Eleger. É esse o grande objectivo da CDU de Lousada para as autárquicas de 1 de Outubro. O ideal seria um vereador que obrigasse os eleitos a cumprir as promessas, mas no mínimo, a candidatura de António Vieira pretende recuperar o representante que perdeu na Assembleia Municipal no último mandato. “Um [elemento da CDU] faz a diferença”, garante o candidato à Câmara Municipal de Lousada.

António Vieira critica a “monarquia” que se vive no PS Lousada e afirma que quer as soluções do PS como as do PSD estão esgotadas.

Com a CDU, garante, o problema do saneamento já estaria resolvido no concelho ou seria resolvido rapidamente. As prioridades da sua candidatura passam pela criação de uma rede de transportes eficiente e que sirva as necessidades da população, pela melhoria das acessibilidades às freguesias, pela remunicipalização do serviço de recolha do lixo e por pôr Lousada de volta à corrida pela captação de investimento.

Foi candidato há quatro anos. Porque aceitou ser, mais uma vez, candidato da CDU à Câmara de Lousada?

Não sou recandidato. Esta candidatura utiliza sempre o plural porque representamos o povo e a palavra povo apesar de ser singular representa os interesses colectivos das populações. Neste caso, aceitei personalizar esta candidatura colectiva porque achamos que a CDU onde quer que esteja, quando está em maioria tem provas dadas, basta olhar para um conjunto de problemas que estão resolvidos nas autarquias da CDU desde a década de oitenta do século passado e, por exemplo, em Lousada não estão.

Quando estamos em minoria temos o condão de fazer funcionar melhor as maiorias. Pelo menos obrigamo-los a cumprir as propostas deles. Coisa que também não acontece em Lousada.

Somos uma candidatura do povo, somos uma candidatura dos lousadenses e não há uma relação directa entre a quantidade de votos e o valor inestimável da presença da CDU nas autarquias locais.

Há inúmeros exemplos, quando tivermos eleitos em Lousada, que vamos recuperar nestas eleições…

 

Está a falar na Assembleia Municipal?

Não só. Estou a falar da assembleia municipal, mas os eleitos que vamos eleger nestas eleições serão uma mais-valia para não fazer esquecer os humilhados e os ofendidos como dizia o Dostoievski. Por exemplo, gente que não tem voz, gente que não passa só pelo centro da vila. Vila que, aliás, só o PS sabe porque é que é vila, havendo cidades com muito menor expressão que Lousada.

Acha que Lousada devia ser cidade?

Já foi uma das nossas propostas nas anteriores eleições. Tem todos os atributos e condições para ser cidade. Não o é por jogatanas políticas, porque PS e PSD votam de uma maneira em Assembleia Municipal e ao contrário na Assembleia da República. Na terra, junto ao povo dizem uma coisa e quando vão para Lisboa votam ao contrário do que defende o povo dessa terra. Lousada não é excepção.

O que é ganharia Lousada ao ser cidade?

Lousada ao ser cidade tinha logo uma dotação diferente em termos das considerações do PIDDAC. O PIDDAC de Lousada tem sido sempre muito mal feito. O PIDDAC de Lousada, por exemplo, já consagrou dotações para o saneamento básico e essas dotações não têm sido respeitadas. É um dos concelhos do interior do distrito do Porto que não tem o saneamento básico resolvido. Acho que a população não se importava de trocar e, em vez de 15 concertos por ano, ver avançar a resolução dos problemas do saneamento básico, que são miseráveis.

 

Uma das críticas da vossa candidatura passa também pelo acesso às freguesias. Porquê?

Lousada, tendo uma beleza natural fora do comum, tem também vias de acesso do século XX. Ora o século XX já lá vai há 17 anos… A gestão da câmara municipal tem sido do aparato, da distribuição das senhas de refeição nos dias anterior à eleição. Fica aqui este apelo da CDU: por favor, não distribuam vales às famílias no dia anterior ao voto como aconteceu em 2013. Isto é miserável. Isto é de uma falta de princípios que não sei como hei-de classificar.

Não faz sentido que, nalguns sítios, se demore mais a chegar de uma freguesia à outra do que do centro de Lousada ao centro do Porto

Mas quer dar exemplos sobre a questão das acessibilidades nas freguesias?

Funcionamos com questões concretas. Há uma senhora que nos fez chegar um caso. Oficiou a junta de freguesia de Nevogilde e a Câmara Municipal de Lousada porque foram feitas umas obras da responsabilidade da câmara e houve um muro e uns acessos que foram deitados abaixo para fazer as obras. O problema é que as obras estão concluídas e, entretanto, não há muro. A CDU diz: trabalho, honestidade, competência. Pelo menos competência falta a esta câmara porque quando oficiada o senhor engenheiro foi lá e disse “o município mostra-se sem competência para resolver o problema por divergências com a junta de Freguesia de Nevogilde”. Ou seja, o PS e o PSD andam ali à cacetada e o povo até corre o risco de cair dali abaixo. De quem é a responsabilidade do PDM? Este tipo de obras são autorizadas por quem? A afectação de desafectação de terrenos é competência ou não da câmara municipal? É, respondemos nós. É inconcebível que não se resolva, dizendo a câmara não se entende com a junta por causa de um muro e de um acesso. Este é um entre milhares de exemplos da incompetência desta câmara que infelizmente só tem uma alternativa, que é a CDU.

Há uma nova candidatura, não ligada ao povo, que respeitamos nos seus princípios fundamentais, mas tem esta dificuldade: não conhece as coisas. Se calhar conhece mais de Felgueiras do que Lousada.

 

Está a falar do Bloco de Esquerda?

Sim. Alguns candidatos do Bloco Esquerda até trabalham comigo e o que é engraçado é que lhes foi pedido o favor: “Olha, como és meu amigo importas-te de ser candidato”. Aonde é que está a linha política, ideológica, a ideia profunda de transformação de uma terra com base no amiguismo? Isso é o PS e o PSD. Nós nem queremos acreditar que o Bloco de Esquerda está a meter por aí.

Quais são as linhas prioritárias da vossa candidatura?

Nós queremos resolver problemas em três grandes áreas. Problemas de habitação. O investimento em termos de habitação social em Lousada é miserável. É dos mais baixos em termos de distrito do Porto, quando há problemas terríveis. Na verdadeira Lousada, na Lousada escondida, vê-se gente a viver em condições miseráveis. Liga, também, a esta questão da habitação, a questão do saneamento e as acessibilidades.

A câmara dá muitos concertos, que haja dinheiro para isso, mas que acha dinheiro para o essencial: saneamento. Com a CDU lá, naturalmente o saneamento tem de ser respeitado.

Com a CDU, em quatro anos, comprometemo-nos a reduzir em 50% o défice de ligação de saneamento básico

Depois, não faz sentido que, nalguns sítios, se demore mais a chegar de uma freguesia à outra do que do centro de Lousada ao centro do Porto. É um disparate. Que liga à questão dos transportes urbanos que são, também, miseráveis, mais uma vez à moda do século passado. Como é que as pessoas em Lousada podem diminuir o uso do automóvel se não têm transportes públicos com o mínimo de qualidade? É preciso duplicar, pelo menos, numa boa negociação com as transportadoras, o número de horários disponíveis.

Isto é tanto mais grave quanto o actual presidente da câmara, durante muitos anos putativo presidente da câmara que transitou por influência do actual presidente da assembleia municipal, sempre se comprometeu a melhorar isso. Nem com o actual Governo, nem com a Geringonça, nem com o António Costa como primeiro-ministro nós vemos algum magistério de influência. O que vemos é as mesmas estradas cada vez mais degradadas e um ou outro arranjo de pormenor, por coincidência, nos meses anteriores às eleições. Isto não é trabalho sério. Quando se arranja uma estrada não pode ser para que o voto seja apelado no dia 1 de Outubro.

Há uma canção dos Deolinda que nós vamos aproveitar para o lema da nossa campanha: “Que seja desta”.

Com a CDU na Câmara o saneamento básico já estaria concluído?

Com a CDU, em quatro anos, comprometemo-nos a reduzir em 50% o défice de ligação de saneamento básico. 50% do que não está ligado passará a estar ligado porque é a média das autarquias CDU. Só para lhe dar um exemplo, no distrito de Setúbal, o saneamento básico ficou resolvido em dois mandatos. E se tivermos de fazer quatro ou cinco festas fazemos.

 

Pedro Machado tem tido a capacidade de liderança que o concelho precisa? Sente diferenças em relação à presidência de Jorge Magalhães?

Jorge Magalhães tinha melhor perfil para ser cacique. Jorge Magalhães foi um grande cacique ligado a caciques no plano económico que já denunciei nas anteriores eleições. Na altura, denunciei num programa de rádio ligações perigosas. Não temos medo.

Olhe-se para a Geringonça. Esta Geringonça tem, mesmo não indo tão longe como a CDU defende, ajudado a recuperar alguns direitos do povo. Em Lousada cerca de 47% da indústria, está ligada à indústria têxtil. Ora, qual é a média salarial dos trabalhadores da indústria têxtil de Lousada? Respondo-lhe eu: 580 euros, muito abaixo da média da região Norte. Esta gente se tem um governo de câmara que não faz exercer a sua influência em termos nacionais vai continuar a não viver muito bem.

O que observamos nas outras candidaturas, deixando o Bloco de Esquerda à parte, é que quando chega as autárquicas, dizem ‘não temos nada a ver com que os patrões de Lisboa mandam’, mas no intervalo das eleições são as pessoas mais subservientes em relação a isto.

Se não houvesse a candidatura da CDU havia muitos problemas que não iam ser resolvidos. Falamos da educação e da saúde. Aonde é que estão as duas extensões de saúde que o Dr. Pedro Machado disse que concordava com a CDU e que ia lutar no sentido de levar à sua criação em 2013.

 

Está a falar da vossa proposta de ter mais duas extensões de saúde em Nespereira e Covas?

Exactamente. Aonde é que elas estão? Estaríamos aqui a aplaudir, não somos adeptos do quanto pior melhor. Da mesma forma que retiramos uma das nossas 25 propostas (agora são 24). São questões concretas, não há treta nem paleio, não há adjectivos. As propostas valem pelo que valem. Aonde é que estão as duas extensões de saúde? Aonde é que está o projecto que ele disse que era fantástico, que a CDU estava a propor, mas que ele já tinha pensado, para a Torre do Mouros.

A política do actual executivo de Lousada é má

Refere-se à Torre de Vilar?

Sim. É uma proposta que já vem do tempo do nosso querido camarada Arnaldo Mesquita. Aonde é que está o tal embelezamento? Foi pôr vidro e aço inoxidável na Torre…

 

Mas as requalificações desses edifícios estão a cargo da Rota do Românico, não da câmara municipal.

E a Rota Românico serve para mais alguma coisa ou só para ter publicidade paga em sites de jogos. Quando os nossos filhos estão a jogar Bubble, por exemplo, vê-se lá aparecer ao lado, no rodapé dos anúncios, a Rota do Românico. Além de algumas placas já com fraca visibilidade… Ao nível de ideia, a Rota do Românico é uma ideia giríssima, estamos todos de acordo, mas qual é a acção para a promoção da Rota do Românico em concreto? Qual é a comparação em 2017 com 2013?

 

No global, que avaliação faz da política do actual executivo?

Acho que a política do actual executivo de Lousada é má. Continua a gerir o concelho, que teve grandes mutações no seu plano produtivo, na forma como se faz agricultura, no tipo de empresas que tem, que já não é um dos concelhos mais jovens, que tem o grande problema do emprego… Como é que uma câmara cria emprego…

São as câmaras que devem criar emprego ou está a falar de incentivos?

Pode, temos exemplos desses. Foi promessa deste senhor que é presidente da câmara, Pedro Machado, criar outro parque industrial, na base de atracção de novas empresas, em Caíde de Rei.

Se disser a uma empresa: “Você se fizer aqui a sua sede e a sua fábrica”, como fizeram aqui empresas ao lado, em Vizela, “tem menos 0,5%, crio-lhe estas acessibilidades, tem entrada na auto-estrada”… Lousada se quiser, se investir, tem condições para isso. Eu sou capitalista, quero fazer uma empresa, 200 postos de trabalho, quem é que escolho? Quem me faz ganhar mais dinheiro.

Este executivo não soube capitalizar o potencial de Lousada?

Não conheço um exemplo. Se me derem um exemplo de alguma empresa que tenha criado postos de trabalho em Lousada com base na capacidade de atracção… Ora se não faz isso, é óbvio que a CDU vai por aí. Há outras formas de criação indirecta de emprego. Se, por exemplo, assumirmos em termos de câmara, e a CDU assume isso, transportes escolares gratuitos até ao 12.º ano. São mais motoristas. Da câmara ou de uma empresa privada, tanto me faz. É mais gente a conduzir. A remunicipalização dos serviços de higiene e ambiente não cria mais emprego e melhor?

É por isso que defende a remunicipalização do serviço de recolha do lixo?

É uma das nossas exigências. Quando dizemos remunicipalizar é porque já foram municipalizados. É não só criar mais empregos, é criar emprego com direitos. É disso que trata esta candidatura. Remunicipalizar é bom para os munícipes, é bom para os lousadenses, é bom para os trabalhadores que têm emprego com direitos e para a autarquia porque poupa dinheiro. Aliás, a pergunta é esta: porque é que se gasta, hoje, dinheiro com a higiene e limpeza? Então para que é que se privatizou? Para gastar mais?

Não faz sentido para nós, gente honesta, mas se tiver um amigo que tenha uma empresa nessa área ou que vai criá-la… É contra o poder instituído neste concelho que nós concorremos. Estas verdades só com a CDU podem ser ditas.

Há duas coisas que podem acontecer de mau para os lousadenses: é o PS ter a maioria absoluta e o PSD manter ou subir os seus votos. São soluções esgotadas./blockquote>

É por isso que defende a remunicipalização do serviço de recolha do lixo?

É uma das nossas exigências. Quando dizemos remunicipalizar é porque já foram municipalizados. É não só criar mais empregos, é criar emprego com direitos. É disso que trata esta candidatura. Remunicipalizar é bom para os munícipes, é bom para os lousadenses, é bom para os trabalhadores que têm emprego com direitos e para a autarquia porque poupa dinheiro. Aliás, a pergunta é esta: porque é que se gasta, hoje, dinheiro com a higiene e limpeza? Então para que é que se privatizou? Para gastar mais?

Não faz sentido para nós, gente honesta, mas se tiver um amigo que tenha uma empresa nessa área ou que vai criá-la… É contra o poder instituído neste concelho que nós concorremos. Estas verdades só com a CDU podem ser ditas.

Já avaliou o executivo. E como avalia a oposição do PSD/CDS? Tem sabido cumprir o seu papel?

Acho que eles querem mais “jobs for the boys”, mas traduzindo para os lousadenses, querem mais uns tachos para os amigos. Há duas coisas que podem acontecer de mau para os lousadenses: é o PS ter a maioria absoluta e o PSD manter ou subir os seus votos. São soluções esgotadas. É esta gente a responsável pela situação que vivemos hoje. Se os lousadenses forem ambiciosos e quiserem ter os mesmos direitos dos outros cidadãos do distrito têm de decidir se vão mudar ou não. Respeitaremos sempre o sentido de voto, mas ‘que seja desta’.

A Coligação tem acusado os socialistas de desperdiçar dinheiro em festas e festinhas. Concorda?

Sou um homem de teatro e de cultura há muitos anos. Acho que o que falta é não fazer a festa pela festa e ter o conceito de festa sempre à borla, como se fosse uma benesse. A câmara não está a dar nada. O dinheiro da câmara é nosso. O dinheiro da câmara foi descontado pelos contribuintes. A gestão da câmara é que não tem princípios. É este o problema. É o problema das prioridades. Primeiro liga-se o saneamento e a água, depois faz-se a ligação da electricidade, do gás… e depois o resto.

O problema é não haver um projecto de desenvolvimento cultural para o conjunto da população. Mas há que defender o que foi bem feito. É verdade que há um trabalho em profundidade feito por uma associação que devia ter ainda mais apoio da câmara. O trabalho do Jangada Teatro é altamente assinalável.

Mas tem que haver um projecto. O que é que a câmara quer com tantas festas? É comprar votos nas vésperas de eleições e gastar ainda mais este ano que gastou nos outros.

 

Têm que haver eventos culturais mas com objectivos concretos?

Têm que haver eventos culturais de acordo com uma linha de desenvolvimento global e no plano cultural da população do concelho. Não existe.

Há desigualdade no apoio às associações

Quais são as propostas da CDU em termos culturais?

As nossas propostas em termos culturais passam por dignificar as festas grandes, porque as festas grandes devem ser corolário de uma acção de todo o ano. O movimento associativo em Lousada é riquíssimo e não faz mais porque não tem apoio da câmara.

É preciso ser mais transparente no apoio às colectividades, como pedem no vosso programa eleitoral?

Claro. Não vou dizer nomes porque respeito muito as pessoas que lá trabalham, mas não se pode dar a um rancho dez vezes mais do que se dá ao outro, tendo o mesmo número de apresentações. Não se contribuir para um rancho a fazer a sede dele com dinheiros municipais e para o outro nem uma lâmpada ir pôr onde estava fundida.

 

Há desigualdades no apoio às associações?

Há desigualdade no apoio às associações e há aqui uma forma directa de compra de votos. Haver presidentes de junta a comprar votos com base na compra de livros… como em Aveleda. Para isso não contem connosco. Isto é uma república, não é uma monarquia e com a CDU não há clientelismo, amiguismos, não há engenheiros a dizer às pessoas que não sabem bem se a responsabilidade é da junta ou da câmara. Isto não faz sentido.

 

Há uma monarquia do PS em Lousada.

Não tenha a mínima dúvida. Então, como o é que o doutor Pedro Machado foi lá parar? É uma monarquia quase clerical porque teve que receber a bênção do senhor Jorge Magalhães. É mesmo isso que se trata.

Uma das ideias que defendem passa por recuperar edifícios degradados no concelho. Quais é que seriam as vossas políticas nesse sentido?

Há um edifício, bem perto da câmara municipal, um mamarracho que está por resolver há uma série de anos. Fiquei muito contente porque puseram lá uma faixa. É uma nova moda que o PS inventou. Não é só aqui Lousada. “Há aqui um mamarracho. Pomos aqui uma faixa a dizer que isto vai ser resolvido”. Quando vir acreditamos e depois queremos saber as contrapartidas e, se estivermos na câmara e na assembleia, vamos saber que contrapartidas é que houve. Às vezes bons negócios são maus negócios.

 

Existem muitos edifícios degradados no concelho?

Existem muitos. Alguns nem se sabe se são prédios rústicos ou urbanos. Naqueles que são os prédios urbanos, que têm a ver com pessoas, a intervenção da câmara tem sido nula.

Também do ponto de vista de crescimento de Lousada, sabemos o que foi mal feito. Basta olhar para o centro de Lousada e ver tanto dinheiro que alguma pessoa aqui ganhou, tanta especulação imobiliária para não se respeitar as quotas que deviam estar definidas… Se formos para fora do centro, há inúmeras casas degradadas, algumas em perfeitas ruínas, e, aí sim, compete à câmara e compete na fiscalização dos próprios terrenos.

No que diz respeito rústico, também há quatro anos ouvimos o senhor Pedro Machado e senhor Leonel Vieira, que eram os nossos adversários, como são hoje, a dizer que ia haver uma política de limpeza dos prédios rústicos e baldios.

É preciso ser sério, é preciso dar com o punho na mesa se for preciso para defender o nosso povo e a nossa terra. Não temos visto isto.

Que é outra das vossas bandeiras.

Não vi nada. Quem mente e rouba uma vez, mente e rouba para sempre. Estes já mentiram. Vamos votar em mentirosos? Em gente que não cumpre, que não é honesta, que não é competente. O senhor Pedro Machado passa muitas horas dentro do gabinete, deve estar fazer coisas que não são importantes. As importantes estão consubstanciadas nos nossos 24 pontos do programa eleitoral. Passou 25 para 24 porque a descida do IMI, proposta da CDU, passou mesmo sem termos eleitos. A CDU foi a primeira força política a propor isso.

É preciso ter visão, ter capacidade, não ter medo, não estar comprometido e há gente que está comprometida. Se o actual presidente da câmara tem uma relação quase filial com o senhor Jorge Magalhães, se o senhor Jorge Magalhães é o mais que ‘posso e mando’ da zona. O senhor Pedro Machado não está à vontade. Claro que não estão em causa as características pessoais, humanas e técnicas. São as características políticas. É preciso ser sério, é preciso dar com o punho na mesa se for preciso para defender o nosso povo e a nossa terra. Não temos visto isto. De vez em quando vai mais uma festinha para ver se distrai a rapaziada e a falta do saneamento… Isto não é resolver a situação.

 

Diz que quer criar o Parque Biológico de Vilar. Esse espaço já não existe sob a designação de Parque Biológico de Lousada? O que propõe de diferente?

Isso é uma proposta que vem do tempo do nosso querido camarada Arnaldo Mesquita. O conceito de parque biológico é de um parque que atraia a população não colocando em causa a biodiversidade. Há espécies naquele parque biológico que deviam ser re-introduzidas e que não estão a ser. Tem de haver caminhos, que não seja à corta-mato, e os piqueniques, a ser feitos, têm de ser feitos nos sítios devidos por forma a não perturbar a natureza. Têm de haver pontos de observação, tem de haver um projecto integrado que possa ver os limnites do parque biológico de Vilar, que é outra coisa por resolver.

O que foi feito foi feito como aquelas obras que se vão fazendo. Não há planeamento. Não há uma intenção séria, recorrendo a gente que perceba disto, e é pena, que há belos exemplos no distrito do Porto. Pedro Machado podia ter falado com o seu colega de partido, de Vila Nova de Gaia, que tem dois parques biológicos, e perguntar “Como é que fizeram isto? A quem recorreram? Como é estudaram e planearam? Como é que concretizaram? Quanto é que custou? Que recursos humanos são precisos?

O Parque Industrial de Caíde de Rei está a fazer falta? Qual seria a política da CDU para captar investimentos para o concelho?

Lousada tem uma posição privilegiada que é prejudicada pelas acessibilidades. Está num nó, mesmo no meio de Santo Tirso, Paredes, Paços de Ferreira, Penafiel, Amarante, Felgueiras e Vizela. Lousada é nuclear. O caminho mais perto de Paredes para Felgueiras passa por Lousada. O caminho mais perto de Penafiel para Santo Tirso passa por Lousada. Mas andamos com vias circundantes. Deve ser por causa da falta de influência da rapaziada que anda na câmara.

Falamos em Caíde de Rei porque é um projecto para o qual foram feitas as infra-estruturas e, se houver capacidade de influência política e de atracção, Caíde de Rei tem condições extraordinários de acesso a várias auto-estradas e a vias estruturantes. Não faz sentido não capitalizar Caíde de Rei pela posição extraordinária que tem. O que é que estão a fazer os concelhos à volta? Estão a aproveitar a falta de capacidade de Lousada. Em todos eles estão a ser criados parques industriais na periferia de Lousada. Quem é o responsável por esta falta de capacidade?

Lousada está a perder a corrida da captação de investimento na região.

Lousada está a perder a corrida da captação de investimento na região?

Completamente. Ou começamos já nesse sentido ou cada dia que passa pior vamos estar.

 

Também defende a necessidade de despoluir o Rio Sousa. Não tem sido dada atenção suficiente ao rio?

Primeiro há que respeitar o rio. Houve zonas do rio que chegaram a estar parcialmente entubadas, o que não faz sentido. Ao contrário do que acontece com o Rio Ave, em que as pessoas vão para a comunicação social quando há descargas, aqui há descargas e as pessoas nem se queixam. Tal é o hábito.

Segundo, respeitar o rio é manter o seu leito normal, não é fazer desvios como alguns já tentaram. O acesso ao rio tem de ser completamente aberto, como a lei diz. Há tentativas encapotadas de o fazer e já esteve fechado. Foi a denúncia da CDU na altura que os fez abrir, mas já está novamente quase fechado, com uma passagem mínima para passar. Este tipo de condicionamentos em função do poder económico, não pode acontecer.

Quando falamos no rio, falamos também nos moinhos, os que ainda sobram. Uma das nossas propostas está nesse tipo de moinho que não é vulgar em Portugal. Achamos que aquilo é um tesouro. Não é aproveitado na perspectiva do turismo. É preciso mostrar o moinho às populações, aos miúdos das escolas primárias, aos turistas, e pensar num projecto no sentido da recuperação destes engenhos. Há que aproveitar as coisas belíssimas. O rio e os moinhos são desprezados. Há lousadenses que não conhecem o seu rio. Só pode ser porque não há promoção do rio.

Ao nível do turismo também pretende criar um museu, um centro de recreio e convívio e estimular a criação de mais unidades hoteleiras. É preciso fazer mais pelo turismo no concelho?

Lisboa anda a resolver os problemas que o turismo a mais lhe deu e anda a resolver outros problemas. Em Lousada não temos esse problema. A capacidade da câmara foi tal de atracção de turismo que não o temos. Como é que se pode ter turismo se não se tem onde receber os turistas. Mas é a todos os níveis. Temos petiscos fabulosos. A câmara devia fazer quase que um roteiro. Apostar na restauração, em alojamento, em campismo. Toda a gente quer fazer campismo em zonas rurais.

Queremos eleger. O mínimo dos mínimos é recuperar a nossa representação na assembleia municipal

Também já criticaram o facto de Lousada não ter uma verdadeira rede de transportes? O que defendem que é preciso fazer?

Se votarem na CDU, a câmara vai ter de assegurar o transporte a todos os miúdos até ao 12.º ano. Lousada pode ter quase um funcionamento circular. Não desprezo a ideia da câmara ter uma rede de quatro, cinco, seis autocarros, que assegurem, um ou duas vezes por dia, ligações fáceis. Este é um dos principais problemas da população de Lousada e dos idosos. A câmara existe para servir as pessoas. Têm meios e têm de olhar para quais são os principais problemas.

A câmara não pode fazer como a avestruz. Enfiar a cabeça na areia. Negociar com as transportadoras, criando preços razoáveis. Há um problema objectivo. Com a CDU, o nosso compromisso é que tudo faremos para desenvolver um estudo e aplicação da resolução dos problemas dos transportes, seja na base da negociação seja na base da implementação de um serviço próprio.

Visto que a candidatura que encabeçou em 2013 teve apenas cerca de 750 votos, qual o objectivo da CDU para estas eleições?

Eleger.

 

Eleger um vereador?

Eleger. Como sabemos, a entrada da outra candidatura altera, de acordo com o método de Hondt, a forma de contagem. Em Paredes, durante muito tempo, tivemos votações de quatro, cinco e seis por cento e de repente passamos para 40. Como diz o meu camarada Jerónimo de Sousa: isto é quando o povo quer. Nós lutamos a vida toda, o povo tem o direito de escolher quando é que vamos ser poder ou não.

Neste caso, não é ter ambição de ser poder. A cultura do clientelismo, a relação mercenária com muitas associações que é praticada pelo actual poder, a forma como é alienada grande parte da juventude, a massificação ideológica que é feita com aquela pequena caixa, em que se fala de tudo da mesma maneira, não falando do mais importante.

O mínimo dos mínimos é recuperar a nossa representação na assembleia municipal através de um ilustre lousadense, chamado Francisco Xavier Teixeira Pires que, enquanto lá esteve, no mandato anterior, foi decisivo para que um conjunto de propostas da CDU fosse aprovado. Um faz a diferença. Sem ele essas propostas não tinham sido feitas, mas o nosso objectivo é ir mais longe. É eleger mais do que um na assembleia municipal e lutar até ao fim, sabendo da dificuldade, para que um vereador da CDU na câmara obrigue os outros vereadores a cumprir a sua palavra.