pergunto, por que é que Penafiel não ganhou há dez anos? Por que é que não ganhou há oito nem há seis? Por que é que não ganhou no ano passado e ganhou este ano? Será que vamos manter o prémio? Uma terra que ganha este prémio e não tem um recinto cultural?
É preciso investir nessa área?
É. É preciso fazer um auditório ao ar livre. No Parque da Feira, perto do Paiol, podemos aproveitar aquele espaço. É uma ideia. Ali dá perfeitamente porque é o coração da cidade.
Penafiel provou que é uma terra de cultura. Não posso esquecer que foi muita coisa bem-feita, como a Escritaria. Fico contente quando vêm os escritores. Mas também temos que valorizar os nossos escritores porque temos matéria-prima.
São seis candidatos, se fossem oito, se fossem dez, era bom, quem ganha é a democracia. Quanto mais opção de escolha melhor para as pessoas. Quero combater a abstenção.
A Escritaria é um projecto para manter, se for eleito?
Claro. Foi muita coisa bem-feita. Penafiel é uma grande marca. Penafiel não existe há apenas 16 anos, já tinha potencial há muito tempo. A marca Penafiel não é deles. É de todos. Fico triste quando alguém se quer apropriar da marca Penafiel. A marca Penafiel não tem dono ou se tem dono são os penafidelenses.
Quais seriam as suas primeiras medidas?
O objectivo é ir de uma ponta à outra ponta do concelho. De Abragão a Rio Mau. Podemos começar, por exemplo, por Entre-os-Rios, que é uma zona que nos merece atenção, assim como pelas Termas de S. Vicente, que são uma autêntica cidade que tem estado descurada. As Termas merecem um grande parque de lazer.
É preciso acabar com o bipartidarismo na câmara?
Quando anunciei a minha candidatura disse que em democracia os votos chegam para todos. São seis candidatos, se fossem oito, se fossem dez, era bom, quem ganha é a democracia. Quanto mais opção de escolha melhor para as pessoas.
Quero combater a abstenção. O voto é património. Claro que vou lutar para que votem em mim. Mas se não votarem fico contente na mesma, porque isso é democracia. As pessoas devem votar. Houve muita gente que lutou para que hoje possamos ter voz e vez e possamos decidir. Fico triste quando muita gente se abstém. Vou fazer tudo para que a abstenção seja reduzida e quero que Penafiel seja dos concelhos com a taxa de abstenção mais baixa. Estou esperançado de que isso vai acontecer.
Não tem medo que o facto de haver mais candidaturas que o habitual que disperse os votos e isso o prejudique?
Estou nas mãos do povo. O povo é soberano. O povo não faz fretes. Cada pessoa só tem direito a um voto.
Acredito que possa ser o campeão de Outono
O que é que seria uma vitória para si? Eleger-se como vereador?
Tenho dois tipos de votos: o voto daquelas pessoas que querem que seja presidente, e são muitos, e o voto daquelas pessoas que querem que seja vereador. Não sei quem tem mais força. Sinto que há muita gente que quer que eu seja presidente e muita gente que quer que seja vereador.
Se for eleito, quer presidente da câmara quer vereador, o que se pode esperar de Vitorino Silva?
Quero colocar Penafiel à frente de tudo. Vou estar sempre ao lado de Penafiel e dos penafidelenses, que são os meus maiores aliados. Posso não concordar como uma ideia, mas nunca vou dizer mal da minha gente. Fico triste quando os políticos dizem mal uns dos outros. Não tenho nada contra o Antonino, contra o André, contra o Mário, conta a Eva, contra Bruno. Se ganhar a câmara conto com todos. Tenho a certeza que quem ganha é o concelho. Quem ganha é Penafiel.
Mas se for eleito vereador vai manter-se independente ou pretende coligar-se a algum partido?
Estou nas mãos do povo. Não posso estar a criar cenários. A única coisa que posso dizer é que estou nesta luta de corpo e alma, a 100%. Tal como dizia o Fernando Santos, só vou para casa no dia 1 de Outubro e acredito que possa ser o campeão de Outono.