A Associação de Pais da Escola Secundária de Ermesinde entregou, esta terça-feira, ao ministro da Educação, durante uma visita às obras da escola, uma carta em que criticam o “desvio” de cerca de 315 mil euros de verbas previstas para a reabilitação do estabelecimento de ensino para obras na Escola Secundária de Valongo. No documento dizem não perceber porque é que o financiamento previsto não é totalmente aplicado na escola quando esta continua a ter vários espaços a necessitar de intervenção, como o Bloco de Mecânica, o bar ou as quatro salas pré-fabricadas que funcionam há 20 anos.
Também os alunos da Escola Secundária de Ermesinde receberam o ministro com cartazes em que pediam a reabilitação da escola por completo.
Tiago Brandão Rodrigues deixou a promessa de que isso vai acontecer, mas realçou a importância desta primeira fase de intervenção.
“O importante é perceber que se esta primeira fase não tivesse sido feita ficava inviabilizada uma segunda fase da intervenção”
“Tivemos a oportunidade de fazer uma intervenção de 350 milhões de euros em 300 escolas de todo o país, nesta colaboração estreita com câmaras municipais, como neste caso com a Câmara Municipal de Valongo, que possibilita esta intervenção que era desejada e sonhada há mais de 30 anos na Escola Secundária de Ermesinde”, disse o governante aos jornalistas. “É importante termos mais de três milhões de euros investidos numa escola que precisava desta intervenção e tem aqui nesta primeira fase um grande salto em termos qualitativos para que o projecto pedagógico se possa concretizar em pleno”, afirmou.
O ministro da Educação deixou a garantia de que a escola “vai ser completamente reabilitada”, até porque toda a comunidade educativa, desde a associação de pais à direcção da escola, a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia e o Ministério da Educação querem essa segunda fase de obras. “Depois desta primeira fase, que vai fazer uma intervenção profunda em mais de 85% da escola e acautelar patologias que existem, estamos a preparar as condições para que essa segunda fase se possa fazer”, sustentou.
Data só há uma, a de conclusão das obras da primeira fase, prevista para Novembro. “Essa é a data importante. Depois, tendo em conta a reprogramação do Portugal 2020, é preciso começar a preparar a segunda fase necessária nesta escola, como o é ainda em várias escolas do país. O importante é perceber que se esta primeira fase não tivesse sido feita, se generosamente a câmara municipal não tivesse acedido ao apelo do Ministério da Educação, ficava inviabilizada uma segunda fase da intervenção”, alegou o governante, dizendo que foi preciso definir prioridades.
“Estamos aqui a ver concretizar algo que era sonhado e ambicionado. Agora já é sonhada essa segunda fase”, concluiu.
“Não podemos aceitar que haja alunos com tratamento de primeira categoria e outros com tratamento de quinta categoria”, diz associação de pais
A obra de requalificação da Escola Secundária de Ermesinde, com 1.500 alunos, arrancou em Outubro do ano passado.
Até aí todos estavam satisfeitos. Mas agora, a Associação de Pais da Escola Secundária de Ermesinde (APESE) viu parte da verba destinada às obras nesta escola desviadas para a Secundária de Valongo, uma situação que dizem não compreender.
“Por várias vezes o presidente da Câmara, José Manuel Ribeiro, disse que os 3,9 milhões disponíveis no mapeamento para a Escola Secundária de Ermesinde eram manifestamente insuficientes. Lamentavelmente, fomos informados pelo vereador da Educação que a Câmara de Valongo pretende desviar cerca de 315 mil euros destes 3,9 milhões para a requalificação de um estabelecimento escolar da freguesia de Valongo”, critica a associação de pais no documento entregue ao ministro.
“Eu não ponho em causa que a Secundária de Valongo precise do dinheiro, mas esse dinheiro era nosso. Os pais estão revoltados e não percebem como é que a escola dos filhos não vai ser completamente intervencionada”, sustenta a presidente da APESE, Manuela Queirós.
É que a escola, sustenta a associação de pais, continua a ter “um bloco de mecânica deplorável, um bar que serve 1.500 alunos, funcionários e professores com uma tamanho completamente desadequado, quatro salas pré-fabricadas que seriam provisórias há 20 anos com cobertura de fibrocimento”, entre outros. Manuela Queirós alerta ainda para a desigualdade que vai ser criada entre alunos já que uns “terão aulas em salas completamente reabilitadas enquanto os outros continuarão em salas com coberturas de fibrocimento onde o calor e o frio são insuportáveis, e em salas com o chão a aluir e com rachadelas enormes nas paredes”.
“Não podemos aceitar que haja alunos com tratamento de primeira categoria e outros com tratamento de quinta categoria”, alega a Associação de Pais, na carta entregue ao ministro.
A mesma instituição alega que não foi consultada pela Câmara sobre o desvio de verbas para a Secundária de Valongo, lamenta a posição da autarquia e contesta a moralidade da opção.
“Acreditando que haverá uma segunda fase de obras, a Associação de Pais da Escola Secundária de Ermesinde exorta o ministro da Educação a tomar as devidas diligências para que as verbas alocadas à Secundária de Ermesinde sejam, de facto, aplicadas nesta escola”, termina o documento.
“Estes 315 mil euros se não fossem reafectados iam para reprogramação e estavam perdidos”
Confrontado com as criticas da Associação de Pais, o presidente da Câmara Municipal de Valongo garantiu que a verba que sobrou no concurso não podia ser utilizada na Secundária de Ermesinde.
“A entidade que gere o aviso dos fundos comunitários, neste caso a Área Metropolitana do Porto e a CCDR-N, disse que não era possível afectar verba remanescente em trabalhos a mais. Deram-nos duas alternativas: ou perdíamos a verba e iria para reprogramar e para outra escola de outro concelho ou podíamos afectá-la a outra escola mapeada do nosso concelho. Nós informamos a escola e os pais e pegamos nessa verba que não podíamos aplicar na Escola Secundária de Ermesinde e aplicamo-la à Escola Secundária de Valongo”, explicou José Manuel Ribeiro.
Na Escola Secundária de Valongo, para a qual já tinham sido direccionados 100 mil euros para elaboração do projecto, a verba de 300 mil euros será aplicada para reparar a cobertura, que mete água.