Verdadeiro Olhar

Autárquicas 2017: “Não há uma única empresa que se tenha instalado em Paços de Ferreira por acção municipal”

Foi vereador do PSD durante quatro anos. Depois afastou-se da política e regressa agora como candidato do partido à presidência da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.

Muito crítico em relação à “mudança” prometida pelo actual executivo socialista, Joaquim Pinto diz que a população se sente defraudada e que o concelho apresenta sinais de abrandamento, paragem e falta de estratégia.

Além disso, acusa Humberto Brito de não ter conseguido atrair qualquer investimento para o concelho nos últimos quatro anos, de tratar os dirigentes associativos como “pedintes” e de ter esquecido a marca Capital do Móvel. Caso seja eleito, promete acabar com a marca Capital Europeia do Mobiliário. Sobre a recente descida do preço da água, Joaquim Pinto salienta a altura em que foi feita, falando numa medida eleitoralista.

Entre os compromissos assumidos pela candidatura do PSD, estão dotar cada freguesia de um espaço desportivo, construir uma Casa das Artes em Freamunde, criar uma rede de ecopistas e apostar no Pilar como parque de lazer, além de implementar uma rede de apoio à captação de investimento.

Porque aceitou ser candidato à presidência da Câmara de Paços de Ferreira?

O desejo de fazer mais e melhor pelo concelho. Acredito que, com a equipa que reuni e com o conjunto dos candidatos às juntas de freguesias que apresentamos, temos todas as condições para o fazer.

Nos últimos quatro anos foi operada uma profunda mudança, de forma inesperada, por decisão da população do concelho que entendeu que algo devia mudar. Costuma dizer-se que quando surgem as mudanças criam-se muitas expectativas. Ando há umas semanas a contactar com as pessoas e verifico que a população sente-se defraudada face ao que tem acontecido com a mudança. O concelho apresenta sinais de abrandamento, paragem e falta de estratégia. É por essas duas razões que entendo que o concelho merece mais.

Merece ser colocado no centro da região do Vale do Sousa a vários níveis, ao nível desportivo, empresarial, social, cultural. Temos condições para sermos um concelho líder na região. Não é seguramente o que tem acontecido nos últimos quatro anos, com uma lógica assente em populismo e em festas, que animam o povo, mas que do ponto do desenvolvimento da região em nada contribuem para que voltemos a ser líderes como já fomos no passado.

Mas o que é que esta candidatura traz de novo?

A minha recandidatura traz um projecto renovado, traz uma equipa nova, com mais motivação, mais força, mais energia, com gente nova, quer para as juntas de freguesia quer para a câmara e assembleia municipal.

O concelho perdeu protagonismo na região nos últimos quatro anos?

Se retirarmos as notícias relacionadas com o desporto, e que nada têm a ver com a acção municipal, o que se verifica é que Paços de Ferreira só é falado na região fruto de más notícias e isso retira confiança aos agentes que se relacionam com o concelho.

Não me admira que estejamos a viver um período em que as empresas não mostram grande apetência para investir cá. A prova disso são as empresas que se deslocalizaram do concelho para uma zona industrial doutro concelho, a 200 metros da nossa. O que é que mudou para que um empresário que ia investir na zona industrial da Seroa tenha decidido ir para a zona industrial de Lordelo, 200 metros ao lado? Não foram questões geográficas. Foi obviamente a confiança que de um lado tinha e do outro lado não tinha.

 Represento uma renovação, um abrir de ciclo novo no PSD, mas mais importante que isso, represento um abrir de ciclo novo no concelho de Paços de Ferreira

Não teme que a população o associe ao passado visto que foi vereador de Pedro Pinto? Alguém com um passado político é a pessoa certa para iniciar o que o PSD chama de novo ciclo político?

Quando fui convidado para ser vereador no passado, no fim do mandato decidi tomar uma decisão que foi abandonar as funções autárquicas. E assim fiz. Vim para a minha vida profissional. Continuei obviamente a acompanhar o dia-a-dia do município, segui o meu caminho e decidi voltar agora. A prova de que se abre um novo ciclo político é que me apresento a eleições com um conjunto de pessoas representa isso mesmo. Dos sete elementos que constituem a lista candidata ao executivo municipal nenhum deles tem experiência autárquica.

Não sou melhor nem pior, sou uma pessoa diferente face às lideranças que existiram no passado. Sou uma pessoa que pela primeira vez se candidata a presidente de câmara, acompanhado por um conjunto de pessoas que pela primeira vez, também, se candidatam a cargos políticos. Represento uma renovação, um abrir de ciclo novo no PSD, mas mais importante que isso, represento um abrir de ciclo novo no concelho de Paços de Ferreira. O PSD é um instrumento. O nosso fim é o concelho. É aí que me quero enquadrar, num novo ciclo político, de desenvolvimento, de maior qualidade de vida para os nossos cidadãos.

Como avalia o trabalho do executivo nos últimos quatro anos?

Foi um trabalho fraco. Mas ao fim de quatro anos não estaria a ser sério se dissesse que tudo foram más decisões. Não foram. Houve decisões que foram correctas. Mas acima de tudo, nota-se que foi um mandato que não conseguiu, de forma nenhuma, mobilizar o concelho. Desde o início que este executivo teve uma atitude discriminatória para algumas pessoas do nosso concelho, em especial as que estavam ligadas ao PSD.

O concelho não atraiu investimento. Não há uma única empresa que se tenha instalado no concelho de Paços de Ferreira por acção municipal

Quando alguém assume um cargo, depois de uma eleição, a campanha partidária acabou. Um presidente de câmara é presidente de todos os habitantes do concelho. Um presidente de junta é presidente de todos os habitantes dessa freguesia. Esse foi o primeiro grande defeito deste executivo. Não conseguiu mobilizar, por culpa própria, porque eles próprios instigaram essa divisão da sociedade. Os presidentes de junta eleitos pelo PSD foram ostracizados pelo actual presidente de câmara.

 

Mas o concelho não progrediu?

Apesar de todo o foguetório que se vai ouvindo por aí, se analisarmos bem os indicadores percebemos que o concelho estagnou. O concelho não atraiu investimento. Não há uma única empresa que se tenha instalado no concelho de Paços de Ferreira por acção municipal. O concelho parou na cultura. A sua actividade cultural parou completamente. Não é por organizarem o Citânia Summer Fest, um evento por ano, que se pode dizer que há actividade cultural. Não há actividade cultural mais popular nem há actividade cultural menos popular. Nem uma nem outra.

Não há coordenação ao nível das entidades associativas. Vou-lhe dar um exemplo claro. Há uns anos atrás, a área da formação de adultos era trabalhada em rede com três tipos de entidades: a Associação Empresarial, que direccionava a sua actividade formativa para empresários, a Profisousa, que direccionava a actividade formativa para os activos de baixas qualificações e depois havia um conjunto de entidades privadas que coordenavam várias acções formativas. Neste momento isso não existe. Não há visão estratégica nessa área. A falta de visão estratégica para a área da educação do concelho vê-se quando só no fim de três anos e meio é que a câmara e o executivo municipal vão encomendar o projecto educativo municipal. Aquilo que devia ser feito no início, quando um executivo entra, a primeira coisa tem de fazer é planear, está a ser feito no fim. Isso demonstra bem o quanto andamos à deriva em várias áreas.

Não houve planeamento nem estratégia?

Em várias áreas, mas na educação isso salta à vista.

Também senti que os dirigentes associativos são tratados como pedintes. Senti isso na pele. Às vezes saía das reuniões da câmara municipal e interrogava-me de que forma é que o executivo olhava para os dirigentes associativos. Como uns pedintes. Alguém a quem eles estão a fazer um favor. Um dirigente associativo está a trabalhar numa área que é da responsabilidade da câmara municipal. Temos de dar apoio, conforto, um ombro amigo, quando é caso disso, a todos os dirigentes e a todas as associações.

As associações têm de ser apoiadas, ao contrário do que aconteceu nos últimos quatro anos, porque elas têm um papel importante na sociedade. Não pode haver aquela lógica do “se fechar as portas, fechou”. O Carvalhosa fechou as portas e a câmara não quis saber. Não pensou que saíram de lá 120 meninos e jovens que foram para o sofá jogar playstation e engordar, no caso dos mais novos, ou foram andar nos cafés e na má vida. É a nossa juventude que corre o risco de se degradar.

A câmara tem uma função importante, que não tem cumprido, de apoiar as associações de forma conveniente, o que não tem acontecido e vai mudar a partir do momento em que ganharmos as eleições.

Hoje não há política de atracção de investimento, algo em que Paços de Ferreira até foi pioneiro

Esse apoio tem de ir além dos subsídios?

Vamos procurar ajudar em três níveis. Pretendemos criar uma rede de espaços desportivos no concelho. Já assumi publicamente que vamos ter um espaço desportivo coberto, não estamos a falar de pavilhões como o pavilhão municipal de Paços de Ferreira ou Modelos, mas de espaços desportivos confortáveis, com balneários e capazes de acolher modalidades desportivas federadas, em cada freguesia. Não são megalomanias. Em breve apresentarei a estimativa orçamental que temos para esses espaços que não vão custar muito dinheiro ao erário público.

Depois as associações vão deixar de ter de pagar o espaço municipal. Há associações que têm facturas pesadas para pagar à câmara. Não faz sentido nenhum, aliás, não conheço muito mais municípios onde isto aconteça, em que as associações paguem os espaços para os utilizar sendo eles municipais.

E vamos rever o regulamento de apoio ao associativismo no concelho. Porquê? Não concebo que seja difícil arranjar uma direcção para uma associação porque não conseguem arranjar dinheiro para pagar as contas. Na primeira metade do mandato, tivemos uma autarquia que além de dar menos apoio às associações ainda competiu connosco pelo bolo dos patrocínios.

Dizia há pouco que as empresas não mostram grande apetência para investir em Paços de Ferreira. Como é que pretende parar aquilo que chamou de “debandada” de empresas para fora do concelho?

Vamos ter de resolver o problema das zonas industriais. Não estou preocupado pela PFR Invest por si só, estou preocupado com o património que é da PFR Invest que, se não for convenientemente tratado, pode passar para as mãos de terceiros que não vão ter em mente o desenvolvimento económico de uma terra.

Vou tentar que o património da PFR Invest, os terrenos das zonas industriais, passe para a responsabilidade da câmara municipal. Sem zonas industriais não conseguimos atrair empresas. Sem termos aqui um conjunto de políticas e pessoas que acompanhem o empresário, desde o momento que mostra intenção de investir até o investimento estar concluído, não vai ser possível. Hoje não há política de atracção de investimento, algo em que Paços de Ferreira até foi pioneiro. Neste momento, está atrás de todos os concelhos.

Todos os municípios identificam a atracção de investimento e a criação de emprego como uma prioridade. Só Paços de Ferreira é que não.

Ao contrário das fotografias que têm aparecido aí nos jornais, que mais não são que um aproveitamento político do actual candidato do partido socialista do esforço dos empresários. Acção municipal é zero.

 

Está a falar de todos os investimentos que foram apresentados recentemente?

Nenhum deles teve apoio municipal. Limitaram-se a emitir licenças.

O que é que este executivo fez para baixar o desemprego e aumentar o emprego? Nada.

Mas o desemprego no concelho baixou. Como explica isso?

Os beneficiários do subsídio de desemprego têm vindo a baixar, o que é diferente do desemprego. Não tenho evidências estatísticas de que o emprego aumentou.

Quando tiver evidências estatísticas que o desemprego baixou, cá estarei para bater palmas ao actual município. A questão que coloco é qual foi a acção municipal, o que é que este executivo fez para baixar o desemprego e aumentar o emprego? Nada. Não fez nada. Só pelo facto de emitir licenças não pode dizer que isso é captar investimento. Os empresários que têm aparecido nas fotografias com o presidente de câmara é que têm sido corajosos e têm investido por sua conta e risco. E é a eles que devemos agradecer pelos empregos que foram criados no concelho.

 

O que se propõe fazer de diferente nessa área de captação de investimento?

Não defini a atracção de investimento como um chavão e porque quero beneficiar as empresas. Não quero beneficiar as empresas, quero é que as nossas empresas e as que possam vir para cá criem postos de trabalho para a nossa população. O nosso objectivo é criar postos de trabalho para os jovens quando chegam ao fim da sua formação, seja a obrigatória seja a superior, não se vejam a ter que ir para o Porto, Lisboa, Guimarães, Braga… Queremos que queiram cá ficar, seja a trabalhar por conta de outrem, seja a criar o seu negócio.

A câmara tem obrigação de criar condições para que haja investimento privado e que sejam os nossos jovens a ocupar esses postos de trabalho. A câmara tem, também, de criar condições para que os jovens que têm uma excelente ideia, mas não têm condições para avançar com esse negócio, disponham de um centro de incubação que funcione, que crie condições financeiras, logísticas e de rede de contactos para que surjam no concelho empresas de elevado valor, de crescimento rápido e que criem outros postos de trabalho no futuro.

A PFR Invest estava condenada ou foi o PS que a condenou?

Acho que que não vale a pena escamotear. Quando se governa tomam-se boas e más decisões. A PFR Invest estava numa situação difícil por algumas decisões que terão sido menos correctas, mas também se deram passos importantes pela acção da PFR Invest.

Há uma coisa de que tenho a certeza: se a actividade de uma empresa, seja ela qual for, parar durante meio ano, muito provavelmente, estará condenada ao fracasso. E foi o que o que aconteceu. E ainda por cima com nível de alavancagem que aquela empresa tinha, e quando há alavancagem há risco associado ao negócio, só podia ter este fim.

Sinto que a única pessoa que quer que a PFR Invest vá para a falência é o actual presidente de câmara e candidato do PS

Não havia outra solução?

É importante que se perceba que as pessoas interessadas ou os agentes interessados no dia-a-dia da PFR Invest pensam sobre este negócio. Por exemplo, os credores querem ou não querem que a PFR Invest vá para a falência? Sinto que a única pessoa que quer que a PFR Invest vá para a falência é o actual presidente de câmara e candidato do PS. O que me preocupa não é a PFR Invest por si só, o que me preocupai é o património. Já falamos no património mais relacionado com a actividade empresarial do concelho, mas existe outro. Os terrenos da esquadra 12, por exemplo, podem ficar nas mãos dos credores, nas mãos de um banco.

O que é que vão fazer? Vão destruir aqueles activos e construir ali prédios que nada dizem à população? Também há terrenos de centros de escolares que estão no património da PFR Invest. Aos credores a história do concelho pouco lhes diz. São empresas. Vão olhar para aqui e pensar: “que rendimento é que vou retirar aqui da escola”?

Se for eleito vai criar uma nova empresa dedicada à captação de investimento?

Vamos estruturar a política de atracção de investimento em vários eixos. O primeiro eixo passa pela política de comunicação do concelho. Só conseguiremos atrair empresas e pessoas se tivermos uma política de comunicação positiva.

Quando vemos em permanência notícias negativas, não estamos a prestar um bom serviço à nossa terra, estamos a afastar investidores e os próprios empresários do concelho sentem-se retraídos em investir.

Segundo eixo: o acompanhamento aos investidores, sejam de cá ou de fora. Imagine um empresário estrangeiro que vem de Inglaterra, que não conhece ninguém aqui, quem é que o vai ajudar? Temos de lhe dar apoio e o acompanhamento que lhe permita tomar as melhores decisões e melhorar o seu negócio para empregar os nossos jovens.

Depois devem existir condições infra-estruturais para os acolher, que neste momento não temos, e com preços competitivos. Os poucos espaços privados que existem têm preços incomportáveis, estando o concelho próximo do Porto, que é uma zona mais apelativa, entre dar 50 euros o metro quadrado no Porto ou 50 euros em Paços de Ferreira, aonde é que o empresário preferirá?

Por último, que esses empresários durante um determinado período de tempo, também, sejam acompanhados. Quando digo acompanhados é haver uma ligação à câmara municipal ou a uma empresa municipal -não quero que entenda com isso que as vou criar – que garanta que os empresários, enquanto estão a ambientar-se ao nosso território, estejam confortáveis e se concentram naquilo que têm de fazer, que é gerir o negócio.

 

Mas quer ou não uma empresa dedicada à captação de investimento?

A questão de termos ou não uma empresa municipal vai depender da solução que for negociada pela PFR Invest. Garanto que no meu primeiro ano de mandato vai ser em grande medida usado para resolver este problema. Não com a PFR Invest em si, isso para mim é um mero instrumento, mas pelo património da PFR Invest.

Porquê a Casa das Artes de Freamunde? Porque Freamunde é um pólo cultural único no concelho, ao nível do teatro, da música

Na visão do PSD a localização geográfica do concelho e a sua juventude não estão a ser potenciadas pelo actual executivo. O que é que se propõe fazer diferente?

Potenciar a localização geográfica passa, acima de tudo, por potenciar o tecido empresarial e criar condições para que as pessoas e os jovens sintam orgulho em viver em Paços de Ferreira. As pessoas sentem orgulho em viver em Paços de Ferreira quando têm uma qualidade de vida alta, emprego, dinâmica cultural. É fundamental que haja uma dinâmica cultural que impeça que procurem outras cidades e outras regiões para irem ver uma peça de teatro, um concerto. É importante fixar os jovens.

 

Falta um grande espaço cultural no concelho?

Vai deixar de faltar porque é um compromisso que assumi que vamos criar a Casa das Artes, em Freamunde, em articulação com outros espaços mais pequenos, como a Casa da Cultura de Seroa e a própria Biblioteca Prof. Vieira Dinis. Porquê a Casa das Artes de Freamunde? Porque Freamunde é um pólo cultural único no concelho, ao nível do teatro, da música. Existe uma dinâmica cultural potenciada por algumas associações que tem de ser aproveitada e tem de ser acarinhada do ponto de vista infra-estrutural.

Estamos a falar de uma sala de que dimensão?

Em breve vamos apresentar o projecto. Mas se a Casa da Cultura de Seroa já tem 300 lugares, a ideia é ter mais espaço. Mas nem é só pela dimensão, é pelas condições que vai ter. Queremos que seja um espaço em que se possa assistir a uma peça de teatro, um concerto de uma banda mais jovem, mas, também, possa ser usado pelas bandas de Freamunde e de Paços de Ferreira.

É, também, fundamental criar condições para que os jovens artistas possam desenvolver a sua actividade. É importante que um jovem escultor tenha na Casa das Artes um espaço para desenvolver a sua actividade, devidamente monitorizado por escultores com mais experiência. É fundamental que uma banda de garagem deixe de ser de garagem e passe a usar o espaço municipal para ensaiar, por exemplo.

A ideia não é só ter ali um local onde as pessoas se deslocam para se assistir a espectáculos de âmbito cultural, é, também, ter um equipamento que possa ajudar a desenvolver a juventude a tornar-se melhor naquilo que faz.

 

Já disse que os parques de lazer serão uma das suas prioridades e que pretende criar uma rede de ecopistas. Porquê?

A ideia será ligar, numa primeira fase, todos os parques de lazer. O primeiro troço vai ser entre Paços de Ferreira e Freamunde porque é um dos mais utlizados. Há muito gente a percorrer a pé e em bicicleta a Via do Poder Local em condições que não são de segurança. Qualquer dia há uma desgraça. Queria acoplar a esta rede de ecopistas duas questões importantes, um projecto que iniciou comigo enquanto vereador e a que depois não foi dado seguimento. Queria acabar o parque de lazer na zona de Arreigada, no limite do concelho, numa margem do rio e depois retomar o projecto de fazer uma zona ribeirinha que vá ligar Arreigada até ao parque de lazer de Paços de Ferreira.

Trata-se de um projecto que foi estudado por mim e pelo presidente da Junta de Arreigada. Tivemos o apoio da Universidade do Porto que fez o levantamento da flora, da fauna e inclusive estavam identificados os proprietários com quem teríamos de negociar a cedência da margem para se criar a ecopista. A junta de freguesia de Frazão/Arreigada teve que devolver fundos comunitários porque o actual executivo decidiu não seguir com este projecto.

E a segunda questão?

Quero fazer da zona do Pilar, gradualmente, um enorme parque de lazer natural. O Pilar é uma pérola que temos no concelho, existem zonas para piqueniques, existem trilhos identificados que são usados pela população. O meu objectivo é melhorar esses trilhos, em colaboração com o presidente de junta de Penamaior, sinalizá-los, criar pontos de água, aliás como quero fazer em todos os parques de lazer, em especial os de Paços de Ferreira e Freamunde que estão a ser geridos pela câmara e estão ao abandono.

Vou acabar com a Capital Europeia do Mobiliário no dia seguinte à tomada de posse

Promete que uma das suas apostas será o urbanismo. O que falta fazer nessa área?

Falta coerência urbanística às duas cidades do concelho. Na mesma rua há passeios diferentes. Obviamente que a culpa não e só do actual do executivo, mas o actual executivo já lá esteve quatro anos e em quatro anos não fez praticamente nada. Recuperou na zona de Paços de Ferreira, a Rua Tenente Leonardo Meireles, e, à pressa, está a tentar requalificar a D. José de Lencastre.

 

Mas a autarquia anunciou um elevado investimento na regeneração urbana nas cidades de Paços de Ferreira e Freamunde.

Já vinha do tempo do anterior executivo, portanto, não é uma iniciativa do actual executivo e, ao fim de três anos e meio, é que decidem avançar com este projecto, à pressa, porque as eleições estão a chegar, e fechar aquela rua para obras o que vai prejudicar o volume de negócios dos nossos lojistas. Isto demonstra bem a falta de planeamento que existe, neste momento.

A própria cidade de Freamunde teve uma intervenção que ninguém entendeu e, agora, à pressa, pôs um outdoor quase que a dizer: “tenham calma, nós em quatro anos não fizemos, mas está aqui, vamos fazer nos próximos anos”. Ninguém vai acreditar nisso.

Em relação à requalificação urbana, está a ser trabalhado com os nossos candidatos à junta de freguesia de uma cidade e de outra, mas gostaria de, acima de tudo, ouvir a população. Temos projectos para as duas cidades, mas não adianta pensar que sabemos tudo e é importante criar uma discussão pública. Vamos apresentar à população um projecto base e queremos abrir um período em que os munícipes poderão, rua a rua ou de uma forma global, apresentar as suas ideias.

Vai acabar com a marca Capital Europeia do Mobiliário?

No dia seguinte à minha tomada de posse.

 

Porquê?

Porque não sei o que que isso representa. Nem eu nem ninguém. Acho que é uma afronta… Não tiveram sequer o cuidado de manter alguma coerência do ponto de vista gráfico com a Capital do Móvel. Mudaram tudo.

Com excepção daquela acção, que achei engraçada, confesso, de expor algumas peças de mobiliário no terminal de Leixões, em Matosinhos, não percebi muito bem. Aliás, era importante que fosse explicado por que é que pelo menos uma das lojas que foram abertas debaixo desse slogan já fechou, segundo soube. Era bom que o presidente de câmara explicasse porque é que foi apresentada com pompa e circunstância e agora que ela fechou ninguém diz nada.

Era importante que o esforço de anos de vários empresários do concelho não fosse desbaratado como foi. Durante três anos e meio, a Capital do Móvel foi completamente esquecida pelo actual executivo municipal. Ora, isso comigo vai mudar.

Assumo o objectivo de trazer formação de ensino superior no período de quatro anos para o concelho”

O que pretende fazer para revitalizar a marca Capital do Móvel?

Em primeiro lugar, tenho na minha equipa uma pessoa que tem um conhecimento profundo do que é o tecido empresarial do concelho, de quais são as suas necessidades e sabe bem o caminho a percorrer para que o concelho seja devidamente promovido nos locais certos para atrair pessoas a comprar cá móveis. O José Ribeiro é uma pessoa experiente nessa matéria e vai ser responsável por promover a marca Capital do Móvel.

Segunda questão: vamos ter a proximidade necessária à Associação Empresarial de Paços de Ferreira para que ela seja aquilo que tem de ser. Enquanto representante dos empresários tem de ser um parceiro, tratado como um parceiro, para que possa fazer a sua função que é representar os interesses dos empresários e em especial os do mobiliário.

Por último, e relacionado com a vida da associação, pretendemos que as medidas a tomar para promover as nossas empresas no estrangeiro, seja no momento de organizar grandes eventos seja depois em acções pontuais e coerentes, sejam acções eficientes. Considero que, neste momento, e pelo caminho que foi percorrido nos últimos quatro anos, as feiras Capital do Móvel já não estão a ser um instrumento eficiente de divulgação dos nossos móveis junto do mercado. É preciso rever a dinâmica das feiras, ponderar a participação em eventos chave relacionados o design e a arquitectura de interiores. É importante atacar esse nicho de mercado em Portugal e no estrangeiro.

 

À câmara caberia esse papel de parceria?

Sem ovos não se fazem omeletes e a câmara tem a obrigação de investir na marca Capital do Móvel. Não se trata de gastar dinheiro, não se trata de dar subsídios à Associação Empresarial, trata-se de investir na promoção de uma marca do nosso território, que é a Capital do Móvel.

Quando abandonamos uma marca distintiva do nosso território, estamos a abandonar as nossas empresas e, consequentemente, estamos a abandonar as nossas pessoas. A câmara tem a obrigação de puxar por elas e não de as abandonar.

Se for eleito vai trazer o ensino superior para o concelho de Paços de Ferreira?

O nosso objectivo é retomar um conjunto de ligações que havia e que foram desbaratadas nos últimos quatro anos com instituições de ensino superior.

O mestrado em design do mobiliário, que existiu no passado, é um bom exemplo. Acho que devemos apostar em ter cá acções de ensino superior relacionadas com o tecido empresarial, mas não posso prometer, em boa verdade, que vamos ter um pólo, pelo menos, no curto prazo. Neste momento, não é algo que se deva prometer.

Posso prometer que vou reatar relações com instituições de ensino superior para tentar atrair cá acções de formação superior que vão dar dinâmica ao concelho e a para que a prazo possamos aprofundar essas relações e ter cá mais pessoas.

Não falo só dos jovens porque fica bonito. Falo dos jovens porque acredito que têm valor. Esta bandeira do ensino superior é uma bandeira da juventude social-democrata. A partir do momento em que isto me foi proposto, de imediato agarrei essa bandeira e assumo o objectivo de trazer formação de ensino superior no período de quatro anos para o concelho.

 

Têm acusado o actual presidente de câmara de intimidar e condicionar as pessoas com chantagens. Quer dar exemplos? De onde vêm essas acusações?

Eu fui objecto dessa tentativa de intimidação. Cheguei a receber um telefonema em tom intimidatório do presidente de câmara. Se há dúvidas em relação a isso, sou a prova disso, mas este é um assunto de que não quero falar. Temos de discutir projectos, discutir o concelho e foi para isso que me propus a ser candidato a presidente de câmara, para discutir o futuro do concelho.

Não estaria a ser honesto se não dissesse que no passado foram cometidos erros

A Câmara é uma das mais endividadas do país e uma das que mais demora a pagar a fornecedores. Uma herança que o PS atribui ao PSD. Reconhece que foi o PSD que criou a dívida?

O PSD criou dívida, mas, também, investimento.

E acha que esse investimento justifica o volume da dívida?  

Não estaria a ser honesto se não dissesse que no passado foram cometidos erros. Foram cometidos erros. É importante que se diga que a dívida que o PSD deixou é dívida em grande medida relacionada com investimento feito no concelho. Não adianta escamotear. Há escolas, há estradas. Não são 60 quilómetros de estradas, agora, requalificadas que vão de alguma forma apagar esse passado.

O que é grave é que o actual executivo não consegue explicar por que é que, ao contrário do que dizem, que baixaram a dívida em não sei quantos milhões, por que é que o prazo médio de pagamentos da câmara municipal aumentou 872 dias para mais de mil dias.

 

Mas já baixou entretanto. Há dados mais recentes.

Acho muito estranho que em três meses tenha baixado quase 400 dias. Há outra coisa que é preciso explicar, dizem que o valor da dívida baixou, mas por que é que no Fundo de Apoio Municipal até Agosto de 2016 há seis milhões de euros de dívidas que são da responsabilidade deste executivo? Por que é que há mais de 1.200 fornecedores que estiveram três anos à espera ou que nesses três anos não receberam as suas facturas?

Uma das coisas que foi assumida há pouco tempo, em assembleia municipal, pelo vereador das finanças foi que o presidente de câmara disse-lhe: “O que está para trás não se paga, o que nós contrairmos é para pagar na hora”. Pagou-se o que estava para trás ou não se pagou? Pelos vistos, em pouco mais de dois anos e meio, já ter seis milhões de euros de dívidas e 1.200 fornecedores por pagar, alguém falhou na palavra.

Se fizer uma casa e contrair um empréstimo para a pagar, à medida que for amortizando o empréstimo a dívida vai baixando. O que está errado é que não se fez investimento no concelho e há seis milhões de euros de dívidas por pagar.

Como é que se propõe reduzir a dívida? Vai parar o investimento? Vai aumentar os impostos?

Não. O facto de o presidente de câmara não ter conseguido obter financiamento junto da banca fez com que fosse obrigado a recorrer ao Fundo de Apoio Municipal que, por sua vez, vai obrigar a que os impostos de âmbito municipal vão todos para o máximo, nomeadamente o IMI. Para o ano, se nos mantivermos debaixo do apoio FAM, graças ao candidato do PS, vamos ter o IMI no máximo. Obviamente que vou tentar reverter essa situação. Não sei é se será possível. Não é justo que a população do concelho vá pagar IMI no máximo.

 

Humberto Brito quer trazer a linha férrea até Paços de Ferreira, concorda com esta prioridade?

Assino já por baixo.

 

Mas acredita na possibilidade?

Não acredito. Aliás, nem eu nem ninguém, O próprio ministro que esteve cá, quando o projecto foi apresentado com muito foguete à mistura, assumiu que o projecto era bom para incluir no plano de investimento para Portugal para 2030. Em 2030, se for eleito agora, já não serei eu a receber o comboio enquanto presidente de câmara. A resposta dada pelo ministro demonstra o quanto irrealista é essa promessa puramente eleitoral. Isso é o expoente máximo do populismo do PS neste concelho.

Discordo em absoluto da integração de Paços de Ferreira na Área Metropolitana do Porto

E com a integração de Paços de Ferreira na Área Metropolitana do Porto, concorda?

Discordo em absoluto. Em primeiro lugar temos ligações ao Porto, isso é inquestionável, mas não vejo onde poderemos ganhar em ir para a Área Metropolitana. Não quero correr o risco de, no próximo Quadro Comunitário, as nossas empresas ficarem sem acessos a fundos comunitários porque as regras dos fundos comunitários por estarem numa zona de maior rendimento per capita como o Porto. Em Lisboa, por exemplo, ou não têm acesso ou têm em condições muito piores que as nossas. Por que carga de água havemos de ir para a Área Metropolitana?

 

Paços de Ferreira tem mais a crescer e a ganhar se ficar na Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa?

Existem vários projectos em comum. E temos o perigo de ficar sem acesso aos fundos comunitários para as empresas e para as instituições. É pela vaidade do presidente de câmara querer ir para a Área Metropolitana que nós vamos para lá? É que não consigo encontrar outros motivos.

 

O preço da água baixou para metade. Certo?

Não. Julgo que não.

Já fez as contas?

Tenho feito recorrentemente, Aliás, é perguntar a quaisquer pessoas, sejam elam quais forem. Antes tivesse baixado, mas não baixou. As facturas têm baixado aqui ou acolá, mas não o que foi prometido.

Não concorda com a forma como foi conduzido o processo?

Se era tão simples, e foi simples, o presidente de câmara deu uma ordem e ela executou-se. Se era tão simples por que é que esta decisão não foi tomada no início do mandato? Por que é que não foi tomada ao fim de um ano que fosse? Por que é que foi tomada agora?

 

Em ano de eleições?

Em ano de eleições. Não há muito mais a dizer. Por que é que não foi tomada há mais tempo? Por que é que se andou aos ziguezagues? Por que é que já era a terceira que vez que era anunciada a baixa? Porque é que estamos recorrentemente a mentir às pessoas quando se diz que esta baixa é feita à custa dos lucros da empresa, quando todos sabemos que há memorando de entendimento que vai obrigar a câmara municipal a pagar 50 milhões de euros para que houvesse essa baixa. Há muito explicar e em breve faremos as perguntas ao presidente de câmara.

 

Também têm criticado a política de oferta de manuais escolares da autarquia. Porquê?

O nosso programa autárquico até tem um ou outro ponto em comum com algumas coisas que são feitas nessa área. O que critico é estar a dizer-se à população que se oferece e depois limitar-se a emprestar. Como é que conseguiria ir na rua e encarar uma pessoa a quem prometi oferecer os livros e depois pedir que mos devolva.

 

Concorda com a ideia de dar manuais escolares gratuitos?

Concordo. Acho que a população pode ter esse direito.

Uma vitória para nós é ganhar a câmara, a assembleia municipal e ganhar a esmagadora maioria das juntas de freguesia

A todos?

Não. Há uma franja dos jovens em que a nossa opção vai ser o empréstimo, mas há uma franja dos alunos a quem, pelas suas especificidades, vamos ter de os dar.

O PSD teve dificuldade em adaptar-se ao papel de oposição. Já aprendeu?

Teve. Os primeiros dois anos foram particularmente difíceis. Não posso falar do PSD apesar de fazer parte dos órgãos concelhios. O presidente do partido poderá responder melhor que eu.

É evidente que um partido habituado a estar no poder teve ali dois anos difíceis. Há algo que me deixa confiante. Do ponto de vista ideológico, social, o concelho é um município social-democrata. As pessoas de Paços de Ferreira são pessoas que se revêem naqueles que estão próximos deles. Acho que temos dado provas, não apenas eu como também as pessoas que têm estado comigo e vão estar comigo quer ao nível do executivo, ao nível dos presidentes de juntas, assembleia municipal de freguesia. Há um conjunto de pessoas que já deram provas que mais do que ganhar as eleições queremos criar condições para que o concelho cresça e se desenvolva.

É claro, quem está nisto tem de ganhar eleições, mas não pode ser o mais importante.

 

O que seria uma vitória para o partido nestas eleições?

Uma vitória para nós é ganhar a câmara, a assembleia municipal e ganhar a esmagadora maioria das juntas de freguesia.

 

Se não for eleito assume o papel de vereador?

Neste momento, não tenho sequer isso ponderado. Acredito que vou ganhar as eleições, estou a trabalhar para isso. Nunca fugi às minhas responsabilidades e estarei sempre ao dispor da população do concelho seja em que papel for.