A Associação Desportiva de Penafiel (ADP) comemorou os 25 anos no sábado, com novas ideias em cima da mesa. Uma escola náutica composta por desportos que não envolvam poluição e o paddle são as grandes novidades anunciadas pelo presidente, que está há mais de uma década à frente da instituição.
A verdade é que Henrique Silva não se lembra do ano exacto em que começou a sua presidência na ADP, mas sabe perfeitamente que resultou de um convite de uns amigos que “só falavam mil maravilhas” da associação, com muitas modalidades e atletas. “Eles sabiam que gosto de coisas assim. Quando disse sim e fizemos eleições é que vi as maravilhas, que eram só dívidas”, refere o professor da Escola Secundária de Penafiel, garantindo que “em colectividades como estas, de certeza absoluta que não há ninguém que roube, pode é haver má gestão e, se calhar, foi o que aconteceu, queriam dizer «Amén» a toda a gente e depois o dinheiro não chegava”.
Refere, por isso, que nunca se meteu “em grandes aventuras” e começou a cortar em vários aspectos, quer nos salários dos treinadores, quer na utilização das duas carrinhas que tinham, que “deixaram de andar ou raramente andam”, sendo uma delas apenas do voleibol, cujos atletas disseram que conseguiam pagar o concerto e o seguro e arranjar quem fizesse a revisão. Actualmente, utilizam as carrinhas da Junta de Freguesia de Penafiel.
“A ADP funciona por secções”, que eu vou chamando de departamentos e cada um vai gerindo a sua área (modalidade), tem autonomia. Para mim, é uma chatice que sou o presidente e não tenho poder nenhum, mas também não preciso”, sublinha, indicando que “o presidente está na modalidade que está fragilizada e que precisa de mais apoio ou, então, na perspectiva de inovação”. “Não nos metemos em coisas que não devíamos fazer. Podem comprar o que quiserem, arranjando dinheiro para isso”, afirma Henrique Silva que garante conseguirem fazer aquilo que pretendem, mesmo sem terem dinheiro suficiente.
Às 11 modalidades vão juntar-se mais algumas novidades
A natação e a patinagem são algumas das modalidades de fundação desta instituição. Conta que o local mais longe a que já viajaram foi a China, com os atletas da patinagem artística.
No sábado, dia em que a ADP comemorou os 25 anos, realizaram, então, um conjunto de actividades no local para dar a conhecer o espaço e a modalidade, com vista a captar atletas. “Eles ficam com os cavalos e nós com os atletas. A nossa perspectiva nunca é o lucro”, refere como sendo sempre esse o mote da associação.
Jiu jitsu mine, paddle e desportos náuticos são algumas das novidades para os próximos tempos. Quanto ao jiu jitsu, o presidente esclarece que a ideia surgiu de um “senhor belga que veio para Abragão e transmitiu a modalidade a um conjunto de pessoas, que vieram ter connosco para ter abrigo”.
O paddle surge como uma parceria com o ginásio Ideal Korpus, em que os atletas têm lá um desconto de 10%. O projecto já “está em marcha”, o terreno em Guilhufe já foi comprado e a modalidade vai começar “na próxima época”. Quem quiser jogar, terá de pagar, mas à ADP “interessam os atletas”. “É uma oportunidade para investimento no próprio concelho e na própria região do Vale do Sousa”, remata.
Escola Náutica da ADP – é este o nome que Henrique Silva refere como o próximo projecto da associação a implementar na zona de Entre-os-Rios.
O objectivo é sempre o tipo de desporto que não polui o ambiente, neste caso, a canoagem, a vela e o remo. “Temos de defender a saúde das pessoas. Estamos a ver o afundar deste planeta”, salienta.
Aqui já está assinado o protocolo com o parceiro, que é uma empresa de Matosinhos ligada à temática. “Eles têm os barcos, conhecem o mercado e outros atletas e ficam com o combustível que é o dinheiro, enquanto nós ficamos com os atletas”, conclui. No entanto, ainda falta ajustar alguns pontos com os bombeiros e só quando isso estiver fechado é que a ideia avança.
A Clínica Arrifana e Sousa, a Câmara Municipal de Penafiel, a Junta de Freguesia de Penafiel e a Escola Secundária de Penafiel são os principais parceiros da ADP. “Não interessa a cor política, interessa as pessoas, que são de confiança e merecem-na. Eles é que são políticos, aqui estamos mais preocupados em formar jovens para a vida, para a sociedade, para serem sobretudo pessoas felizes e de sucesso”, sublinha.
O sociólogo revela ao Verdadeiro Olhar que, pela primeira vez, fazem parte do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Penafiel Sudeste, cuja política desportiva passa por esta ligação estratégica à ADP.
“É uma sorte ser um indivíduo de 62 anos e eles quererem ter um presidente assim”
“Estou nas coisas que devo estar porque é a minha obrigação também fazer alguma coisa pela comunidade, não fosse eu um sociólogo. Portanto, não me falem em dinheiro, falem-me em fabricar jovens bons para a sociedade, para ter sucesso na vida, para conhecer as regras, que acho que isso é importante, o sentido da justiça, as normas, a postura, o que é correcto. Essas é que são as grandes vitórias”, destaca, de uma forma muito prática.
Henrique Silva acredita ser “uma sorte ser um indivíduo de 62 anos e eles quererem ter um presidente assim”. “Mas não comando tropas nenhumas, não tenho poder nenhum, porque cada um manda”, diz.
Nestes 25 anos da associação, Henrique Silva destaca que o facto de “cada um mandar no seu”, pode também ser uma dificuldade, já que é depois difícil juntar todos, por exemplo. “É uma ADP que tem realmente uns pés de barro. Basta um deles (de uma das modalidades) dizer que vai ficar com os atletas e criar um clube” – o que já aconteceu anteriormente -, explica.
“Não temos pavilhões, mas estamos nos pavilhões todos. Não temos nada, mas temos tudo que são os jovens, os atletas e esta fábrica que tem vindo a produzir pessoas válidas e úteis para a sociedade ao longo destes 25 anos, levando o nome do concelho a todos os cantos”, conclui.
No sábado, além das actividades na Quinta de Gatão, da parte da manhã, houve também, no resto do dia, outras ligadas às restantes modalidades. Foi feita também “uma homenagem póstuma àqueles que já não estão cá e que fizeram este trabalho inglório e que ninguém vê que é o voluntariado”. “Perdem-se domingos, dias da semana, anda-se com os miúdos para aqui e além, correm-se riscos”, aponta.
Entre os homenageados estiveram: O atleta Nuno Ferreira (patinagem artística); os técnicos Rui Carneiro (patinagem artística), Fábio Madureira (natação) e Ivo Pereira (futsal); Alfonso Mathys (ju-jitsu mine), representado por Bruno Silva; homenagem póstuma a José Manuel Brochado, Serpa Pinto (Voleibol), que foi representado, Catarina Serpa e Nuno Portugal (kickboxing).
Quanto a estabelecimentos de ensino, houve uma homenagem para o Agrupamento de Escolas de Sudeste de Penafiel, Escola Secundária de Penafiel, Agrupamento de Escolas Joaquim de Araújo, Agrupamento de Escolas do Pinheiro e o ISCE – Instituto Superior de Ciências Educativas.
Relativamente a instituições e organismos oficiais, foram homenageados: Clínica Arrifana de Sousa, Caixa de Crédito Agrícola, Idealkorpus, Quinta de Gatão, Junta Freguesia de Penafiel, Câmara Municipal de Penafiel, Junta Freguesia de Abragão e a Associação de Badminton do Norte.
Apesar das comemorações terem sido realizadas só no sábado, a ADP celebrou os 25 anos em 2018, já que foi fundada em 1993. Mas Henrique Silva conta que foi difícil arranjar um dia que desse para toda a gente e “depois houve um período em que houve azar, que foi em Outubro, quando veio aquele ciclone e obrigou a cancelar as comemorações e depois começou a época e já não fazia sentido”. Optaram por fazer, então, no final da época para a maior parte das modalidades, muito embora algumas delas ainda estivessem fora em competições.